quarta-feira, 23 de abril de 2014

BRUNO PERNADAS - "HOW CAN WE BE JOYFUL IN A WORLD FULL OF KNOWLEDGE" (2014, Pataca Discos)

Ao longo do seu percurso com várias etapas – no caso dos When We Left Paris, com desenvolvimentos para mostrar ao longo do ano - Bruno Pernadas não teve apenas acesso a uma formação musical diversificada: aqui e acolá, uma família de amigos que partilham a sustentável vontade de se expressar em diferentes linguagens, individualmente ou em grupo, foram moldando os seus estadios de evolução. “How Can We Be Joyful In A World Full of Knowledge” é por isso, inevitavelmente, um disco de estreia a solo único, um objecto repleto de identidade que tão rigorosamente imita ou justifica uma melomania onde todas as pequenas preferências e paixões se desapegam da noção de tempo. Logo à partida.






Contudo, reagir à variedade não se ensina porque também, na verdade, não se aprende tão facilmente. Folk-pop exótica e luminosa, jazzística, a que se juntam linhas correctoras afro-beat, hip-hop, lounge, psicadelismos vários e electrónicos. O que o eixo belga com especial ênfase nos Zita Swoon já foi explorando, o que Van Dyke Parks e os Stereolab inspiraram, o Robert Wyatt e um Steve Reich que energizam canções por vezes já de si desvairadas mas com tanto e tão pouco, com o ideal que parece de difícil cálculo e estabilização. Canções – perdão, uma longa suite - feitas de longos e texturados ambientes, ricos e subtis, como a abertura viciante com “Ahhhhh” e a maravilhosa “Guitarras”, maleáveis ao detalhe, a transições surpreendentes de evocações que se desenvolvem em todo o espaço de uma boa dose de originalidade.   
O toque está, em cada segundo e em último caso, na técnica escondida para que tudo sobressaia. Uma fuga ao preceito como a que se escutou na estreia dos Beautify Junkyards.      





E não é preciso ter uma grande estaleca para estabelecer que “How Can We Be Joyful In A World Full of Knowledge” tenha que ser um dos discos do ano. Extravagância? Exagero. Vivência? Tampouco. 
Nunca o encanto foi mais exigente ou ambicioso do que a perfeição que no paraíso a andar à roda de Bruno Pernadas.



André Gomes de Abreu




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