sábado, 29 de agosto de 2015

TALENTOS PARA A TROCA #7

Mais uma edição de uma das rubricas de que mais gostamos e mais nos motivam, mais 5 tareias gigantes de outros tantos novos nomes para decorar ao nosso pequeno questionário de-Proust-que-não-é-de-Proust: Sr. Inominável, Acid Acid, The Missing Link, Surma e Yellow Low. Desta vez, 5 rampas de lançamento bem diferentes que estão mais próximas de vós a um mais curto prazo.
Porque estes são "Talentos Para A Troca", façamo-los maiores e tenhamos a certeza de que mais surgirão. 
São moedas de troca para um futuro em que haja eco de algo.


Sr. Inominável



Porquê Sr. Inominável?

A motivação para o nome é a criação de um personagem que procura respostas, sobretudo para o amor. 
Um agitador e um agitado. Partindo da obra de Samuel Beckett, 'O Inominável'.


Como definem a música que produzem?

Corpo 'roque' com alma 'pop'.



Qual é a vossa melhor canção?

'Corre Por Aí'.



Pensam que, hoje em dia, a música que criam é mais importante do que a comunicação e o marketing que têm de fazer para a promover?

A música é o principal. Trata-se daquilo que, para além da amizade, nos faz ter prazer em estar juntos.
No entanto, toda a divulgação e a forma como é feita para tentar sensibilizar, emocionar as pessoas não é menos importante.


De que revista não se importariam de estar na capa?

Pitchfork.



Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Primavera Sound.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Spotify.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Comprar discos.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura (literatura, cinema...) musical?

Cinema: 'Kynodontas' (2006).
Literatura: Dostoievski - 'Crime e Castigo'.
Musical: Festival de Paredes de Coura (sobretudo ao fim da tarde).



Qual é a pergunta mais irritante que vos podem fazer?

A clássica pergunta das influências.



5 canções para 5 cenários/situações diferentes?

Encaixando músicas em estações do ano:


Toro y Moi - Talamak: para a Primavera.

Real Estate - It’s Real: para o Outono.
Twin Shadow - Castles in the Snow: para o Inverno.
Beach House - Walk in the Park: para Outono/Inverno.
Metronomy -  The Bay: para o Verão.






Porquê, simplesmente, Acid Acid?

O nome surgiu após um 'brainstorm' com os amigos da Nariz Entupido. Aliás, foi a
malta desta promotora que me encorajou a tirar o pó aos instrumentos. Aceitei o
desafio para um concerto e de repente precisava de um nome. Não vou revelar a
origem de Acid Acid mas assim que surgiu na conversa acabou por ficar. Acaba por
representar a música que faço, aquilo que quero transmitir. Algo fluido, progressivo e
que cause, espero eu, uma viagem a um outro universo.

Como defines a música que produzes?

De forma muito simples defino como experimental e ambiental. É inspirada pelos sons
do psicadelismo dos anos 60 e 70 e também pelas experiências do 'krautrock', em que
muitas bandas alemãs aliaram o psicadelismo a novas forma de fazer música usando, por exemplo, electrónicas pioneiras. O resultado, no entanto, acaba por ser algo muito
próprio, muito perto da minha identidade como músico.


Qual é a tua melhor canção?

Neste momento Acid Acid só tem uma música, por isso não existe propriamente uma
escala de qualidade. Não lhe vou chamar canção porque é só instrumental com vários momentos que se entrelaçam. É um tema com meia hora, sem paragens e que
pretende criar uma viagem através dos diferentes sons de guitarra e sintetizadores.


Pensas que, hoje em dia, a música que crias é mais importante do que a
comunicação e o marketing que tens de fazer para a promover?

A música é sempre o mais importante e quem pensa o contrário, na minha opinião,
não devia fazer música. No fundo, é a música que vai comunicar aquilo que o autor
quer expressar e não o 'marketing'.
Claro que todos os músicos sentem uma necessidade em dar a conhecer o seu
trabalho. Não estou de todo a menosprezar a comunicação. Mas quando só resta a
música, tudo o resto não interessa.


De que revista não te importarias de estar na capa?

Prefiro não estar na capa de revistas.


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands?

Todos, por diferentes razões.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Sem comentários.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Gosto de ouvir música em vinil, mas não sou apologista de que toda a música deve ser ouvida neste formato. A música deve, sim, ser ouvida no formato mais aproximado em que foi gravada. Conheço óptimos discos que têm um som muito mau na sua edição em vinil, por isso não alimento essa questão.
No entanto, já sou contra o contínuo uso do MP3. É um formato antiquado que surgiu quando os computadores não tinham muito espaço. E quando surgiu foi perfeito, mesmo com a perda de informação. Foi necessário para a democratização da música. Mas hoje não faz sentido, dada a evolução dos PC's, portáteis e outras plataformas.
Ouvir música, de preferência, com a melhor qualidade possível. Mesmo que pelo meio tenha alguma 'batata frita'...


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura (literatura, cinema...) musical?

'Pink Floyd: Live At Pompeii' e o DVD dos Led Zeppelin que saiu em 2003.


Qual é a pergunta mais irritante que te podem fazer?

Não me irrito facilmente.


5 canções para 5 cenários/situações diferentes?

Pink Floyd - The Dark Side of the Moon (álbum): para curar ressacas.
Led Zeppelin - When The Levee Breaks: para sair do banho antes de rumar a uma noitada.
Brian Eno - I'll Come Running: para ir a correr ao encontro da namorada.
David Bowie & Brian Eno - Warszawa: para superar um momento menos bom no trabalho.
Talking Heads - The Great Curve: para ganhar coragem para fazer algo de desafiante.





Porquê, simplesmente, The Missing Link?

O conceito de The Missing Link (o elo perdido/o elo que falta)  assenta em dois princípios base:
- O de uma busca incessante da fusão de estéticas procurando encontrar novos limites na composição musical;
- O da senda pela quintessência interior e pelo elemento último transmutador de todas as emoções humanas através da música.
Isto tudo, de um meu ponto de vista muito íntimo e pessoal.


Como defines a música que produzes?

Como antes descrevi no conceito, a forma das composições do projecto pode variar muito, sendo muitos dos temas em formato canção e estendendo-se até alguns exercícios de puro experimentalismo. O mesmo diria quanto ao exercício estético onde os limites da composição electrónica ao 'rock' são constantemente confundidos.


Qual é a tua melhor canção?

Pergunta um pouco impossível de responder, dado que existem certas músicas que correspondem a certas emoções e coisas que vivi que não posso classificar de melhores do que outras. Claro que há temas que sinto que estão melhor elaborados do que outros, ou que este ou aquele aspecto do tema foram melhor conseguidos, mas a relação interior que tenho com cada uma das composições faz com que sinta em dias diferentes que umas canções sejam melhores do que outras.


Pensas que, hoje em dia, a música que crias é mais importante do que a comunicação e o marketing que tens de fazer para a promover?

Eu acho que o produto da arte em si é sempre o mais importante, aquilo que o artista quer transmitir e partilhar e efectivamente o faz através da expressão da sua arte seja ela qual for, [esses] são o busílis desta questão. A 'promoção' e o 'marketing' são muito importantes na sua promoção e muitas vezes produtos de arte em si só também, cada vez mais, num Mundo onde a proliferação da comunicação em todas as suas formas cria um ruído informativo cada vez maior e mais denso, a promoção e o 'marketing' adquirem a função de [ir] além de procurar apresentar da melhor forma possível esse produto de arte e necessitam de conseguir que essa promoção seja filtrada no meio de todo o ruído existente.


De que revista não te importarias de estar na capa?

Rolling Stone?..


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Entre o Glastonbury, pela história, ou o Lowlands, pelo crescente prestigio, seria sem dúvida um prazer estar em qualquer um dos dois; no Primavera Sound também mas, dados os hábitos de consumo de arte em Portugal, acredito que me seria muito mais fácil tocar no Primavera Sound depois de ter participado em qualquer um dos outros festivais.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Dos três, apesar de toda a polémica à sua volta, o Spotify parece, para já, ter sido o projecto que mais esforço tem feito em desenvolver alguma transparência no que diz respeito à gestão dos 'royalties' atribuídos aos artistas e daí talvez merecer o destaque. Parece-me um modelo de negócio com futuro mas que muito ainda precisa de crescer para se tornar um modelo justo para os artistas que têm visto durante os anos tanto do seu trabalho ser explorado por intermediários e onde apenas lhes chega uma fracção ínfima dos lucros gerados pelas suas criações. Mas, sem dúvida, o primeiro problema a resolver antes do paradigma dos meios de venda da música em si será o das percentagens irrisórias dadas pelas editoras aos seus artistas, pois as editoras criam contratos benéficos com estas plataformas mas os seus artistas nada ou quase nada vêem dessas receitas.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

A minha aposta aqui vai sem dúvida para o FLAC. O FLAC é um sistema de compressão de ficheiros de áudio sem perdas, o que quer dizer que é um ficheiro com as mesmas características de um WAV mas mais pequeno.
Pondo o MP3 de lado pois, na minha opinião, formatos de compressão nos quais a qualidade é comprometida em função do espaço ocupado é um paradigma do passado, onde o armazenamento era um problema a ter muito em conta nos suportes de áudio.
A questão do vinil ou do audio digital de qualidade CD (44000Hz; 16bit; stereo) é, normalmente, como também se ouvem os ficheiros em WAV ou FLAC; são todos eles representações de audio digital no formato PCM Linear (ou seja, o conteúdo da sua informação de áudio é armazenada de forma igual). É um terreno pantanoso onde o apego emocional e as sensibilidades particulares de cada um são muitas vezes confundidas com ciência. Em termos de especificações apenas, (isto partindo do princípio que estamos numa resolução de qualidade CD, pois tanto o FLAC como o WAV podem possuir resoluções maiores e aí a questão do vinil torna-se ainda mais clara) o vinil é inferior na sua capacidade de reproduzir dinâmica (Vinil 80dB-120dB; CD(16bit); 150dB) onde ainda é necessário contar com o seu natural e característico ruído de fundo e, apesar de ser capaz de reproduzir uma gama de frequências maior do que o CD, não tem a mesma margem dinâmica para cada uma dessas frequências devido a limitações mecânicas do sistema. Resumindo, o som do vinil é único e super agradável em muitos aspectos, em parte devido às suas limitações, todo o ritual associado à sua compra ao seu uso...são aspectos importantes a ter em conta na avaliação da experiência do seu consumo; mas o suporte digital sem compressão com perdas, como o WAV ou o FLAC e especialmente se falarmos em resoluções superiores às antes mencionadas, são sem a menor dúvida a forma mais fiel de tecnologia de armazenamento de conteúdo áudio que possuímos no momento.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura (literatura, cinema...) musical?

Gostaria de começar por destacar dois projectos de 'rock' nacional cuja recente experiência ao vivo me deixaram impressionados da melhor forma possível: os portuenses Plus Ultra, cujo nome não poderia ser mais claro na descrição explosiva e coesa do seu som; e os bracarenses Bed Legs com o seu 'rock' directo e intensamente 'soulful'.
Entre projectos electrónicos, que muito tem proliferado neste país, o trabalho das editoras Con+ainer e Extended (com as quais também tenho trabalhado e editado em outros projectos musicais um pouco mais electrónicos) têm mostrado que existe muita qualidade nacional tanto a nivel editorial como da produção musical.
De projectos internacionais que ultimamente me têm despertado o interesse: os The Brian Jonestown Massacre, com o seu álbum 'Revelations' de 2014, têm sido uma redescoberta saudável de um psicadelismo em mim de alguma forma escondido. Outro artista que merece atenção é o D’Angelo e o seu ultimo álbum 'Black Messiah': é uma revelação no que diz respeito a estender os limites estéticos do r&b e do 'soul', é um disco onde estes estilos se confundem muito bem com muitas outras estéticas, como por exemplo o 'rock', o 'funk' e o 'gospel'.


Qual é a pergunta mais irritante que te podem fazer?

Não me irrito com facilidade, mas talvez alguma que deliberadamente não seja feita para eu responder.


5 canções para 5 cenários/situações diferentes?

Vangelis - Blade Runner Blues: qualquer dia cinzento e chuvoso. 
Beck - Beercan: festa na praia com amigos.
Jamie Lidell - Little Bit Of Feel Good: em qualquer altura desde que bem acompanhado.
Atom ™ - Strom: em viagem.
James Holden - Blackpool Late Eighties: ao amanhecer.





Porquê, simplesmente, Surma?

O porquê de Surma...eu tinha imensos nomes em mente para este projecto mas houve um dia em que estava a ver um episódio da Discovery em que falavam dos costumes e dos rituais das tribos indígenas e uma delas denominava-se Surma. Quando ouvi o nome fiquei deveras interessada nele (risos), pareceu-me bastante interessante e que ficava no ouvido. Então, optei por riscar os outros e mandar-me para a frente com este nome.


Como defines a música que produzes?

A música que produzo...
Não gosto muito de dar 'labels' ao género musical que sai no momento...pode-se dizer que é bastante experimental/'noise' e um pouco minimalista mas ainda não sei em que género se enquadra especificamente nem consigo 'labelar' isso (risos)...


Qual é a tua melhor canção?

A minha melhor canção...hmm...essa pergunta é difícil, cada uma tem um significado para mim e são sempre construídas um pouco de maneiras diferentes. Mas talvez a 'Maasai', é a que fica mais no ouvido e é aquela em que estou a 'apostar' mais.


Pensas que, hoje em dia, a música que crias é mais importante do que a
comunicação e o marketing que tens de fazer para a promover?

Ambos os temas são importantes porque sem divulgação da tua música e sem 'marketing' da mesma não sais da cepa torta (por assim dizer). É claro que para mim a música que crio é das coisas mais importantes mas se não tens comunicação com as pessoas nem fazes publicidade do projecto é claro que não tens um conhecimento desse mesmo projecto nem sabes a opinião das pessoas em relação ao mesmo. A música que crio é das coisas mais importantes para mim mas a comunicação tem de estar sempre lá.


De que revista não te importarias de estar na capa?

Revista...
Não me importava nada de estar na capa da Blitz (risos) ou então de uma DIY.


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Festival dos meus sonhos para actuar...uiii! Desses 3 os 3 certamente (risos) mas o Primavera Sound é um dos meus objectivos (um dos meus grandes sonhos).


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Streaming...Spotify.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Formato de áudio...WAV e vinil.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura (literatura, cinema...) musical?

Sugestões...Para mim uma das melhores músicas actuais e que para mim é uma das principais influências é a Grouper, sem dúvida alguma...depois St.Vincent, Colleen, Nanome, Sleep Party People, Agnes Obel, Soley, Balam Acab. Em relação ao cinema, a banda sonora do filme 'Amélie' (não me venham com coisas mas aquele Yann Tiersen é um génio) e em relação à literatura a biografia de Miles Davis (fantástico).


Qual é a pergunta mais irritante que te podem fazer?

Pergunta mais irritante...hmm...não me vem nada agora, sou uma pessoa pacífica (risos) e perguntar não ofende, não é?


5 canções para 5 cenários diferentes
 
Grouper: para aqueles dias de chuva em que queres deprimir e comer gelado em casa a ver filmes.
Kings Of Convenience: quando vais dar uma volta de carro com os amigos e queres sentir aquele 'chill' de Verão a correr-te nas veias.
The KVB: para fritar quando estás em casa sozinho.
Joy Division: para quando te queres sentir 'hipster' e 'da cena' enquanto sentes aquelas danças Ianásticas a saírem dentro de ti sem te dares conta.
Run The Jewels: para soltares o 'badass' que há em ti e te sentires com o ego no máximo quando sais do Metro.





Porquê Yellow Low?

Entre alguns nomes que tínhamos, este foi o que nos soou melhor!


Como definem a música que produzem?

Pode enquadrar-se em vários géneros mas não toma partido de um em concreto. Inicialmente definimos o projecto como indie-rock que reúne o alternativo, progressivo e psicadélico mas está ainda numa fase embrionária para ser definida.


Qual é a vossa melhor canção?

A que ainda não foi feita!


Pensam que, hoje em dia, a música que criam é mais importante do que a comunicação e o marketing que têm de fazer para a promover?

Damos maior importância ao que criamos, é isso que nos move, que nos motiva!
A promoção só compensa quando o que tens para promover é bom.

 
De que revista não se importariam de estar na capa?

BLITZ, MOJO.


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Queremos é tocar.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Não utilizamos nenhuma delas de momento.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Vinil e WAV.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura (literatura, cinema...) musical?

Cinema: quase todos os filmes de David Lynch; '9$99', de Tatia Rosenthal; 'Irreversible', de Gaspar Noé; 'Mother and Son', de Aleksandr Sokurov.
Literatura: 'A Divina Comédia', de Dante.
'Performance': Olivier Sagazan (arte da transfiguração).
Música: Pink Floyd, Sigur Rós, Mogwai, Deerhoof, Mr. Bungle, Tame Impala, Queens of the Stone Age, Temples...


Qual é a pergunta mais irritante que vos podem fazer?

Depende da pergunta.


5 canções para 5 cenários/situações diferentes?

DIIV – Doused: adolescentes largados num lugar chamado Ignorância.
Tame Impala – Feels Like We Only Go Backwards: um relógio gigante em que os ponteiros, que são dois corpos (feminino e masculino), andam no sentido inverso.
Mogwai – Take Me Somewhere Nice: um lugar onde toda gente usa uma máscara sem emoções.
Sigur Rós – Vaka: meditação.
Pink Floyd – Shine One You Crazy Diamond: nascer com a certeza de que já se viveu antes.




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