Apesar da distância - os Old Jerusalem estão sediados no Porto - estivemos à conversa com Francisco Silva, mentor dos Old Jerusalem, desde a sua génese. Foi lançado o 5º álbum, sobre o qual já aqui se escreveu. Descobre mais sobre este projecto acústico muito interessante, e cada vez mais sólido.
5 álbuns em 10 anos. Como se mantém um projecto muito credível, com esta
regularidade, em Portugal?
Bom, logo à partida, mantendo um emprego paralelo, feliz ou infelizmente. Depois será uma mistura de gosto por fazer música, acasos felizes, dormir pouco e alguma insistência.
Dos 5 registos, há algum que seja o teu preferido ou do qual guardes melhores
memórias?
Preferido não posso dizer que tenha, e guardo boas memórias de todos (e algumas más, também, claro). Mas este último disco foi provavelmente o que teve um processo de concepção mais pacífico e fluido, pelo que é o que possivelmente melhor memória vai construir.
Por ser homónimo, este álbum representa algum ponto de viragem ou uma celebrada consolidação?
Penso que nem um nem outro. Não o sinto como um ponto de viragem, pelo menos notório, e a consolidação é, espero, um processo em curso, não terminado. O facto de o álbum ser homónimo não tem particular significado no que diz respeito ao momento no tempo em que a banda se encontra.
Qual foi a melhor coisa que já ouviste/leste sobre este projecto?
Tenho tido o gosto de ler/ouvir várias coisas boas sobre o projecto, mas não registei nenhuma em particular na memória que possa identificar como a “melhor” coisa que ouvi/vi associada a Old Jerusalem.
Concordas com os Kings of Convenience: “Quiet is the new loud”?
A expressão dos Kings of Convenience apanhou bem o “zeitgeist”, na época em que saiu esse disco parecia realmente que “quiet was the new loud”. Neste momento menos, talvez, há várias coisas que são o “new loud”, incluindo o... “loud”.
Achas que a música acústica está a regressar às origens?
Não sei dizer, e não tenho insight suficiente inclusivé para concordar ou discordar da afirmação. No entanto, tudo isto se move por ciclos, pelo que, se efectivamente a música acústica está num momento de simplicidade, não tardarão a aparecer uns novos Yes, Van der Graaf Generator ou Gentle Giant para a complicar.
Pela tua experiência,é preciso as pessoas conhecerem as músicas que estão a ser tocadas para que um concerto tendencialmente acústico seja um grande concerto?
Não, de forma alguma. Mas é claro que ajuda à percepção subjectiva sobre o que
está a acontecer e nesse aspecto pode melhorar a experiência do concerto.
No meio de todo um cenário negativo, será que Portugal tem alguma vantagem para quem faz música?
A resposta que de imediato me surge é “não”, mas isto das vantagens é muitas
vezes uma questão de perspectiva. Onde 99% das pessoas vê um cenário miserável,
haverá 1% de gente que identifica uma oportunidade única, por isso é bom não ser
definitivo neste tipo de apreciações. Não que Portugal seja um sítio miserável para
se fazer música, não é o paraíso mas está longe de ser um inferno.
Fala-nos de projectos musicais portugueses que julgues merecedores de destaque.
Há vários, refiro apenas alguns que por diferentes motivos estão mais frescos na memória, o que não significa qualquer desprimor por outros que não estão tão à frante na memória: Dear Telephone, Torto, Minta & The Brook Trout e as canções da Mariana Ricardo.
Para a divulgação deste álbum, já estão marcados concertos?
Sim, há alguns já marcados e outros prestes a fechar-se. Até ao final do ano vamos regressar a Porto e Lisboa e passar por Barcelos, Guimarães, Viana do Castelo e Espinho, além de vários showcases em lojas FNAC a norte e a sul. Podem acompanhar datas e agenda em www.oldjerusalem.net ou seguindo a página de facebook de Old Jerusalem.
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