segunda-feira, 24 de março de 2014

TAR FEATHER - "HEAVY METALS" (2013, EASY PIECES)





Descrição mais elaborada não se poderia pedir: Diogo Tudela é quem se esconde por detrás de Tar Feather, "um projecto de leftfield português responsável por uma abordagem enviesada ao techno e música house, produzindo temas que envolvem a música de dança ortodoxa num casulo de drones baços e batidas fragmentadas".

Dir-se-à que “Heavy Metals”, editado em 2013, terá sido uma das maiores falhas por parte da crítica e do público em geral devido ao seu esquecimento. Longe dos holofotes mediáticos mora nesta obra uma ambiência negra imensa, à base de uma panóplia de samples, capaz de nos remeter imediatamente para paisagens pantanosas dentro de um outro universo onde queremos entrar e não mais sair.






Ponto de paragem essencial, em “No Land Lands” a presença da cítara e das vocalizações magnetizantes encetam uma hipnotizante viagem sonora pelas recordações de uma Europa barroca que culmina numa vasta experiência surreal e sinestésica.
No entanto, após um breve momento climático inicial de plenitude e paz, rapidamente dá-se uma inversão sonora alimentada por batidas pungentes e sons minimalistas abstractos para dar lugar a um gore bucólico, retratando um encontro angustiante com a inquietação e a melancolia e uma aproximação a uma vertente electrónica mais tecno.

Em “Gravel”, os instrumentais electrónicos são capazes de invocar um cenário fantasmagórico na orla de uma densa floresta onde residem as carpideiras, a remeter para Darkside quer por via das suas produções matematizadas abundantes em ambiências, quer por via do seu downtempo e vertente mais experimental.
Com devaneios sonoros como uma constante ao longo do registo, a sua riqueza e diversidade encontra como que a desesperada busca de cada ser humano, pecando talvez e unicamente na coerência defeituosa entre tantas faces da club music como o house, o blankwave, o dub ou o brokenbeat. Mas que, logo após as primeiras audições, não se duvide da inerente qualidade e talento que aqui residem. O convite a entrarem neste belo mundo de música de dança não-dançável está feito. 7,8/10


João Ribeiro




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