sábado, 9 de agosto de 2014

DE E POR: A VELHA MECÂNICA - "Tanto Por Dizer e Ainda Assim Se Escondia" (2013, Faca Espião)

Menina de sete saias, A Velha Mecânica é um caso de respeito na procura de desmultiplicar pequenos detalhes que não se querem repetíveis.
Como seria de esperar, a necessidade de alcançar outros horizontes é compreensível e compreendida pelo já experimentado grupo: Pedro Correia, por exemplo, é agora também um muito mais electrónico Sonny Boy; João Gil faz parte do brilhantismo dos Marla.
A associação à subreptícia Faca Espião faz com que "Tanto Por Dizer e Ainda Assim Se Escondia" seja um trabalho a descobrir pelo público, e não apenas pela sua maior penetração em certos nichos, mas também pela própria banda, que encontra em Fuse dos Dealema o guardião do subsolo de que necessitou para fugir/encontrar (riscar o que não interessa) a sua própria sombra.
Depois do êxito em várias aparições, chega de novo o tempo de festival, primeiro no FUSING Culture Experience, mais tarde no Woodrock Festival.
Como trabalho de casa prévio, a lição bem estudada, a obra ainda melhor escutada. Palavra aos artistas para emoldurarem cada uma destas canções.

    
























Tanto Por Dizer/António Viagens

A música "Tanto Por Dizer", apesar de aparecer separada, serve como interlúdio ao disco em si,e principalmente à faixa "António Viagens", encontrando-se abrangida pelo mesmo processo de criação e composição. Aliás, a frase musical que se faz ouvir na "Tanto Por Dizer", foi retirada da "António Viagens". 
Provavelmente a primeira d' A Velha Mecânica, mesmo até antes de haver banda.

Pareceu-nos natural que fosse a primeira do disco também.
O nome surgiu quando dois dos elementos estavam a ver um showcase do Tó Trips,
músico que todos nós admiramos. É uma espécie de homenagem.
A letra desenvolve-se a partir do conceito da "verdadeira viagem", que é a vida.
Aborda a perspectiva da finalidade do ser humano, um ser de potencialidades infinitas
mas temporal. É esta temporalidade que nos faz confusão. O "larápio" que é o tempo,
corremos atrás dele mas nunca o apanhamos. A vida com prazo de validade.


Aspirante

Relembra uma pessoa muito conhecida em Coimbra, costumava divagar pelas ruas e pedia
dinheiro e cigarros. Gritava frequentemente com as pessoas, e dizia coisas que muitas
vezes assustavam, mas era alguém que, mal ou bem, fazia parte de Coimbra.
A canção chama-se "Aspirante", porque era como ele se apelidava. Tinha que ver com o seu passado enquanto tropa, e diz-se que foi no exército que sofreu um acidente gravíssimo que o deixou num estado de demência.
Apareceu morto no rio Mondego, em circunstâncias estranhas, e achámos que lhe
devíamos prestar uma última homenagem.


Mil Homens

Com uma sonoridade mais "rock", esta música é muito especial para nós pois conta com a
participação do nosso querido Victor Torpedo, nome incontornável da música portuguesa, que nos marcou profundamente, não só na música como em vários aspectos da vida.
Tivemos o prazer de o ter neste álbum, foi quase um sonho tornado realidade.
Fala sobre a força de vontade, e a vontade de viver e vencer.


Bandeira Negra

O nome "Bandeira Negra" surge da tradução literal do nome de uma banda que teve muita
influência em alguns de nós.
A partir desse nome criámos um refrão. Uma alegoria marítima. Mesmo a nível musical
tentámos dar a sensação do balanço de um barco do mar. Fala-se da vontade de deixar
tudo para trás e começar de novo. Começar sem ilusões, apenas recomeçar,
O resto da letra ficou a cargo do Fuse de Dealema, que criou um texto fantástico,
acabando por acomodar o refrão num conjuntos que nos agrada bastante.
Sendo o Fuse um músico que todos admiramos, esta música acabou por ser das mais
especiais do disco.


Dedos

Provavelmente o único tema "amoroso" do disco, ou que se refere a ele de forma mais
directa. É o nosso primeiro single e teledisco (gravado pelo Leandro Silva).
A letra tem que ver com a celebração do amor. "Os dedos que partem o frio" referem-se à vulnerabilidade do amor que precisa de constante cuidado, "o corpo que não aceita o que viu", diz respeito à quase incredulidade de algo tão bom nos poder acontecer, "o teu nome teceu à aranha canta o meu nome", quando vemos o amor em toda a parte e em todas as situações.
Esta música é o resultado de uma das primeiras jam's d' A Velha Mecânica, permanece no
disco praticamente da mesma forma como foi criada. É cruelmente honesta.





Um Quarto De Hotel

Fortemente inspirado em "Twin Peaks" do Mark Frost e David Lynch, funciona como um
interlúdio.
Extremamente solitário e introspectivo, procura um lugar longe do frio, qualquer lugar...


Esposa Cão

Tema raivoso. Raiva de quem não quer saber, não quer saber de quem sente. Apenas quer subir na escada social. Não liga a meios para atingir fins. Essa pessoa é a esposa cão. Até um dia...


Fujída

Encerra o disco. Como todo o álbum é bastante negro, pretendeu-se acabar com uma
mensagem de libertação e esperança.
Esta música funciona como um hino ao optimismo. A letra remete para a alegria e o
sentimento de liberdade característicos da infância.
Grita-se "partida, largada, fugida! A mim não me apanhas tu! Até os pulmões saírem pela
boca.




0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Facebook More

 
Powered by Blogger | Printable Coupons