sábado, 4 de janeiro de 2014

JOÃO VIEIRA (WHITE HAUS) - ENTREVISTA

Vocalista e guitarrista dos X-Wife e também conhecido como Dj Kitten, João Vieira lançou-se este ano com o projeto White Haus, numa sonoridade que se aproxima das pistas de dança e nos relembra clássicos criados nas últimas décadas. O Bandcom foi procurar mais informação sobre este registo, assim como aquilo que move a carreira deste artista multi-disciplinar.





Bandcom (BC): Cerca de dez anos depois e com a passagem pelos X-Wife, quem é o João Vieira? Onde está o Dj Kitten e quem é White Haus?

João Vieira (JV): Para ser sincero não costumo pensar muito nisso, já que tudo faz parte de uma evolução natural. Vou-me interessando por novas sonoridades, tenho curiosidade e motivação para experimentar novos desafios e é isso que me mantém motivado. Não gosto de parar e aplicar as mesmas fórmulas vezes sem conta, pois está visto que cada vez mais elas se esgotam e torna-se necessário procurar novos caminhos. Não consigo ficar sempre no mesmo registo se estiver a fazer algo que já não sinto como sentia há cinco ou dez anos atrás e o melhor é avançar e fazer algo com o qual me sinta bem, apesar das implicações que isso possa trazer. O mais importante é seguir instintos e acreditar naquilo que faço.


BC: O primeiro vídeo lançado, How I Feel, é gravado num ambiente cosmopolita, que se relaciona diretamente com a sonoridade da música deste projeto. Partindo desta característica cosmopolita, há alguma cidade que esteja mais presente na intenção de White Haus? Essa cidade é a mesma Londres do Smashing Club?

JV: Para mim, essa cidade é Nova Iorque. Embora só tenha lá estado quatro vezes é aquela com a qual mais me identifico, embora as referências musicais possam também partir de outras cidades como Londres, Manchester, Sheffield, Berlim, Munique, Detroit... É difícil limitá-las a uma cidade, na verdade.
O vídeo foi filmado na Prelada no Porto, a ideia era que o local não fosse identificável e não tivesse nenhuma alusão que desmascarasse a cidade. Quanto mais te moves para fora do grande centro mais reparas como muitas delas acabam por ter elementos em comum, e este vídeo pode demonstrar isso. Foi filmado na Prelada mas poderia ter sido nos subúrbios de Londres ou Brooklyn, a diferença não iria ser assim tão marcante…


BC: Li numa entrevista que no disco que preparas usas os mesmos instrumentos em todas as músicas, deixando de parte as guitarras e sem a estrutura pop verso-refrão-verso. Foi um desafio sair da zona de conforto dos X-Wife para um registo mais liberal como produtor?

JV: Foi feito de forma livre, sem pressões seja do que for. Não tenho prazos para nada, as decisões passam todas por mim. Posso fazer tudo o que me apetece e se realmente acreditar numa canção e a quiser lançar como single posso fazê-lo. Por exemplo, se um baixo está estupidamente alto numa música mas eu o quero assim, posso fazê-lo. Há inúmeras vantagens, mas também desvantagens em trabalhares sozinho ou com outras pessoas. A parte de fazeres música com mais duas pessoas e partilhares com elas um resultado final do qual te orgulhas é de facto algo muito especial que cria uma relação muito especial e próxima com essas pessoas. Falo por mim, evidentemente.


BC: Ficaste satisfeito com o produto final do EP? 

JV: Sim, completamente. Não podia ter corrido melhor, desde as misturas, à masterização, à capa do vinil e mesmo aos vídeos.


BC: Qual é a tua faixa preferida? 

JV: A How I Feel é muito especial, por isso escolhi-a para primeiro single. Tudo encaixa nessa música: baixo, percussão, voz e synths


BC: Houve faixas que ficaram de fora? Porquê?

JV: Não ficaram de fora, escolhi 4 faixas para um EP que funcionam bem juntas e que têm o factor "pista" que as une. Por isso decidi juntá-las e pô-las num vinil de 12 polegadas para Dj’s. Tenho mais material que gosto muito, mas aquelas quatro funcionam bem juntas.


BC: Como é que têm sido as reações do público ao EP? E às performances ao vivo?

JV: Sinceramente surpreenderam-me, era algo novo e não sabia qual seria a reação. A verdade é que depois de muitos meses a trabalhar nas músicas começas a perder a noção de tudo. O EP tem tido ótimas críticas não só do público em geral mas também da imprensa e lojas de discos nacionais e internacionais.





BC: Já tive oportunidade de testemunhar o live band e ver os bons resultados. Em que se baseou a escolha para o grupo White Haus Live Band? Qual foi o objetivo e o critério de escolha?

JV: Sinceramente o critério foi muito simples. Não podendo ser o Fernando nem o Rui dos X-Wife (pois não faria muito sentido), tinham que ser músicos com os quais gostasse de estar e mais do que procurar as pessoas pelas suas capacidades, preferi convidar para o projeto aquelas com as quais sentisse que me iria dar bem na estrada e no palco. Quando andas na estrada passas muitas horas com a tua banda e técnicos e é muito importante que te sintas bem. Óbvio que a parte técnica é importante, mas se não sentes química ou não te identificas com os músicos, isso transparece e acabas por não tirar partido da experiência. Além disso queria marcar a diferença para os X-Wife, por isso além da ausência das guitarras acrescentei uma voz feminina (Graciela Coelho), um baixista multi-instrumentista que também toca synths (André Simão) e o Nuno Sarafa, que já me acompanha há muitos anos e é o baterista perfeito para este projeto.


BC: Desde que editaste o EP WHITE HAUS tens tido muitas datas, tanto em banda como em formato live ou mesmo Dj. Quais das três vertentes mais te emociona e “dá pica”?

JV: Todas. Aliás, o que me dá pica é mesmo o público, seja em que formato for. Podem ser vinte mil pessoas num festival ou uma sala com cinquenta pessoas. Isso não interessa, pois às vezes estás a dar tudo e o pessoal está noutra, enquanto noutras vezes é muito fácil se as pessoas estão predispostas para a festa e aí acabas por sentir as coisas de outra forma. O público é muito importante e não estou a falar em números.


BC: O que podemos esperar do disco que estás a preparar?

JV: Ainda estou neste momento a trabalhar no disco. Acho que vai surpreender.


BC: Li também que quando eras mais novo tinhas o sonho de ter um programa de rádio. O futuro pode passar por aqui?

JV: Não sei. Adorava ter um programa de rádio, mas isso já não depende só de mim. O futuro é continuar a fazer, a tentar, a trabalhar e a criar.

Catarina Bessa




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