Título: Torto EP
Edição: Dezembro de 2013, Lovers & Lollypops
Classificação final: 8.6/10
Há muito que,
nós portugueses, já nos aclimámos à ideia de que a Lovers & Lollypops, editora discográfica com raízes em Barcelos, é,
muito possivelmente, a label que mais
fulcral é para a música portuguesa neste momento; algures no início da década
fizeram nascer os gigantes Black Bombaim para mais tarde, com Titans, nos fazerem ver que está ali um
dos nomes mais sonantes da stoner rock contemporânea.
No ano passado catapultaram nomes, hoje unânimes, como Memória de Peixe, Throes
+ The Shine ou RA. Este ano, menos produtivo, é
certo, as vitórias dos barcelenses parecem reflectir-se, numa maior escala, em Jibóia EP, de Jibóia, Leeches, de The Glockenwise e no
recente EP homónimo dos Torto.
Os Torto
são um caso peculiar na maneira como fazem e pensam música; o escape a rótulos
é evidente: não se podia estranhar se os apelidássemos d’os Tortoise
da stoner rock. Tal como a sonoridade
dos norte-americanos, a música dos bracarenses portuenses assume um espectro mais
atmosférico e imprevisível e, propositadamente, menos explosivo. As linhas de
baixo fazem um apelo claro à importância do baixo pesado da stoner rock, as guitarras são tratadas
com classe q.b. para que nunca seja necessário fazer barulho a sério para ver
que está ali alguém que as sabe tocar e as baterias apontam-nos, na maior parte
das vezes, para o principal foco deste disco: o foco ambiental.
O saldo
final é extremamente positivo; os Torto respiram e fazem-nos respirar música,
malhos como “As coisas atrás”, “Tigre” ou “Polvo Sereno” são uma lufada de ar
fresco para o rock nacional. O disco desenlaça-se com “Barcelos”, local onde se
iniciou uma espécie de revolução na música portuguesa; a avaliar por este EP de
excelência dos Torto, apesar de portuenses, a revolução parece continuar: Avante, camaradas.
Emanuel Graça
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