quarta-feira, 21 de maio de 2014

SOLAR CORONA - "OUTERSPACE" (2014, Ed. Autor)



Os Solar Corona, banda de Barcelos formada por Tiago Campelo (baixo), Jorge Esteves (bateria) e Rodrigo Carvalho (guitarra e sintetizadores), definem-se como “um trio que tem um sabor cósmico” e têm como objectivo declarado “deixar que os ouvintes entrem nas suas mentes” sendo a música, pela sua própria natureza, a chave para aceder a esse mundo tão inatingível.
"Outerspace" é o segundo EP da 
banda e é uma mistura bem-sucedida de progressive, space e rock experimental que surpreende pelo seu poder evocativo e a mestria com que os três músicos conseguiram criar um caleidoscópio de sugestivas paisagens sonoras. Um registo instrumental que é uma espécie de viagem assistida que leva o ouvinte a 
descobrir outros universos e mundos alternativos em que a primeira etapa envolve o lado visual graças a uma capa abstrata e psicadélica, que tem ecos da de
"Meddle" dos Pink Floyd e antecipa uma experiência auditiva e esmagadora.
A técnica e a capacidade de composição dos Solar Corona é clara logo a partir das primeiras duas faixas, "Átila I" e "Átila II", que oferecem um panorama bastante completo das possibilidades de expressão do trio. "Átila I" caracteriza-se pelas sonoridades fortes e violentas na primeira parte, misturadas com um uso inteligente das pausas, para depois virar um interlúdio com atmosferas mais etéreas à maneira dos Porcupine Tree ou dos álbuns a solo de Steven Wilson - esta justaposição marca todo o tema (e todo o álbum também), criando contínuos contrastes. Já "Atíla II" começa com lembranças dos Pink Floyd, sonoridades fluidas com o arpejador do synth de Rodrigo Carvalho a que se junta a secção rítmica num crescendo até ao seu final ligado à seguinte "Arkadiko", um breve ponto de passagem. 






Voltamos a sons mais rock com "Holy 
Wisdom", com um início que recorda o final de "Knights of Cydonia" dos Muse onde se pode apreciar de novo um bom contraste entre momentos mais pesados e outros mais suaves, celestiais e meditativos. Em "Pow Supertramp", o bandolim de Luís Pinto é o protagonista e a faixa representa a perfeita conclusão do disco, com referências de sons orientais sobre um fundo mais espacial.

No final da jornada, "Outerspace" ficará como uma experiência tão intensa que merecerá repetidos regressos. Não há nada novo ou nunca ouvido antes, mas as influências e os modelos do trio são sublimados com mestria e uma capacidade técnica não comum.
O seu rumo sinuoso com os seus contrastes nunca forçados 
representam a característica que mais aprecio dos Solar Corona.


Andrea Baggio




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