quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

DUQUESA - "EP" (2014, NOS Discos)




Juntar uma pitada de Barcelos com uma imensidão de Verão e uma boa dose de pop descontraída. O resultado desta receita está à vista: nada mais nada menos que o EP homónimo de Duquesa. E quem se afigura sob este título nobiliárquico? Nuno Rodrigues, já bem conhecido pelo público português pelos The Glockenwise, que agora despe-se do rock n’ roll para nos oferecer seis canções bem carregadas de honestidade quotidiana, desenvoltura e inocência. 
Mais uma edição com o selo da NOS Discos, este curta-duração conta com várias participações de, entre outros, João Rafael Martins (colega de banda), Tojó Rodrigues (baixista dos Black Bombaim) e André Simão (la la la ressonance, Dear Telephone). 







Todas as faixas que constituem este "EP" são devaneios autobiográficos de Nuno que este considerou “não caberem em Glockenwise”, pelo que a sua sonoridade é mais “terra-a-terra”, solarenga e catchy.

São tempos felizes e estivais aqueles que nos ocorrem com “Times”, a primeira faixa que nos delicia com o cariz intimista da voz de Nuno, com a guitarra que parece dançar com a percussão e com os três que se fundem sob a forma de uma melodia castiça. 
Sem gelados não se faz um Verão e por isso continuamos a viagem à praia com “Ice Cream” - a fórmula repete-se e convida-nos a relaxar com duas ou três cervejas à beira-mar, apesar do solo de guitarra que tenta rebelar-se...calma, aqui é sempre verão, basta fechar os olhos.

Segue-se “True”, agora num registo de maior folia. Aqui, a guitarra consegue libertar-se melhor, sendo acompanhada por um delicioso assobio e um piano despretensioso e divertido. Apesar do que se possa pensar, Nuno não é um “Douchebag” e constatamos isso com esta faixa: é altura de a Duquesa baixar a sua guarda e revelar-se sensível e importado. Primeiras impressões à parte, esta é uma canção que cumpre o seu objetivo, cola-se ao ouvido, mexe o pezinho e até poderia pertencer ao reportório dos The Glockenwise.
“Boy” embala-nos para um fim que está próximo, deixando inteiramente a cargo do piano um instrumental simples e leve de um bom filho que à casa torna. “Abade Nation” é directamente dedicada à sua terra natal, Abade de Neiva, transbordando coolness e espontaneidade por uma guitarrada que nos leva às suas raízes barcelenses deste rapaz, transbordando “coolness” e espontaneidade. Nada de melancólico, portanto. Uma ode à família, aos amigos, aos vizinhos e aos tempos pontuais que lá passa.






Apesar de cumprir muito bem o seu papel em modo Glockenwise, Nuno Rodrigues poderá ter aqui uma porta aberta sempre que quiser enveredar por caminhos em nome próprio. O epicurismo pautado nesta meia dúzia de músicas contrasta ironicamente com a grandiosidade característica da nobreza e esse é um dos pontos fortes deste projeto a solo. Sempre que existirem saudades do Verão ou que a chuva chateie lá fora, estará sempre pronta uma Duquesa para nos receber no seu palacete modesto, onde a temperatura não desce dos 25 graus e existe todo um buffet de gelados.



Inês Martins




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