terça-feira, 20 de janeiro de 2015

TALENTOS PARA A TROCA #2

Estes são tempos novos. Tempos mais cinzentos para alguns, menos para outros.
A linguagem do hype já não existe, a antecipação intersecta o presente e o "agora" é uma exigência permanentemente insatisfeita.
O início de um novo ano já pouco certifica, para o melhor e para o pior: as surpresas e as desilusões multiplicam-se, desenvolvem-se, contraatacam-se por esperanças e novidades.
Mas estes são talentos para a troca: façamo-los maiores e tenhamos a certeza de que mais surgirão. São moedas de troca para um futuro em que haja eco de algo.
Conheçam um pouco melhor estes cinco. 


Sun Blossoms



Porquê, simplesmente, Sun Blossoms?

Porque o sol aumenta-nos os níveis de serotonina e faz-nos sentir bem; costumo sentir-me muito mais inspirado nessas alturas, é quando costumo escrever e a minha música acaba por ser um produto disso. Gostava de fazer as pessoas sentirem-se no melhor dia de Verão quando ouvem Sun Blossoms.


Como defines a música que produzes?

Não gosto de colar designações em música, mas se tivesse de explicar a alguém diria que é 'rock' 'dreamy' e um pouco preguiçoso.


Qual é a tua melhor canção?

Não sei, espero que ainda não tenha escrito a minha melhor canção. Estou mais interessado em saber a opinião de quem ouve em relação a isso, acho que o que se torna mais importante é a interpretação pessoal que cada um faz e a forma como se identificam com a música do que o que eu acho sobre elas. É muito difícil ter uma opinião sobre o nosso próprio trabalho porque nunca vai ser imparcial, sinto que sou demasiado crítico quando muitas vezes são coisas que não importam muito; ninguém quer saber se gravaste com a melhor qualidade de som de sempre ou não, boa música é boa música e deve ser apresentada da forma mais genuína.


Pensas que, hoje em dia, a música que criam é mais importante do que a comunicação e o 'marketing' que tens de fazer para a promover?

Acho que hoje em dia muitas bandas perdem mais tempo na divulgação do que na própria música só para terem aquela margem de 30 segundos em que alguém te ouve na 'net' e decide se vai ouvir mais ou não. Eu gosto de fazer música e é nisso que me concentro, é isso que é mais importante. Eu não ganho dinheiro nenhum com a música, se tivesse de perder mais tempo com divulgação e 'marketing' preferia fazer outra coisa.


De que revista não te importarias de estar na capa?

Não é uma coisa que ambiciono, não acompanho regularmente nenhuma revista.


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Nunca fui a nenhum mas acho que o Primavera costuma ter os cartazes mais interessantes.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Alguém usa Pandora ou Grooveshark?


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Cassete.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura musical?

Em termos de cinema gosto de Jodorowsky, o 'El Topo' e o 'Holy Mountain' são dos meus filmes preferidos. Além disso, gosto muito do '8 1/2', 'Gummo', 'Blow-up', 'Enter the Void', 'A Clockwork Orange', 'Scorpio Rising'... e a banda sonora do 'Five Summer Stories' feita pelos Honk também é muito boa.
Em termos de música há demasiado mas algumas das bandas que me influenciam são Velvet Underground, Brian Jonestown Massacre, Sonic Youth, Guided By Voices, The Clean e Further.


Qual é a pergunta mais irritante que te podem fazer?

Não há nada que me irrite muito, depende do contexto.


5 canções para 5 cenários/situações diferentes.

The Clean - Point That Thing Somewhere Else: andar na rua sozinho e sabes exatamente para onde vais.
Brian Jonestown Massacre - Telegram: desilusão.
Tomorrows Tulips - Free: amor.
The Growlers - Empty Bones: festa.
White Fence - Slaughter on Sunset Strip: adeus.



insch



Porquê insch?

insch é uma palavra que deriva de um termo céltico escocês, perdido no tempo, em que uma das suas interpretações é 'santuário' ou 'porto seguro', até mesmo 'ilha' ou 'terra firme' num sentido mais literal. E a música, esta banda, tem esse mesmo significado para nós, um porto seguro do que nos rodeia, o tal santuário para onde podemos ir e expressar as nossas emoções e criatividade.


Como definem a música que produzem?

Não é fácil responder a essa pergunta porque o não estabelecimento de rótulos nem fronteiras óbvias foi uma das poucas regras que definimos à partida. Diríamos que a melhor definição que podemos fazer da nossa música é a seguinte: intensa (nos 'riffs', nas distorções, na sonoridade), muito pessoal/biográfica (nos temas, nas letras) e honesta (tocamos essencialmente para nós e não procuramos receitas fáceis/de sucesso).


Qual é a vossa melhor canção?

Provavelmente a próxima que criarmos, também porque estamos a crescer como compositores e como banda (ainda não completámos sequer 1 ano). É muito difícil definirmos preferências porque o facto de não nos limitarmos musicalmente faz com que tenhamos músicas com sonoridades muito diferentes entre si, umas mais 'rockeiras', outras mais alternativas, outras ainda mais calmas e introspetivas. Não existe consenso, nem na banda nem entre amigos, o que tem acontecido é a preferência de cada um variar ao longo do tempo.


Pensam que, hoje em dia, a música que criam é mais importante do que a comunicação e o marketing que têm de fazer para a promover?

É e será sempre. Numa entrevista de 2013 ao Noisey, o Josh Homme (QOTSA) disse '[...] when you expect anything from music, you expect too much. You play for yourself, you play to enjoy it and you make the most of it, for you. period.'. Antes de mais, tem de vir a música. A comunicação e o 'marketing', naturalmente da maior importância, são complementos ao essencial: a música. Se o que criarmos não tiver qualidade, e por qualidade entenda-se 'o sentimento mútuo de estarmos a criar algo com intensidade e significado para a banda', não há 'marketing' que lhe valha. A música que produzimos será sempre mais importante que a comunicação e o 'marketing' que façamos, mesmo que signifique que nunca venhamos a tocar para mais de 50 ou 100 pessoas.


De que revista não se importariam de estar na capa?

Há poucas (risos)! Não nos importaríamos de estar na capa de revistas que fizessem um peça interessante sobre o nosso projeto, não necessariamente publicações musicais. Naturalmente, havendo possibilidade de escolha, gostaríamos que fossem as revistas que seguimos habitualmente, a Blitz, o NME, a Rolling Stone, entre outras. Mas até na revista do Expresso seria interessante, se fizessem uma edição dedicada a música, por exemplo. 


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

O curioso é que provavelmente cada elemento da banda iria para um festival diferente, dadas as referências e personalidade musical que cada um traz ao trio. O Migalhas (bateria) é mais 'pop', o Manel (baixo) é mais 'indie' e alternativo e o Tiago (guitarra e voz) é mais 'rock'.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Tradiio. É uma plataforma/app portuguesa de distribuição gratuita de música nacional, bom para se ouvir coisas novas. Os insch andam por lá!


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Objetivamente, pouco importa, desde que seja boa música, com o volume bem alto. Sentimentalmente, temos uma preferência clara pelo vinil (o Tiago e o Manel coleccionam vinis), há toda uma mística na 'sensação física de música' que um vinil carrega e que entretanto se perdeu com a digitalização da indústria. Não é por 'puritanismo do som' mas até pelo efeito oposto, o vinil é o formato que melhor capta o realismo e as imperfeições das gravações, os trastes da guitarra e até o som das palhetas nas cordas...enfim, os pormenores que tornam a música humana e não apenas retalhista do Pro Tools do 'autotune'. Mas andamos todos com o iPod no bolso, não sejamos hipócritas (risos).


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura musical?

Como referimos acima, (entre o trio) ouvimos estilos de música tão diversos e até mesmo 'divergentes' que as sugestões iriam de Chet Faker ao novo de FNM. A evolução de cultura que mais gostaríamos de ver acontecer seria a de as pessoas ganharem gosto/iniciativa a sair de casa para procurarem música nova e original, de bandas que tentam criar e expressar emoções próprias. É frustrante a dificuldade em encontrar mais espaços para tocar música original, estar sempre a ouvir 'é uma pena não tocarem uns covers'.


Qual é a pergunta mais irritante que vos podem fazer?

'Não querem cá vir tocar de graça, que assim promovem a vossa música?' (já tocámos várias vezes sem cachet mas é a 'chica-espertice' quase sempre inerente a essa questão que nos incomoda)


5 canções para 5 cenários/situações diferentes.

Deftones - Be Quiet And Drive: para abrir a pestana nos dias de mais sono, para dar aquela energia extra.
Nine Inch Nails - Right Where It Belongs: para nos motivar a sermos melhores, a lutar contra a hipocrisia e crítica que tantas vezes nos rodeia.
Silverchair - Emotion Sickness: para 'fritar' intensamente nos momentos tristes ou melancólicos.
Rage Against The Machine - Killing In The Name Of: para fechar uma boa noite de copos, com os amigos do peito, e fazer um mini 'mosh-pit'.
The White Stripes - Ball And Biscuit: quando te queres sentir poderoso e a pessoa mais 'cool' da sala.




bibi ross




Porquê, simplesmente, bibi ross?

Lembro-me vagamente de ter idealizado originalmente B.B. Ross e de ter deixado a ideia evoluir para Bibi. Ambos começam pela mesma letra do meu nome próprio, Beatriz, e sempre quis um nome que preservasse essa identidade que já me era intrínseca. Ross é simples e soou bem, de maneira que na sua totalidade acaba por me remeter para o universo do 'R&B', seja pela diva Diana Ross ou pela baterista da Beyoncé, Bibi McGill.


Como defines a música que produzes?

A música que faço é maioritariamente R&B e 'hip-hop', muitas vezes, melancólico, triste, e lento. É claro que há excepções, ‘I Belong To You’ é o melhor exemplo. As minhas letras, quase sempre auto-biográficas, podem também surgir de fantasias, histórias ou frases que acho que valem a pena serem cantadas. Tenho explorado vários lados mais alternativos, porque acho que a inovação parte do impulso de alterar o que 'está a ser feito'. Acima de tudo, penso que a minha música tem cor e substância. Pelo menos tento que tenha.


Qual é a tua melhor canção?

‘So Far’, até agora (lol).


Pensas que, hoje em dia, a música que crias é mais importante do que a comunicação e o marketing que tens de fazer para a promover?

A música que crio tem de ser boa e eu tenho que acreditar nela. Não posso promover um mau produto, nem um produto que não me diz nada. Enquanto estudante de Design de Comunicação, sei bem como a minha identidade/conceito e estratégia de 'marketing' são importantes para a promoção da minha arte. No entanto, sou da opinião de que excelente música sem qualquer promoção é melhor e bem mais importante (e de louvar) do que mediocridade publicitada por todos os lados.


De que revista não te importarias de estar na capa?

Billboard (e da Vogue, já agora). 


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Glastonbury. 


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Soundcloud.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Vinil. Mas vá, à falta do vinil, MP3.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura musical?

‘Decoded’, livro Jay-Z.
‘This is It’, documentário Michael Jackson.
‘Life Is But A Dream’, documentário Beyoncé.
‘Sister Act’, clássico.
‘Off The Beaten Track’, documentário Buraka Som Sistema.
‘8 Mile’, filme Eminem.
‘Revolt TV’, bom site de notícias do mundo 'hip-hop';
‘Soulection’, editora discográfica independente baseada em LA, faz tournées pelo Mundo, é possivelmente a melhor fonte de música de R&B alternativa do mundo, de momento;
‘YG Entertainment’, record company, e o 'K-Pop' no geral, é digno de caso de estudo, pela qualidade e enormidade da indústria musical asiática;
Por fim, ‘Dreamgirls’, para as meninas que querem ser cantoras.

Qual é a pergunta mais irritante que te podem fazer?

'Então, ainda cantas?', ou então, 'Porque é que não vais cantar aí a uns barezitos?'.


5 canções para 5 cenários/situações diferentes.

A$AP Rocky - Fashion Killa: andar na rua com alto estilo, 'sunglasses on'.
Dire Straits - Boom, Like That: viagem num carro descapotável com os cabelos todos a esvoaçar.
Rich King - Freedom: experimentem pôr esta música a tocar se estiverem no avião, as nuvens por baixo e um sol radiante, é mágico prometo.
DJ Khaled - I’m On One: in the cluuuuub!
Jill Scott - When I Wake Up: o meu despertador.



Só mais uma:

PARTYNEXTDOOR - Persian Rugs:
 para aquela noite sensual com alguém especial, you know...




Ekco Deck



Porquê Ekco Deck?

É uma forma de catalogar uma parte do nosso trabalho ligado à musica de dança electrónica. Remete para a ideia de recolha de 'samples' ou 'loops', que é a base deste trabalho.

Como definem a música que produzem?

Techno.


Qual é a vossa melhor canção?

Normalmente é a última que fazemos. 


Pensam que, hoje em dia, a música que criam é mais importante do que a comunicação e o marketing que têm de fazer para a promover?

Há boa música e há bom 'marketing': são assuntos distintos, ambos importantes.


De que revista não se importariam de estar na capa?

Revistas de música e Correio da Manhã.


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands? 

Os três, claro, e se possível o Burning Man.


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Só experimentámos o Spotify.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

Preferimos não usar MP3.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura musical?

Música: The Caretaker.
Cinema: 'Stranger by the Lake', de Alain Guiraudie. 



Qual é a pergunta mais irritante que vos podem fazer?

'Porquê Ekco Deck?'


5 canções para 5 cenários/situações diferentes.

Phillipe Manoury - Dickinson Studies: para ouvir em casa no sofá, volume quase no máximo, até deixar de ouvir discussões do apartamento de cima.
The Shaggs - Philosophy Of The World: ao acordar e desligar logo.
Aphex Twin - Circlont6A: num 'sidecar' a caminho da praia, no Inverno.
OM - At Giza: encostados de castigo a um canto.
Ekco Deck - Flagpole: em qualquer altura (um dos temas do EP de estreia com edição para breve).





Crude



Porquê Crude?

Por ser multilingue, porque nos lembra energia, fósseis, passado e presente e também pelo seu outro significado não energético: cru, não polido. 


Como definem a música que produzem?

Restos de organismos com milhões de anos a serem queimados libertando 'rock' e psicadelismo para a atmosfera.  


Qual é a vossa melhor canção?

Poderíamos ir pela resposta fácil e dizer que é aquela que ainda não compusemos. Até pode ser verdade mas falando do que já existe, a 'Datura', uma música que já apresentámos ao vivo mas que ainda não gravámos.


Pensam que, hoje em dia, a música que criam é mais importante do que a comunicação e o marketing que têm de fazer para a promover?

Pensamos que no fundo são coisas indissociáveis e que cada vez mais se sobrepõe a forma ao conteúdo. Gostamos, no entanto, de acreditar que a música é o mais importante e que sem ela não haveria nem comunicação nem 'marketing' para promover algo que não existe. 


De que revista não se importariam de estar na capa?

Da Oil & Gas Journal, ser capa da revista da Galp ou sonhando mais alto, ser capa da Shell ou da BP. Não obstante, e sendo mais terra a terra, não nos importaríamos de ser capa da Terrorizer ou da Revolver. 


Primavera Sound, Glastonbury ou Lowlands?

A resposta varia conforme cada membro da banda mas qualquer um destes seria uma grande experiência. Unanimemente teríamos de optar por um que não consta na pergunta: Roadburn. 


Spotify, Pandora ou Grooveshark?

Sharknado.


MP3, FLAC, WAV ou vinil?

K7 só para sermos 'trendy'. Na realidade apreciamos os quatro formatos cada um à sua maneira:
 - Vinil pelo 'vibe' e qualidade de som.
 - WAV pela qualidade e por ser o 'standard' em estúdio.
 - FLAC porque soa  maravilhosamente sendo mais prático que o WAV.
 - MP3 porque apesar da perda de qualidade é extremamente portátil.


Que nem o Prof. Marcelo, sugestões de cultura musical?

3 sugestões musicais:
 - Such Hawks Such Hounds
 - The Rocky Horror Picture Show
 - Pink Floyd: Live at Pompeii


Qual é a pergunta mais irritante que vos podem fazer?

Todas as perguntas acima feitas. Ok, agora sem brincar, qualquer pergunta que vise distrair da música que fazemos e se foque em algo que não nos interessa. 


5 canções para 5 cenários/situações diferentes.

Clemente - Vais Partir: cavalgar nas auto-estradas.
Ana Malhoa - Tá Turbinada: lutar contra a guerra. 
Sleep - Dragonaut: vegetar.
Fela Kuti - Expensive Shit: comer.
Led Zeppelin - Rock n' Roll: beber.








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