sábado, 21 de junho de 2014

THE WEATHERMAN - ENTREVISTA

As crises são oportunidades. É num vendaval de umas quantas, talvez incontáveis, que Alexandre Monteiro, The Weatherman, é um dos artistas que esboça novas soluções enquanto projecta uma internacionalização mais sólida, integra várias das "janelas que se abrem" no pequeno mercado musical português e trabalha em novas canções.
Mesmo quando após o terceiro e homónimo disco as comparações com artistas de renome da brit-pop se intensificam num país sem razões/argumentos para desdenhar talentos, é com mais pequenos grandes sucessos que 2014 aparenta ser uma herança altamente desejável. Fomos saber mais.






BandCom (BC): Como foi o teu 2013?

The Weatherman (TW): Foi um ano muito gratificante para mim enquanto Weatherman, depois de algum tempo considerável em que estive um pouco retirado, no qual consegui concretizar um terceiro disco da forma que idealizei bem como dar um número razoável de concertos. Tive 3 singles a rodar durante o período de um ano inteiro, um dos quais deu especialmente nas vistas em termos de airplay, o "Fab". Abriram-se ainda portas a nível internacional, o que me deixa muito satisfeito com as perspectivas que proporcionaram. Tive um feedback em termos de público como nunca tinha experimentado antes.


BC: O teu disco mais recente “The Weatherman” é um pouco diferente do “Jamboree…” e do “Cruisin’ Alaska” e integra mais elementos pop. Era a altura certa na tua carreira para o lançar e tentar chegar a outros públicos? Planeias ficar mais pela pop ou voltar a experimentar mais e noutros terrenos? 

TW: Este é o disco em que me concentro em aprimorar o conceito de música pop de 3 minutos, foquei-me em fazer bons singles.  Continuo a procurar a canção pop perfeita, por isso ė muito provável que o próximo disco traga mais um lote de canções pop, desta vez com uma sonoridade mais analógica. Fiz as pazes novamente com as guitarras, por isso é provável que ponha de lado a electrónica desta vez, em favor de uma sonoridade mais orgânica.


BC: Não sabemos em Portugal lidar com a pop music, muito embora tenhamos tantas referências do exterior que tentamos integrar e retratar?

TW: Portugal não é predominantemente um país de canções, mas eu acredito que é possível devolver a ideia ao público mais genérico de que a pop também pode ser arty.


BC: Referes noutras entrevistas que este disco é "o mais autobiográfico" que já fizeste. Ficaste satisfeito/preenchido com a “autobiografia” globalmente e com a sua passagem para um projecto onde agora também tocas com banda? É mais “fácil”, menos doloroso escrever sobre situações alheias ou nem por isso?

TW: É mais difícil ser-se explicitamente autobiográfico, não propriamente doloroso, pelo contrário, tocar canções sobre pessoas e lugares que eu conheço dá um significado mais profundo à minha experiência enquanto músico. É também libertador, no sentido em que sinto estar a resolver-me em certos aspectos em relação à minha vida pessoal. Torna-se também mais emotivo tocar certas canções nos concertos. Por outro lado se calhar deixo menos espaço para o imaginário das pessoas se apropriar das canções.





BC: A contribuição da Emmy Curl em “It Took Me So Long” é um dos momentos especiais deste último trabalho e dentro das colaborações com que contas. Como surgiu esta oportunidade?

TW: Surgiu essencialmente porque estávamos a preparar a nova edição do disco e seria oportuno incluir alguma novidade. Eu sentia que esta canção era especial e não tinha ficado completamente satisfeito com a primeira versão, por isso foi uma boa oportunidade para voltar a pegar nela. Por outro lado, eu e a Emmy já tínhamos falado há muito tempo em fazermos algo juntos, e não foi propriamente com surpresa que descobrimos que as nossas vozes juntas resultam na perfeição.


BC: Já neste ano fizeste parte da delegação portuguesa destacada para o festival Eurosonic em Groningen. Conta-nos como foi a experiência, as reacções que tiveste. Está na hora da internacionalização, de saltar para outros planetas como sugeria o videoclip da “Proper Goodbye”? É a forma ideal de prolongar o “tempo de vida” de um disco antes de preparar e lançar o seguinte?

TW: Curiosamente a experiência no Eurosonic por si própria não foi decisiva na globalidade daquilo que consegui a nível internacional no inicio deste ano. Quando lá toquei já tinha conseguido por exemplo o interesse por parte da Mojo, agência holandesa, em trabalhar com The Weatherman, e já tinha planeado lançar o disco internacionalmente. É também uma forma de prolongar a vida de um disco, embora isso não seja o objectivo principal. 


BC: Não é muito vulgar em Portugal um conceito como o do Westway Lab em que tens a oportunidade de participar e de criar com outros artistas. Que mais-valias retiras para o futuro? 


TW: Qualquer oportunidade para colaborar com outros artistas é sempre boa, e muitas vezes traz resultados surpreendentes. Eu encaro esta experiência com grande excitação, como um abrir de portas para mundos que estão por explorar. E quando a partilha de experiências entre músicos resulta, pode ser das melhores coisas que advêm da vida artística.


BC: Outro conceito, não tão frequente até há algum tempo, é o dos festivais de música 100% de origem portuguesa e com cada vez mais atenção à interacção com o estrangeiro e com vista à exportação. A cidade do Porto é o local ideal para acolher um evento como o Jameson Beatzmarket?

TW: Acredito que sim, no sentido em que existe um envolvimento especial entre o meio musical, algo difícil de encontrar nas grandes metrópoles, onde é tudo mais disperso. É uma cidade relativamente pequena, que cria condições para que as pessoas se sentirem próximas. 





BC: O teu disco mais recente deve a sua existência também em parte ao Fundo Cultural da GDA. Vai ser possível encontrar um novo equilíbrio entre indústria musical, artistas e público de modo a que todos beneficiem e possam subsistir?

TW: Não sei, o mais importante mesmo é continuar a seguir o meu caminho, fazer as coisas como acho que devo fazer, e tentar resistir a todas as adversidades que os músicos enfrentam neste tempo, onde o mais importante é lutar para conseguir continuar a ter condições para continuar a trabalhar. 


BC: Que datas mais próximas estão agendadas que nos possas revelar? O que reserva 2014 para o The Weatherman e para o seu público?

TW: Tenho algumas datas em formato acústico até ao verão, estamos a trabalhar para voltarmos a tocar no Norte da Europa, possivelmente no Outono. Entretanto vou começar a gravar novo disco, que desta vez poderá ser um "meio disco" - um EP.



André Gomes de Abreu




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