domingo, 18 de maio de 2014

DE E POR: OS ALICE - "Discórdia" (2014, Ed. Autor)

Em "O Beijo do Escorpião", telenovela actualmente em exibição na TVI, há uma Alice Vidal que se esconde maquiavelicamente atrás do seu ar angelical. Juntemos-lhe o seu rosto irmão de sangue na vida não ficcional a outros cinco e temos Os Alice.
Eles aparecem em cena este ano com "Discórdia", um disco de estreia que entre um passado ska-emo-rock de uns Panic At The Disco!, gingão e furiosamente encadeado mas habitualmente de poucos resultados interessantes, colecciona sorrateiramente atenção e fãs como o blues e o hip-hop que estão lá pelo meio.
O sucesso é orelhudo e as palavras de um dos elementos do grupo, Afonso Alves, sobre cada um dos seus 7 pedaços não revelam segredos nas entrelinhas. E daí, talvez não: pode ser mesmo assim tão simples e inexplicável, como o próprio nome "Alice".






Premissa

A "Premissa", como o nome indica, remete para o enaltecimento da genesis de todo o álbum, e, de certa forma, da própria banda. Há que ter em conta que esta faixa foi a ultima a ser produzida, não como uma tese de todas as outras, mas simplesmente como uma proposição para as mesmas.

No fundo a "Premissa" apresenta-se a sí mesma como um modesto enaltecimento para algo maior que ela mesma. Um conflito por vir, fruto de uma vontade. Parcas são as palavras que usarei para descrever o nosso intento.

Discórdia

A "Discórdia", o cerne do álbum, perfaz o paralelismo entre uma história, por nós contada, e o conceito mais genérico do indivíduo. O indivíduo não é linear, como nada na natureza o é. As nossas acções pendulam constantemente entre o preto e o branco, a escolha que efectuamos não dita a nossa realidade, o facto de a possuirmos sim, e a dualidade que dela nos advém.
A uma primeira vista o que podemos tomar como cobiça, o desejo de trocar de pele, a permuta de algo que apenas se afaste da nossa realidade que a conhecemos tão bem, não passa de um conflito que cada um de nós já experienciou, ou não, com a sua própria pessoa.  


Diabo na Mão

Quando no auge qualquer átomo inquieto torna-se volátil, capaz de destabilizar os seus "cercanos", é o que se sucede no "Diabo Na Mão". Uma música fugaz, uma sensação constante que desafia um semelhante. A soberba da juventude.


Gato Morto

Não há como não gostar do "Gato Morto", a história de um gato pingado que se encontra à margem da cerca, como muitos outros, e como todos eles não deixa de celebrar variadas relações infortunas para com o resto da sociedade. Uma delas é destacada responsavelmente no refrão.


Império Intendente

O "Império Intendente" conjuga muito facilmente todos os desajustados de uma designada civilização: um dançarino descoordenado, um ébrio que te indica o caminho, um pseudo-intelectual vivido e uma beata alcoolizada.


O Corpo

"O Corpo" empenha o ofício de um sujeito desprovido de alma, quando só há mais um corpo louco que enfrenta uma plateia sem público, ciente da sua unilateralidade, ainda mais ciente da sua banalidade. Confrontado com o seu próprio âmago e vaidade, a sua necessidade de se exprimir não cessa.


Homem Nobre (feat. Malabá)

Num termo mais pessoal, o "Homem Nobre" encarna qualquer indivíduo que resiste à apatia, à desilusão envolvente que eleva, acima de tudo, os seus padrões pessoais e se convence a carregar os seus objectivos e fardos até ao fim.





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