sábado, 14 de junho de 2014

RITA REDSHOES - ENTREVISTA

Desde "Lights & Darks" passaram-se quatro anos muito intensos na vida de Rita Redshoes. Desdobrando-se em colaborações e vários espectáculos à procura de outros públicos, só há cerca de um mês chegou às lojas o terceiro disco da carreira, "Life Is A Second of Love", um disco marcado por um claro amadurecimento das ideias dispostas nos dois primeiros trabalhos que lançara a solo, com produção a cargo de Gui Amabis e participações dos brasileiros Regis Damasceno e Dustan Gallas e dos portugueses Ana Cláudia Serrão e de Afonso Cabral, David Santos (Noiserv) e Salvador Menezes, três membros dos You Can’t Win Charlie Brown. As próximas apresentações ao vivo neste mês correrão FNACs de Norte a Sul do país e nos próximos meses Rita Redshoes está já confirmada para o ciclo de concertos Victoria Summer Acoustic Concerts (a 24 de Julho, em Madrid) e para a primeira edição do festival O Sol da Caparica (a 16 de Agosto).
O seu desenvolvimento artístico, a par com a sua forte consciência de cidadã do Mundo, foram linhas gerais para as perguntas que lhe colocámos.




BandCom (BC): Como tem corrido o desenvolvimento da tua carreira pós-segundo disco e até este 
momento, em que vais lançar o terceiro?

Rita Redshoes (RR): Tem sido um percurso que me tem feito crescer enquanto artista e pessoa e onde, através das canções e colaborações com outras pessoas, me tenho conhecido melhor e encontrado a minha identidade. 


BC: É interessante notar que, entretanto, há outro antigo membro dos Atomic Bees e até dos Photographs, o teu irmão Bruno, a obter notoriedade a solo como Senhor Vulcão. Ficámos mais a ganhar do que a perder com a vossa ascensão com diferentes identidades? 

RR: A ganhar. Não por mim mas por poderem conhecer o trabalho a solo dele. 


BC: Fica, contudo, a ideia que com a experiência das bandas-sonoras de “Estrada de Palha” e “O Facínora” com o Paulo Furtado, está também aqui outro possível companheiro para futuras aventuras num tipo de sonoridade diferente de Rita Redshoes...

RR: Tenho tido a sorte de me cruzar com músicos e artistas talentosos, com quem as diferenças acabam por trazer coisas novas e positivas quer ao trabalho em conjunto, quer ao meu trabalho a solo. O Paulo é uma dessas pessoas. Tenho muito orgulho daquilo que já fizemos juntos e sim, espero que os nossos caminhos musicais se cruzem mais vezes.





BC: Após 4 anos de interregno chega finalmente este terceiro disco em Maio. É uma espera demasiado prolongada para a intérprete Rita Redshoes?

RR: Não, foi a espera necessária para chegar a este disco. Foram 4 anos muito importantes a muitos níveis que me fizeram compor e cantar estas canções de uma forma mais honesta e crua. Creio que se me tivesse obrigado a gravar um disco antes não estaria tão feliz com o 
resultado. 


BC: O que pode esperar o público de "Life Is A Second Love", após a transição de "Golden Era" para "Lights & Darks", quanto ao resultado final e quanto às suas principais influências e referências? Que influência teve o Gui Amabis e o seu trabalho de produção em todo este processo?

RR: As referências continuam as mesmas, coisas do passado, anos 50, 60 e 70 sobretudo. Este é o disco onde sinto que de uma forma mais feliz consegui expor a sonoridade que tinha em mente para as canções. Contei com a preciosa ajuda na produção do Gui Amabis que percebeu o que eu procurava e de uma forma brilhante me ajudou a construir a sonoridade do disco como um todo e a respeitar o espaço para cada instrumento e para a minha voz. 


BC: A edição deste novo trabalho em CD estará a cargo da Universal Music Portugal, mas haverá também uma edição em vinil a cargo da Rastilho Records. Como surgem estas duas associações? São duas outras equipas que vêm ajudar na carreira da Rita Redshoes? 

RR: São certamente duas equipas que irão ajudar-me a fazer chegar o meu disco às pessoas. Com a Rastilho já tinha trabalhado no disco anterior, com a Universal é a primeira vez mas estou muito feliz com estas parcerias porque respeitam a minha arte e acreditam em mim. 





BC: Falando de outras paixões tuas, a psicologia e o ballet, estas têm sido também importantes no teu desenvolvimento artístico como Rita Redshoes? Se sim, de que maneira? 

RR: Hum...o ballet há muitos anos atrás, creio que sim. Tive a oportunidade de desde pequena estar próxima de algumas formas de arte e poder encontrar a minha expressão através delas. O ballet foi a primeira. A psicologia foi um interesse tardio mas que me fascinou. Não creio porém que interfira directamente na minha música mas houve questões que a nível pessoal foram importantes nesta área. 


BC: Poderemos também aqui acrescentar o teatro? Como diria Brecht, “todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver”?

RR: O teatro sem dúvida. Foi onde pela primeira vez toquei ao vivo, no grupo de teatro da escola. Aprendi muito ao assistir a todos os processos inerentes ao montar uma peça, desde cenários à construção das personagens, etc. Essa experiência tocou-me muito. 


BC: Também foste aluna da Escola Superior de Música. Sentes que ao nível da formação 
musical poderá existir actualmente algum tipo de formatação dos alunos ou, pelo contrário, a sua importância continua a ser decisiva? E, por outro lado, estaremos a negligenciar a formação musical de quem não será, no futuro, um músico profissional mas sim um público?

RR: Acho que desde a altura em que estudei até aos dias de hoje as coisas mudaram muito para melhor. Essa formatação era mais evidente há uns anos. Agora penso que as mentalidades estão mais abertas, há outra geração de professores influenciados por outras experiências e isso altera a forma de ensinar. Continuo a achar que as artes são negligenciadas no nosso país. Tenho a certeza que se o ensino contemplasse de uma forma mais inteligente e séria o ensino das artes, em poucos anos teríamos um país mais evoluído a todos os níveis. 


BC: Nos concertos que tens dado fora de Portugal, como tens sido recebida? Existe algum país pelo qual tenhas sentido uma ligação especial?

RR: Tenho sido muito bem recebida. Pessoas curiosas com o que faço e o que se passa no 
nosso país, o que é bastante carinhoso. Gostei particularmente de tocar na Suécia, onde 
inclusivamente fiz alguns amigos que entretanto já viajaram até ao nosso cantinho.


BC: Tiveste já a experiência de apresentar os novos temas na última edição do Belém Art Fest. Deu para notar alguma(s) característica(s) na receptividade dos mesmos?

RR: Foi bom regressar, senti que as pessoas estavam com vontade de voltar a ver um concerto, o que foi uma óptima sensação. Até agora os temas novos têm sido muito bem recebidos. As pessoas no final falam muito de algumas das canções e nunca são exactamente as mesmas, o que é muito bom. 





BC: Quanto a próximos concertos em agenda, que datas já estão confirmadas?

RR: Estão a ser marcadas.


BC: Por fim: poderá ser neste disco em que, tal como o espectáculo que apresentaste, vamos encontrar também a “Other Woman” por detrás da Rita Redshoes?

RR: Sou uma, inteira, mas neste disco há uma exposição maior de mim. 


BC: E qual a mais decisiva mudança a ter que ser feita em Portugal nesta altura?

RR: Haver pessoas que amem de facto o país e que o consigam gerir com sabedoria, verdade e amor ao próximo.


João Gil




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