sexta-feira, 28 de novembro de 2014

FESTIVAL CELLOS ROCK 2014 - Reportagem



O Cellos Rock 2014, festival que teve a sua primeira edição em 2002, aconteceu neste fim-de-semana de 21 e 22 de Novembro novamente em Barcelos, uma cidade que há muito já adquiriu como epíteto a música. Mal se chega ao Circulo Católico dos Operários de Barcelos (CCOB) sente-se toda essa aura. As pessoas, na maior parte dos casos, têm o mesmo tema de conversa: projectos que estão a surgir e o próprio festival. 


Dia 21






No primeiro dia tivemos JIBÓIA a abrir, que não nos para de surpreender. Desta vez, com ele trouxe toda uma magia visual com projeções hipnotizantes que nos desviavam os olhos anteriomente postos apenas em palco. E, à segunda música, Ana Miró, também conhecida como Sequin, antecipava a sua presença nesta noite que é, todavia, já assídua nos momentos de Óscar Silva. Em destaque estava o novo EP, "Badlav", mas ainda tivemos tempo para dar um pezinho de dança com outras canções menos recentes no meio de uma bela maneira de começar um festival, do imaginário da arte oriental restaurado em efeitos visuais incríveis consoante as frequências rítmicas a uma harmonia dançante que todos poderiam experimentar.






Dos momentos anteriores em que Ana Miró acompanhava puxava pelo micro numa tentativa bem-sucedida de animar os presentes rapidamente tudo se passou, com o público a manifestar-se de acordo, e transformou-se para Sequin, o seu projeto a solo. Foi um concerto sem surpresas mas diferente daquele a que estamos habituados: foi mais intenso mas mais difícil de promover uma reacção do público, principalmente com problemas técnicos pelo meio e também sem estar presente o baixista que a costuma acompanhar. Mas também quem espera sempre alcança e, lá para o fim, já a energia própria de "Beijing" acostumava todo o público ao porquê de, mesmo com os percalços desta noite, de se falar muito em lantejoulas nestes últimos tempos.





Entretanto, Sequin sai do palco e toda a gente aproveita para ir beber um copo ou fumar um cigarro sabendo o que se seguia: a apresentação ao vivo de um dos álbuns mais surpreendentes de 2014. É pelos Sensible Soccers que 8 é um número tão automático no pensamento de todos os olhos que brilhavam naquela altura e nos movimentos quase prontos para explodir quando soasse o primeiro beat. Aproveitando os momentos iniciais e introspectivos de “Fornelo Tapes vol.1”, tudo explode quando o assunto são os pontos altos do LP de estreia, como “AFG”, tudo culmina no indescritível e na pouca reação a tanta coisa incrível ao mesmo tempo. Com o objectivo de pôr 100% do público a dançar suplantado na perfeição, foi mais uma oportunidade de os Sensible Soccers provarem a sua força no final da primeira noite de Cellos Rock completamente preenchida e sem bilhetes para vender.


Dia 22  




Mudam-se os estilos mas não se muda a boa disposição do dia anterior.
O primeiro concerto é de Duquesa, projeto a solo e aparte de Nuno Rodrigues dos The Glockenwise locais, como tal indicam a apresentação singular, melancólica/amorosa ao início e a diversidade que a banda de suporte vai introduzindo a partir do meio de "Ice Cream". Uma boa e criativa demonstração de como se faz quando se está em palco para tocar e cantar cantigas de amor e que o indie-folk ajudou a não precisarem de ser foleiras. E mais, a surpreenderem-se e a tornarem-se estados de espírito, em boa acção e comunicação perante o público, também dando graças, claro, à(s) experiência(s).






De seguida, os Dreamweapon. Senhores do Porto que brindaram ao kraut-rock com um psicadelismo subtil ao ouvido suportado por um baixo incrivelmente alto, uma bateria a acertar com tudo e umas guitarras a viajar espaço fora sem fronteiras. Mais: pareceu que o concerto nunca parou numa faixa de tão pouco tempo, mesmo o necessário para que se enchessem os telemóveis com este nome. Dentro de uma bela experiência, interna e solitária, de contemplação do que se ouvia no meio de pouca luz, há a segurança de que só temos disponível um EP que não mostra todas as suas qualidades.






E que dizer do último concerto, dos Black Bombaim de regresso a Barcelos para terminar o Cellos Rock deste ano? Tivemos de tudo, desde a “Side B” do mítico “Saturdays and Space Travels” a este ultimo “Far Out”. Guitarra a criar rumos, um baixo a criar fronteiras e uma bateria a dar a ordem a toda esta conjunção psicadélica que soou tão bem como sempre soa. Pessoas que não se continham ao poder dos riffs e até para o palco tentaram ir, que não queriam deixar ir mais uma edição do Cellos Rock.
Os 
Black Bombaim são uma parte importante da história da música em Barcelos e reparou-se bem o quanto o público se rendeu, o quanto esta comunhão foi, de novo, incrível e mais que perfeita por entre pessoas de todas as idades, algumas que viajaram de propósito para que, tal como quis quem organizou, tudo funcionasse dentro das normas e deixando a dica para voltar para o ano.
Foi certamente um bom fim-de-semana.


Texto por Marco Duarte

Fotografias por Pedro Gonçalo Costa
(galeria completa
em facebook.com/bandcom)




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