quarta-feira, 10 de setembro de 2014

KILLIMANJARO - "Hook" (2014, Lovers & Lollypops)




3 anos depois do homónimo EP "Killimanjaro", surge o primeiro LP da banda de Barcelos intitulado "Hook". Se o registo precedente editado em 2011 já nos tinha deixado muito boas indicações, "Hook" só veio confirmar o que já se tinha pressentido. 
Mais do que (mais) uma confirmação de que a Lovers & Lollypops está quase em todas, de que ainda há rock genuíno, sentido, e vivido com paixão em Portugal, este álbum veio dar uma chapada a todos aqueles que ainda ousam dizer que “no tempo deles é que era”. Uma chapada com a mesma força que recebi quando os vi pela primeira vez ao vivo, mesmo depois de já ter ouvido "Killimanjaro". 




Nas 8 faixas, há rock para todos os gostos, simples e eficaz, com riffs agressivos e acertados. A voz de José Roberto Gomes continua potente e a cheirar a whisky, a bateria a martelar a violência impulsionada pela voz do líder (ou o contrário) e a guitarra a dar-nos as últimas punhaladas. Um rock “à antiga” feito para os amadores do género, que tanto apreciam uma malha mais diletante como “Drowned” como um tema mais aceso como “New Tricks/Old Dogs”. 
Em “Howling”, a sensibilidade artίstica, criativa e a versatilidade da voz de José Roberto Gomes são elevadas ao máximo, propondo um lado mais melancólico, emotivo num dos temas mais intensos e também um dos mais longos. Já na faixa que dá o nome ao álbum, imagina-se a força ainda maior que ela deve ter quando é tocada ao vivo – sim, convém imaginá-la porque parece impossίvel ela ter ainda mais força ao vivo do que no disco.
”Shortie” segue precisamente nessa via, mesmo que a violência aqui ganhe maior relevância, nunca sendo porém excluίda a veia dançante. Porém, a balada “Seventeen” serve, quanto a ela, de ansiolίtico pós-festa. A guitarra, o baixo e a bateria tornam-se mais lentas, aéreas: uma malha instrumental na qual mal intervém o vocalista do grupo.
“Damselfy” e "December" fecham o registo novamente a alternar entre o rock mais em bruto e o mais punk e gingão, com livre voz para os voos dos riffs e fecha um trabalho compacto, coerente e, acima de tudo, vivo.






Um regresso em cheio de uns Killimanjaro cujo trabalho do vocalista não é em nada facilitado pela dureza e potência dos diversos instrumentos impulsionados pelos restantes elementos da banda, que o obrigam a superar-se a si próprio para poder oferecer este resultado brilhante, cheio de garra, tanto em espectáculo como no estúdio. Não se sabe bem de que tempo se fala em língua nostálgica, mas não é de certeza aquele onde abundam jovens aos quais dar o controlo das operações não seja um risco. Estamos bem onde estamos. 

Mickaël C. de Oliveira




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