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Unknown
Há dois anos, os Throes + The Shine deixaram-nos com um primeiro parto enérgico, um autêntico hino à festa e à vida. Entretanto, um dos porta-estandartes da Lovers & Lollypops internacionalizou-se e espalhou a ideia curiosa e exótica de "Rockuduro" um pouco por toda a Europa. Quando anunciaram que a saída do segundo álbum estava prevista para 2014, muitos foram aqueles que pensaram que seria impossível editarem algo ao mesmo nível, mesmo com o que se foi conhecendo ao vivo de esguelha com "Tuyeto Mukina" e "T'ambora bom", esta a música adequada para o good feeling e festas na praia ao pôr do sol.
Para isso, talvez fosse necessário que o caminho seguido e que as sonoridades abordadas e limadas neste “Mambos de Outros Tipos” fossem as mesmas.
Ora, neste disco, o rockuduro já não se sente tanto. Ouvem-se sonoridades africanas sim, mas a priori não apenas características daquilo que os PALOP oferecem nestes últimos tempos.
Comparar este álbum com o precedente seria, portanto, como estar a comparar duas culturas quase totalmente diferentes: uma aberração. Até porque também se tinha notado na primeira edição que havia uma vontade em ir mais longe que o simples universo lusófono, como tinha sido o caso, por exemplo, em "Hoje é Festa". Aqui, muito menos agressivo e talvez empolgante mas igualmente festivo como "No Kimbo", "Tuyeto Mukina" explora caminhos diferentes, entre The Very Best e Vampire Weekend, conjugando-se logo de seguida com um "Mambo" em que a ligeireza cresce em rudeza, em que a eloquência kuduresca regressa na perfeição para o caso de uma suposta festa numa villa americana.
Na força da agitadora "Dombolo", tema de apresentação, reencontramo-nos com alguns dos melhores temas do primeiro álbum e até vislumbramos algumas proximidades com as sonoridades dos Buraka Som Sistema e laivos do funk brasileiro. A criativa e rica "Wazekele", de uma originalidade rara no panorama da música portuguesa e que se propaga a "Triba Triba", deixam "Mambos de Outros Tipos" já bem mais próximo de uma banda sonora de um Wes Anderson do que de uma comédia para pré-adolescentes.
Na continuidade de "T'ambora bom", "Maka" tem um refrão perfeito para ser reproduzido em coro e "Tufuete" segue-lhes as vibrações da forma menos conseguida de todo o CD.
Não se sabe se é por terem gasto a carta da surpresa com o primeiro álbum ou se pela mudança radical nas sonoridades, notoriamente mais ágeis e não indo buscar tanto ao metal e ao punk, mas este álbum parece ter ficado um pouco aquém das expectativas, elevadas expectativas. No entanto, com os Throes + The Shine a continuarem a ser sem dúvida um verdadeiro OVNI dentro do panorama nacional, a tão citada "festa" continua, mas com menos suor.
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