quarta-feira, 9 de abril de 2014

REFLECT - "REFLECT" (2013, Kimahera)




5 anos depois de “Último Acto”, surgiu ainda em 2013 o disco epónimo do artista algarvio Reflect. Composto por 10 faixas ricas e contando mais uma vez com múltiplas colaborações, desde a maior esperança feminina do rap português W-Magic aos amigos da editora Kimahera que fundou, Dezze, Gijoe, João Mestre ou ainda Real Punch, salta à vista a vontade do artista em realizar uma obra mais coesa e com uma mensagem coerente, com menos temas, que capte o auditor do princípio ao fim.





5 anos depois, a escolha dos artistas em cada tema pareceu mais adequada, mais bem sucedida. Sobressaem os temas “Redundância Crónica” com W-Magic, onde o seu “eu indeciso” colide à perfeição com as rimas melancólicas e cheias de paixão de Reflect. Uma paixão pelo rap ilustrada com perícia em “O Arrepio”, dos temas talvez mais complicados de construir por ser dos mais clichés. No miolo surgem o single “Sala de Troféus” e “Passeio Pela Praia”, com um instrumental respirando ventos novos, soprados pela brisa do mar, tema que continua muito presente neste álbum - e provavelmente em todos os que se vão seguir.
Há também o feat com o grande Real Punch, com uma mensagem clara do sentimento de falta de liberdade que cada vez mais sentimos e cada vez mais conseguimos expressar e polir em palavras, e o tema melancólico de reflexão, de conclusão de tudo aquilo que Reflect realizou até agora, de tudo o que tempo não apagou.
A partir daí, mergulhamos na brecha aberta em "Último Acto", onde já se ouviam elementos pop e por vezes rock; nota mais para a voz suave, simples e sem artefatos de Vanessa Ferreira em “Diz-me Se Vale A Pena”, assim como a junção ousada e original entre o piano e a guitarra de João Mestre, os scratches de Gijoe e as rimas de Pedro Pinto nos temas seguintes.



Se pegarmos na totalidade do disco, os temas old-school são menos visíveis, enquanto a maturidade e a coesão da obra do artista estes se sentem muito mais, a cada faixa. É verdade que não se sente aquele “arrepio” que "Infinitamente" provoca a cada audição. No entanto, convém relembrar que esse é talvez dos temas mais bem conseguidos do hip-hop nacional destes últimos anos. Não apenas destes últimos 5.
Mickaël C. de Oliveira




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