sexta-feira, 24 de julho de 2015

THE BELLRAYS + PLUS ULTRA + THE LAZY FAITHFUL @ HARD CLUB, 17/7/2015 - REPORTAGEM

Há um dia na vida de qualquer pessoa em que somos quase forçados a redefinir algo que já está bem assente na nossa cabeça. Este dia chegou para mim.
Numa altura em que achava que nada me surpreendia a nível de concertos no Porto, eis que chegam os The Lazy Faithful, Plus Ultra e The Bellrays para me provar que estava errado, e ainda bem! Uma lição de rock 'n' roll foi o que os intervenientes deste evento deram - por isso, preparem os apontamentos para da próxima vez que estes Artistas (sim, com A maiúsculo) vierem tocar nos palcos da Antiga, mui nobre, sempre leal e Invicta cidade do Porto, ou em qualquer parte do país, poderem aplicar os conhecimentos.




















The Lazy Faithful. Os enérgicos portuenses que nunca se vão abaixo – nem mesmo com os problemas técnicos que fizeram parte do concerto. Talvez a única coisa que tenhamos a dizer de negativo (sem contar com os já referidos problemas técnicos) é a não colaboração do público naquilo que foi, a nosso ver, um espectáculo muito bem conseguido como desde sempre nos habituaram. Pudemos ver potência e energia por parte de todos os elementos da banda aliadas com um profissionalismo não habitual em bandas jovens e, para além dos temas mais conhecidos do álbum de estreia como “Two Lines in the Sky” e “Good Night”, conhecer temas ainda não lançados pela banda - os exemplos de “Queen Anne” e “Seal My Fate”. Este quarteto, composto pelo groove do baixo de Rafael Silva, a demoníaca bateria de Gil Costa, a hiperativa guitarra de João Ramos e o clássico roupão de Tommy Hogg - que não atrapalha a sua técnica e maturidade -, é o que é preciso na música portuense e portuguesa: uma “chapada” de rock 'n roll em constante evolução e à espera de dar o salto para os grandes palcos (o que, para nós, já devia ter acontecido).







































O que acontece quando três homens enormes de bandas igualmente gigantes se juntam? Isto. Uma nova abordagem musical a estilos como rock, stoner-rock e metal com uma pitada de insanidade que não deixa de se revelar como extremamente profissional, com todas as suas nuances. Gon (ex-Zen), Kinorm (ex-Ornatos Violeta) e Azevedo (ex-Mosh) levam mais uma vez a sua atitude e abordagem violenta ao mais alto nível. Uma execução notável, onde nem baquetas partidas pararam o espectáculo, leva o público ao rubro e a uma interacção bastante mais presente. Claro que esta interacção também se deve ao espectáculo dado por todos os membros da banda, sempre com o cuidado de chamar o público para mais perto, sem nunca perder o fio à meada. E, mesmo sendo uma actuação digna de grandes palcos por parte do conjunto portuense, somos levados a elevar Gon a um nível diferente: neste concerto, em que até se misturou com o público à procura de mais energia, Rui Silva mostrou-se como uma figura para não ser esquecida. Não nos lembramos de ver um frontman portuense com tanta atitude como a que o vocalista demonstrou: nota 20 para todos os membros, 21 para Gon.
Este concerto faz notar que a experiência e a dedicação são importantíssimos para a formação de qualquer músico. Mas t
udo isto nos leva a outra questão: onde estão os grandes festivais à procura dos Plus Ultra? Onde estão as salas cheias? Se calhar, há que dar mais confiança à música local...mas esta é só uma opinião entre milhares. Não é “bonitinho” de se ouvir, mas é a mais pura verdade em guitarra, bateria e voz.







Chega o cabeça de cartaz. O crème de la crème.
Lisa Kekaula e Robert Vennum nunca desiludem e desta feita – com Pablo Rodas no baixo e Maxi Resnikosky na bateria – deram a última aula de rock 'n' roll da noite. Tema: o verdadeiro espírito do rock. É verdade que os The Bellrays sempre se revelaram como uma aliança perfeita entre o soul e o rock, fazendo dos seus concertos uma festa para todos e não propriamente algo fechado mas, à semelhança de outros concertos, nota-se que há um profissionalismo diferente das bandas portuguesas (não que estas não o tenham) que marca a distinção desta banda americana entre as três da noite.
Dado tudo isto, não ficou aquém das expectativas. São quatro músicos vindos de outro Mundo que nunca, mesmo nunca, param de dar espectáculo e de testar a resistência do público ao máximo. Tal como anteriormente, onde um amplificador de baixo não correspondia e uma baqueta não durou completa até ao fim do show, aqui foi Robert Vennum a ficar sem uma corda da sua guitarra e, como não podia deixar de ser, a nunca parar de tocar. Quanto ao público, não deixou de entrar no espírito desta dança que até teve direito a bolo, a propósito do aniversário do baixista Pablo Rodas, e suou até não poder mais, entrando em quase delírio quando os californianos brincaram, no bom sentido, com "Whole Lotta Love" dos eternos Led Zeppelin. 
A frase mais ouvida da noite foi "we are the Bellrays, and we are here to give you everything we got": sem dúvida Lisa, deram-nos tudo o que têm e nós como público apenas temos que agradecer e esperar que mais espectáculos destes cheguem ao nosso país. É uma máquina bem oleada do Mundo da música que merece os mais sinceros parabéns.

E assim concluímos a nossa aula de Rock 'n Roll 101. Parabéns à organização, que trouxe estes três magníficos grupos à cidade do Porto; parabéns às bandas, que nos deram tudo num evento em que podíamos ter correspondido mais como público; parabéns a Pablo Rodas, que fez anos; obrigado Pedro Soares – que me ajudou, sem saber, a escolher o título deste artigo; e um especial obrigado aos artistas portuenses que me fizeram não perder a vontade de ir a concertos na minha cidade. Espero que tenham apontado tudo o que tenham a apontar, porque não é todos os dias que temos uma aula como esta.



Texto de Sérgio Morais

Fotografias por Maria João Ferreira
(galeria completa em
facebook.com/bandcom)




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