sábado, 28 de dezembro de 2013

ROSEMARY BABY - "THE FIRST TIME" (2013, OPTIMUS DISCOS)

Título: The First Time
Edição: Optimus Discos
Classificação: 6/10

Os Rosemary Baby não são a Semente do Diabo, quase se tratando do antónimo desta. Dizem eles que a sua inspiração vem diretamente do continente africano, apesar de sonoramente se localizarem tão distantes dele. Lá compuseram os primeiros registos como coletivo e no passado dia 25 de novembro foi altura de The First Time ser divulgado ao público.

Não obstante de ser o primeiro álbum editado por Bruno Rosmaninho (voz, guitarra e ukulele), Afonso Lagarto (guitarra e banjo), David Neto (baixo) e Johnny Dinamite (bateria), tal não acrescenta nada de incrivelmente novo ao panorama musical nacional. Esta é uma verdade que no entanto, não pretende soar como uma crítica negativa, já que no dicionário novo não é sinónimo de qualidade e os Rosemary Baby conseguem ser uma prova disso.

Num primeiro aspeto é preciso ver aqui algo projetado com melodias simples e fáceis de alcançar, de forma a ficarem rapidamente gravadas na memória. Com certeza que um frequente ouvinte de uma estação de rádio generalista ficaria agradado em poder conhecê-los durante a viagem de carro ou enquanto estivesse no emprego. Há letras construídas com temas bastante triviais e que como os próprios descrevem significam “coisas da vida, coisas do coração, alegrias e tristezas do dia-a-dia”, sempre “em inglês simples, fáceis de ouvir e sem pretensões.”




Posto isto, e compreendendo quem realmente são estes quatro senhores funcionando como coletivo, torna-se então possível encontrar algumas malhas muito bem conseguidas ao longo de todo o disco. Casos de Pressure On ou Days Are Over, a primeira com um registo em crescendo que serve de porta de entrada para os 25 minutos totais, e a segunda com a melhor guitarra presente a dirigir o comando da balada, e que torna tudo ainda mais mágico aos 42 segundos.

A certa altura quase nos lembramos de Madame Godard em Aurora (corria o longínquo ano de 2009). Talvez pelos temas abordados serem muito próximos, mas também pela sonoridade das duas bandas que apesar de temporalmente distantes conseguem preencher o mesmo espaço existente no cenário nacional.

Contudo, o ponto que poderá representar a grande falha deste trabalho está bastante à vista. Não é preciso ouvi-lo muitas vezes para descobrir aquilo que o torna heterogéneo. De Runaway para as restantes faixas existe uma diferença na sonoridade, e não que isso não possa existir, mas tal deve surgir conceptualmente, de modo a que essa alteração faça sentido. Esse conceito não existe aqui e além de quase quatro minutos completamente desencaixados existe ainda o acréscimo de não conseguirem estar ao nível dos restantes.

Este não é o disco do momento nem sequer constará na maior parte das listas sobre aquilo que marcou o ano. Nem deve ser essa a exigência de um ouvinte perante The First Time. A ser colocado no seu devido lugar, permite um bom momento a deixar lá longe e noutra modalidade aqueles que prometerão ser a revelação de 2013. E, com honestidade, a boa música está lá e isso é tudo o que realmente interessa.

João Gil




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