terça-feira, 26 de agosto de 2014

DE E POR: MC KOKHAL - "Fugas Musicais (Vol. 2)" (2013, Terra do Nunca Records)

Pode-se dizer que chegamos a 2014 e o hip-hop tuga tem tantos problemas que, por vezes, parece não ter, na verdade, nenhum sério. A evolução/regressão que alguns apontam para lá de algumas chegadas ao mainstream não casa com muitas soluções práticas e interessantes para caminhos alternativos numa altura em que, nacional e internacionalmente, o género nunca teve tanta receptividade e representatividade em grandes eventos.
No entretanto, vão aparecendo a toda a hora homens e mulheres que se tentam valer de pouco mais do que rimas e batidas para mostrar o que escrevem e criam quando procuram uma fuga terapêutica para si mesmos e desafiar uma encruzilhada que se desfaz logo às primeiras audições de alguns lançamentos como, só para citarmos, os mais recentes trabalhos de Mundo Segundo e dos Dealema.
"Fugas Musicais (Vol. 2)" é a segunda mixtape de MC Kokhal, nome pelo qual assina o almadense Márcio Chainho, entre a velha guarda de GOG e Chullage e também várias outras influências convidadas e amigas co-responsáveis pelo trabalho que já podemos ouvir e que estará próximo de receber novos frutos. Primeiro, vamos lá saber o que está em causa em cada uma destas 9 faixas do 3º classificado do 9º Concurso de Música Moderna de Almada.






Intro

Escrevi esta letra, na base de sentir que tinha que voltar a lançar 
algo, por isso começo com "olá HIPHOP, sei que me querias de volta...". É uma faixa curta: ressalvo a parte em que digo que sinto saudades de quando o estilo rap tentava mudar algo através dos conteúdos das músicas.


Por Detrás do Sol

Esta faixa começa com uma introdução de uma vocal de um concerto meu, já há alguns anos e 
depois entra uma vocal do José Mariño (o maior impulsionador do estilo rap em Portugal); isto tudo tem uma razão, visto que este som, no fundo, é uma homenagem às minhas influências (isto com duplos sentidos na letra), e aos artistas que, embora não estejam "sob a luz dos holofotes", também têm valor. Interessa é acreditar no que se faz.





Mundo Chora, Mundo Grita

É uma faixa de intervenção, nitidamente. Gostei muito de escrever esta letra: é um

alerta para o nosso "desleixo", para os problemas que acontecem no outro lado do mundo, um pouco na base da teoria do "efeito borboleta"..


Margem Soul Stand Up

Esta é a música com que presto uma dedicatória à minha Margem Sul. Assumo-me
inteiramente e com muito orgulho como um defensor desta zona do país, que como se sabe foi onde nasceu o rap em Portugal. Convidei um amigo meu e também influência na minha escrita para partilhar comigo esta música: o seu nome é Clay Souza e é um dos artistas neste meio de que mais gosto.


Corte, Costura e Riscos

Faixa que pertence inteiramente ao DJ com que trabalho, já algum tempo. Tayob J.,

um amigo meu também, que participa em várias músicas deste projecto, e que me costuma acompanhar nas minhas actuações, a mostrar um pouco de outra vertente da "kultura hip-hop" que é o DJing.


Vai Correr Tudo Bem

É uma música de motivação, com um instrumental um pouco diferente do que costumo ou

gosto de usar, arrisco em cantar no refrão e a mensagem em si é que, apesar de tudo o que possa acontecer, temos que ter sempre em mente que no final tudo vai correr bem


Dias do Fim 

Salvatore (tal como Clay Souza), é dos primeiros MC's a rimar em Portugal, e pertenciam os dois ao antigo colectivo Nexo. Em relação à história por detrás desta faixa, vai um pouco
no encontro da ideia do "Mundo Chora, Mundo Grita", mas mais em relação às relações que hoje temos com os nossos vizinhos, por exemplo, o sermos desligados do mundo, do no nosso próximo. Por isso, o nome "Dias do Fim", porque o sentido de Humanidade parece estar a perder-se.


Caçador de Sonhos

Em primeiro lugar, gosto muito de todas as músicas que escrevi para este meu trabalho.

Têm todas a ver um pouco com a minha pessoa, porque quando escrevo, mesmo não sendo directamente, sou muito auto-biográfico. Mas esta música deu-me um gozo especial a escrever, visto ter muito mesmo a ver comigo. Tive um passado, como toda a gente, e acredito num futuro melhor, em que temos que lutar para conseguir o que
sonhamos, tal e qual um caçador de sonhos.





Era Uma Vez Um País

Nesta música arrisco num estilo em que nunca o tinha feito, o spoken word, ainda talvez
pouco em voga por Portugal.  Escrevi esta letra numa altura em que o futuro do país era uma incógnita (apesar de ainda o ser) e é uma letra claramente de intervenção, do princípio ao fim.







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