quinta-feira, 14 de agosto de 2014

NICE WEATHER FOR DUCKS - Entrevista

Os Nice Weather For Ducks não abrandam na promoção de "Quack", o disco de estreia lançado há 2 anos, e já têm regresso marcado a Espanha para fazerem parte do cartaz do Festival Europa Sur. Com a Europa cada vez mais perto - e não é de espantar dada toda a luminosidade que emana de cada vez que se vêem em formato acústico ou eléctrico - achámos indi(e)spensável colocar-lhes algumas questões quando um segundo disco de originais já se perspectiva, embora sem data confirmada. Bons tempos para patos, e não só, sobretudo quando Leiria consta do respectivo cartão do cidadão. 





BandCom (BC):- À partida, a palavra “originalidade” é a que melhor define os nomes que escolheram para a vossa banda e para as vossas faixas. Difícil de descrever e de reduzir a um único género musical, interessa-nos saber como decorreu o processo de composição e de finalização do disco e qual foi a trama.

Nice Weather For Ducks (NWFD): O processo de composição foi bastante tranquilo, levámos algumas ideias de casa para a sala de ensaios nas quais fomos trabalhando e, no fim dos ensaios, geralmente, juntávamo-nos à volta duma mesa e escrevíamos as letras em conjunto. Fomos tocando durante cerca de um ano e antes de irmos para estúdio tínhamos 12 músicas, das quais escolhemos 10 para figurarem no álbum. 


BC: “Quack” é um disco de descrição de viagens já realizadas ou por realizar?

NWFD: “Quack” é o início de uma viagem, não sendo necessariamente uma viagem física. “Quack” também pode ser uma esponja, que pela sua natureza, absorve coisas.


BC: “Quack” já é de 2012 e ainda o andam a tocar ao vivo este ano sem um sucessor anunciado. Em que fase do desenvolvimento de um novo disco (se ele vai existir) se encontram actualmente?

NWFD: A próxima fase é espremer a esponja. Estamos ainda em fase de composição e a ideia é aproveitar o que de melhor havia no “Quack” enquanto exploramos uma série de sonoridades novas.


BC: Que banda portuguesa mais vos influencia ou, pelo menos, ouvem em casa, no carro, no mp3?

NWFD: Provavelmente os Allstar Project. Vimo-los vezes sem conta e decidimos que queríamos ter uma banda que fizesse as pessoas sentirem-se como nós nos sentíamos nos concertos deles.


BC: Qual foi o ponto mais determinante na vossa carreira?  O convite da Optimus Discos?

NWFD: Um bacano que nos viu ao vivo pela primeira vez e decidiu criar uma editora. Falamos do Hugo Ferreira e da Omnichord Records, claro.


BC: O vosso disco “Quack” foi bem recebido, logrando várias críticas positivas, inclusivamente uma na revista francesa Les Inrocks. Qual foi o impacto desse artigo na vossa carreira? Como o receberam?

NWFD: Na altura ficámos bastante surpresos, mas orgulhosos, claro. Fomos todos ao café beber uma cerveja para comemorar e depois nunca mais nos lembrámos disso até à semana passada.


BC: Notámos que a maioria das reviews e dos artigos escritos na Les Inrocks sobre bandas portuguesas são de dois lusodescendentes, o que já provocou nalguns leitores a sensação de que esses jornalistas defendem mais a “prata da casa” do que a qualidade musical. Acham que seriam feitas essas críticas se os jornalistas fossem, por exemplo, bretões e falassem de uma banda bretã?

NWFD: Por acaso ainda não tivemos oportunidade de conhecer os autores dos textos mas o espírito latino é tramado para essas coisas. É como reparares que lá a imagem é de uma banda mas quando transpõem o artigo vão buscar imagens de outras. Quando falam disso quase se ignoram os mais pequenos ou os que não são das duas cidades grandes. É a lei do mercado. No entanto para quem vê de fora não há receio de falar de algo que não seja da capital ou do Porto. Isso denota interesse, curiosidade e pesquisa. E nós ficamos contentes, ainda que a foto já não nos favoreça muito.





BC: Curiosamente, e pegando novamente no exemplo francês, todos os artigos sobre fado têm sido sempre escritos por jornalistas franceses, sem raízes lusas. Será que os franceses, e até outros povos, continuam a reduzir a música portuguesa apenas ao fado?

NWFD: E vão continuar a reduzir enquanto não houver um apoio sério e promoção ao que é feito em Portugal. A nossa música independente ou alternativa está ao nível da melhor do mundo. Mas a que vem de lá de fora é que é fixe. Se não tivesse havido apoio de vários lados para exportar a Amália se calhar nem do fado falavam hoje. 


BC: Nem sempre sucede, mas vemos assiduamente os Nice Weather For Ducks em várias datas com outras bandas também de Leiria e da própria Omnichord Records, que chegou a lançar um split-CD vosso com os First Breath After Coma. É um ambiente saudável o que se vive entre a comunidade musical em Leiria? É um bom ambiente que se tem propagado à cidade ou ainda não?

NWFD: Era e é um “split”, mas em vinil, numerado, sete polegadas. Uma coisa mesmo bonita. O ambiente entre a grande maioria das bandas de cá é como um casamento poligâmico, só com as partes boas a manter a chama sempre acesa. 


BC: A compilação “Leiria Calling” de que fazem parte…já vai atrasada em relação ao boom musical de Leiria? Surge no momento certo? É representativa da Leiria musical neste momento?

NWFD: Se olharmos para o CD, que tem 14 temas, só há uma música com dois anos, três ou quatro do final do ano passado e o resto é tudo de 2014, foi mesmo no ponto.





BC: Já tocaram em festivais, em salas fechadas e até numa sala de estar num dos primeiros Sofar Sounds Lisbon. Onde se sentem melhor a tocar ao vivo?

NWFD: Gostamos de encarar um concerto nosso como se fosse uma espécie de festa de arraial. Mesmo em espaços mais intimistas, tentamos sempre que o público se sinta a vontade para poder dar um pulo ou outro ou mesmo um piropo. No fundo, o conceito é provocar uma reacção positiva para quem se desloca para nos ver, seja em que espaço for.


BC: O Luís também faz parte dos Team Maria e, independentemente de serem das mesma cidade, nota-se claramente uma semelhança em alguns momentos entre a sonoridade dos Nice Weather For Ducks e a dos Team Maria. Consideram que este facto pode ser prejudicial à diferenciação das duas bandas?

NWFD: 
Isto é Team Maria. Isto é Nice Weather for Ducks. Isto é um hamster num piano.
Mas bem, nunca pensámos muito nisso, mas cremos que a semelhança não seja assim tão significativa.


BC: Nestes últimos tempos têm aproveitado para também se mostrar ao estrangeiro, sobretudo em Espanha: já estiveram no último Monkey Week, vão estar na edição deste ano do Festival Europa Sur. O futuro dos Nice Weather For Ducks passa também por outros países? Sentem diferenças entre a recepção da vossa música em Portugal ou em Espanha, por exemplo?

NWFD: Temos tido oportunidade todos os anos de ir ao pais vizinho tocar, geograficamente esperamos que a “evolução” seja exponencial, depois da Península Ibérica que venha o resto das penínsulas e por aí fora. Sentimos algumas diferenças principalmente no idioma; no que toca ao objectivo em concreto de ir a um festival, a coisa funciona praticamente da mesma forma que aqui.


BC: Como receberam o convite para o FUSING Culture Experience? O que acham do conceito do festival? Foi mais fácil aceitá-lo por ser na zona centro?

NWFD: O FUSING é um festival que consegue oferecer muito mais do que música e que aposta a sério na produção nacional. É criativo, tem casa na praia e, olhando para o cartaz, está impecavelmente bem vestido. Por isso, como dizia o outro... o que isto precisava era de um FUSING a cada esquina.


BC: Que concertos deste festival aconselhariam e porquê? 

NWFD: Os manos First Breath After Coma, Sensible Soccers, Slow Magic, You Can’t Win, Charlie Brown, Capitão Fausto, Octa Push, tantos… vejam tudo o que conseguirem!


Mickaël C. de Oliveira




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