A noite de dois de maio ficou marcada pela passagem de PAUS na cidade do Porto para a apresentação de “Clarão”, que sucede ao disco homónimo da banda lançado no ano 2011. E embora se previsse que a sala secundária do Hardclub não esgotasse, dado o seu pouco tempo de lançamento e promoção, era de antever uma plateia composta e com um público já em parte a saber para o que vinha.
Partindo do princípio da ideia, é praticamente dado como certo que um concerto deste quarteto seja obrigatoriamente enérgico. À semelhança do EP e disco anterior em que as músicas transpareciam exatamente isso e tocadas ao vivo fluíam de algum modo essa mesma energia ao público, após a audição de “Clarão” qualquer pessoa esperaria o mesmo. Aliás, talvez seja essa a razão que levou a comandante bateria siamesa a estar alinhada no centro do palco, servindo de protagonista e dando apenas espaço para Makoto e Shela brilharem em outras alturas do concerto.
Mas contrariando o postulado anterior, foi de forma mais introspetiva que o público recebeu a banda no Norte. Se “Primeira” não deteve a força necessária para ter feito a plateia explodir logo a abrir a noite, talvez pudesse ter funcionado como alavanca para “Cume” e “Clarão” funcionarem de modo mais efusivo. Nem mesmo “Pontimola” ou “Bandeira Branca” foram capazes de tornar o ambiente mais festivo. E tendo-se percebido cedo que, além dos quatro rapazes estarem ainda a sincronizar-se com as novas músicas em palco, a equipa técnica de som não estava nos melhores dias, talvez esses fatores tenham contribuído para a maior dispersão das pessoas.
Assistia-se porém a um concerto que, além de qualidade, trazia novidades. Por cima da brutalidade da bateria siamesa construía-se uma sonoridade com algumas tendências eletrónicas que PAUS não tiveram medo de explorar no mais recente trabalho. “Cauda Turca” foi o trunfo mais flagrante nesse aspeto. Além disso, não se assistia ao “tal e qual como tocado no disco”, mas as variações que ocorriam fruto das adaptações ao palco não deixaram as faixas soar estranhas, mesmo para quem já as conhecesse bem. “Nó” foi a prova disso quando se embrenhou na complexa selvajaria sonora da guitarra e provou que o nome lhe encaixa que nem uma luva.
Se em 2011 “Deixa-me Ser” foi a faixa que definiu o estilo da banda, “Corta Vazas” surge em 2014 como aquela que se aproxima melhor dessa definição (juntamente com o single “Bandeira Branca”). Talvez por esse motivo quando as duas tocaram, uma seguida da outra, a sala ganhou a energia explosiva comentada anteriormente. Não que o público não estivesse a aderir ao concerto, já que no final não pareceu existir descontentamento, mas o seu verdadeiro despertar surgiu um pouco tarde.
A época não terminou, porém, para PAUS. Se a sua sonoridade resultou e ainda a primeira noite de verdadeira primavera estava a acontecer, com certeza tempos veranis e mais quentes convidarão a momentos onde a sua forte componente rítmica decidirá qual o próximo movimento de cada corpo da plateia. É oficial, já podem anunciar o verão mais quente de sempre que está tudo preparado.
João Gil
Fotografias por Rodolfo Rodrigues
(galeria disponível em
facebook.com/bandcom)
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