sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

BIG RED PANDA - "Big Red Panda" (2014, Ed. Autor)




Os Big Red Panda apresentam-se como um conjunto de amigos que se juntaram em 2013 com o objetivo de criar uma banda que reunisse todas as suas influências e gostos musicais similares. Alguns dos coletivos que contribuíram para o léxico musical explanado por esta banda de Ponte de Lima incluem os Pink Floyd, Tool, Tame Impala, Kyuss, Causa Tui ou Red Fang. "Big Red Panda" é também o título do EP de estreia deste monstro que se afigura como uma adição de peso e qualidade à música feita em Portugal - pelas influências citadas, é fácil perceber que a banda não tem receio em arriscar.





É, de facto, impressionante a solidez demonstrada e o fio condutor criado partindo de estilos que podiam, à primeira vista, suscitar algumas sobrancelhas franzidas. Como se isso não bastasse, temos a impressão de estar em plena sala de ensaios ao longo dos cerca de 50 minutos de duração do EP. Tudo parece ser uma grande jam session gravada in loco num ambiente descontraído mas nem por isso menos competente, muito pelo contrário. Há aqui, por isso, um conjunto de temas de qualidade inquestionável e capazes de nos agarrar até ao fim, desde o melodioso e atmosférico “Backbone”, passando pelos momentos puramente psicadélicos de “Still Moment” ou “Brain Mapping”, pelo groove presente em “Miles Davis” e “Alligator” ou pelo experimentalismo patente em “Centopide” e “Wavering”, há muito para explorar e assimilar. 




Não é de todo errado afirmar que os Kyuss fazem-se ouvir ao longo de todos os temas, imprimindo, assim, o selo stoner-rock ao registo: contudo, o art-rock de uns Tool, as melodias de uns Pink Floyd ou o progressismo de uns Mars Volta são evidentes em várias alturas do disco. A salientar, igualmente, fica a matriz claramente instrumental evidenciada no disco onde as vozes surgem em apenas um par de temas, o que é natural num álbum claramente experimental.

Entre riffs  viciantes, ambientes atmosféricos, agressividade q.b. e, acima de tudo, um groove que parece não acabar, estão aqui todos os ingredientes de um perfeito exemplo de como produzir um disco de estreia capaz de permanecer nos tímpanos durante muito tempo. Sem dúvida, algo a conhecer!

Hugo Gonçalves




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