domingo, 17 de novembro de 2013

MÁRCIA - "CASULO" (2013, EMI/Valentim de Carvalho)



Título: Casulo 
Edição: EMI/Valentim de Carvalho, 2013
Classificação final: 7.0/10

"Casulo" é o segundo álbum da cantautora Márcia. Neste seu trabalho, Márcia aproveita para tecer um novo mundo que a protege de um Portugal atroz e de uma Europa avessa. Intimista, calmo, doce como os tempos pedem.
Mas a mãe preocupada não se deixa fechar no seu mundo solitariamente: apoia-se no seu companheiro e convida todos os amigos - afinal o sentido de camaradagem permanece saudável e Samuel Úria retribui em "Menina" a colaboração de que beneficiou em "Eu Seguro - e fãs a entrar para um longo momento sereno, tranquilo, que com certeza irá apaziguar muitas guerras interiores ou exteriores.


Em cada canção persiste algo que inevitavelmente mexe connosco e a que é impossível ficar-se indiferente. Pudera: o que nos leva rapidamente a aceitar o convite da autora para entrar profundamente em "Casulo" está no escrever de muitas destas canções enquanto fazia percursos por Lisboa de transporte público, como observadora nata sobre o que a atormenta e também o que atormenta as pessoas, em directo (havendo no álbum bastantes referências ao estado socioeconómico que paira em Portugal). As inconformadas canções harmoniosas deste trabalho apelam a tempos de mudança, despertam a consciência, provocam uma evolução da consciência, luzindo peculiarmente numa linha melódica sóbria, doce, pura e sublime.





Da experiência de concerto, do tom de brincadeira de "Dêem as boas-vindas aos metaleiros", os metais, como o xilofone, surgem, bem-vindos, a completar a pop contemporânea onde existe sempre uma guitarra que vai desenhando a melodia através das suas ressonâncias, acordes arrojados e servindo-se de um slide capaz de acalmar tumultos e devolver-nos a calma interior. 


Falamos de um álbum simplista e despretensioso, preocupado com o futuro, cheio de alma, embebido por uma melancolia doce que acaba por nos envolver. Não é uma impossibilidade entomológica de que daqui brote uma borboleta desenvolta, cheia de personalidade que aparecerá numa manhã de nevoeiro e anunciará os tempos de mudança com um novo rumo. Tempos, também, da sua própria mudança e consolidação.



João Ribeiro




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