Título: The First Time
Edição: Optimus Discos
Classificação: 6/10
Os Rosemary Baby não são a Semente do Diabo, quase se tratando do antónimo desta. Dizem eles que a sua inspiração vem diretamente do continente africano, apesar de sonoramente se localizarem tão distantes dele. Lá compuseram os primeiros registos como coletivo e no passado dia 25 de novembro foi altura de The First Time ser divulgado ao público.
Não obstante de ser o primeiro álbum editado por Bruno Rosmaninho (voz, guitarra e ukulele), Afonso Lagarto (guitarra e banjo), David Neto (baixo) e Johnny Dinamite (bateria), tal não acrescenta nada de incrivelmente novo ao panorama musical nacional. Esta é uma verdade que no entanto, não pretende soar como uma crítica negativa, já que no dicionário novo não é sinónimo de qualidade e os Rosemary Baby conseguem ser uma prova disso.
Num primeiro aspeto é preciso ver aqui algo projetado com melodias simples e fáceis de alcançar, de forma a ficarem rapidamente gravadas na memória. Com certeza que um frequente ouvinte de uma estação de rádio generalista ficaria agradado em poder conhecê-los durante a viagem de carro ou enquanto estivesse no emprego. Há letras construídas com temas bastante triviais e que como os próprios descrevem significam “coisas da vida, coisas do coração, alegrias e tristezas do dia-a-dia”, sempre “em inglês simples, fáceis de ouvir e sem pretensões.”
A certa altura quase nos lembramos de Madame Godard em Aurora (corria o longínquo ano de 2009). Talvez pelos temas abordados serem muito próximos, mas também pela sonoridade das duas bandas que apesar de temporalmente distantes conseguem preencher o mesmo espaço existente no cenário nacional.
Contudo, o ponto que poderá representar a grande falha deste trabalho está bastante à vista. Não é preciso ouvi-lo muitas vezes para descobrir aquilo que o torna heterogéneo. De Runaway para as restantes faixas existe uma diferença na sonoridade, e não que isso não possa existir, mas tal deve surgir conceptualmente, de modo a que essa alteração faça sentido. Esse conceito não existe aqui e além de quase quatro minutos completamente desencaixados existe ainda o acréscimo de não conseguirem estar ao nível dos restantes.
Este não é o disco do momento nem sequer constará na maior parte das listas sobre aquilo que marcou o ano. Nem deve ser essa a exigência de um ouvinte perante The First Time. A ser colocado no seu devido lugar, permite um bom momento a deixar lá longe e noutra modalidade aqueles que prometerão ser a revelação de 2013. E, com honestidade, a boa música está lá e isso é tudo o que realmente interessa.
João Gil
0 comentários:
Enviar um comentário