terça-feira, 31 de dezembro de 2013

THE LAZY FAITHFUL - "NOTHING GOES ON" (2012, Ed. Autor)





Logo no homónimo "Nothing Goes On" somos presenteados com uma boa música de rock. Fica na cabeça e não tem segredos: rápida, com boa produção, um baixo poderoso, uma bateria sempre a abrir, guitarras simples e rasgadas e uma voz adequada ao estilo. E é isto, e é bom, e é até ao fim. Sentimos que somos transportados a velocidade de cruzeiro em carris bem oleados, com alguns percalços e agitações, mas sabendo sempre qual a meta onde chegar.


Ouve-se algo de Kaiser Chiefs, The Hives ou Franz Ferdinand, sempre acompanhado de uma arquitectura blues rock muito vincada. De facto, creio aqui residir um dos principais pontos a desfavor neste trabalho: se é certo que há garra nas músicas (ela é inegável, e ouve-se desde o explodir nas guitarras ao “descontrolo” da bateria), esta perde-se um pouco na estrutura das músicas, que nos traz uma linha condutora desde o início, e que limita algum descontrolo e naturalidade que vai fazendo falta à medida que ouvimos "Nothing Goes On". Essa contenção desnecessária, e a constância nas variações de conceitos ao longo das músicas, facilmente poderia ser resolvida, sobretudo reconhecendo a excelente qualidade da banda.




Ouvindo o início de "Apologise" e "Hostage Situation For Your Love" quase que fui enganado. Achei que o comboio ia parar e podia ir lá fora fumar um cigarro, ao som de um groove de rock oriental ou perder-me um bocadinho num soundsystem, mas rapidamente percebi que ia continuar...sentimo-nos sempre mais ou menos no mesmo registo, e se há casos em que isso é positivo, neste caso não creio que seja uma vantagem, sobretudo devido ao género abordado.

Dito isto, é de salientar a qualidade de execução e de enquadramento de instrumentos e voz, e também a qualidade de trazer cor e poder nesse registo muito fechado. Sente-se o blues, sente-se o rock, e sente-se do início ao fim.

Agradavelmente surpreendido com este trabalho, tenho curiosidade em ouvir os The Lazy Faithful num registo mais espontâneo, de música e voz menos processada e correndo mais riscos, com mais maturidade. Maturidade artística, sublinho, pois de execução técnica ela está lá e recomenda-se. Em geral não atribuo uma classificação, mas neste caso sinto-me impelido a dar: 8.4/10.


Hugo Hugon




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