Título: Sorriso Parvo
Edição: Monster Jinx, 2013
Classificação final: 6.8/10
Com o selo da Monster Jinx, J-K lançou o seu terceiro trabalho, desta feita o álbum com o título Sorriso Parvo, que já vinha sendo construído desde 2009. Uma viagem em 13 faixas, que conta com as participações de Beware Jack, Diaphra, Maze e Stray. A produção instrumental ficou a cabo de DarkSunn, Taseh e Raez, que têm trabalhado com a editora.
De todo o coletivo da Monster Jinx, J-K é talvez aquele que mais se aproxima de um público-alvo que espera temas paradoxais, reflexão em rimas e histórias sobre a vida. Casos das faixas Mais nada ou A Ilha, que falam sobre o tema tão banal que é o amor e o transformam em situações paralelas e com uma linha de pensamento bastante coesa e alternativa ao habitualmente abordado. Mas já lá vamos.
O álbum abre com Organograma. Na nova escola de MC’s é muito fácil encontrar alguém que toque vários temas de forma generalista numa única faixa, fruto de influências e referências cada vez mais vastas. Utilizá-lo como introdução a um álbum, em formato de apresentação de tudo o que vai ser referido é um dos pontos fortes de Sorriso Parvo. Não porque seja a primeira vez que alguém o faça, mas pela faixa por si só, com um instrumental leve e algumas quebras que, não parecendo artificiais, servem o seu propósito. Fora de Horas encaixa que nem uma luva logo de seguida, no instrumental com a linha de baixo cozinhada no ponto.
As próximas quatro faixas são uma autêntica lição para a maioria dos MC’s que pretendem lançar, nos próximos tempos, um projeto com faixas sentimentais sobre essa coisa chata que é o amor. Ponham os ouvidos nelas, pois J-K mostra como é possível dar quatro de seguida sem nunca soar ao mesmo. O segredo está numa linha de escrita concreta sobre a verdadeira história contada em cada faixa, ao invés da típica generalização que transforma em igual quase tudo o que podem ouvir sobre o assunto.
Voltar a Casa e Varanda são duas das faixas com participações, e diria até que soam ao ponto que divide o disco em duas partes. Beware Jack e Diaphra cumpriram o seu trabalho, com participações que não sendo muito vistosas, não fogem ao seu objetivo. Já Maze, que participa na segunda faixa, é convidado de honra numa daquelas que, provavelmente, mais cativará quem já mantém contacto com o rap há uma chuva de anos. Apesar de tanto J-K como Maze justificarem o destaque de Varanda, o ponto mais forte é o instrumental, produzido por DarkSunn.
A Piada não tem piada sem ouvir Mãos Soltas, esses dois minutos e cinquenta e dois que pedem para aquecer as ancas, com um instrumental clássico onde é preciso saber o que fazer por cima dele para não ser abafado. J-K a demonstrar, por isso, que sabe ser um rapper bastante polivalente, e obviamente sempre a deixar bem presente o seu registo.
Fica a faltar Henna Negra e Sorriso (Parvo). Se a primeira é a boa surpresa guardada para o quase final do álbum, com um registo que pode fazer lembrar o Nerve (nota a inserir: ler isto sem conotação negativa) em músicas como Pedra Gelo, Sorriso (Parvo) está em excesso, é uma justificação desnecessária para o título do álbum, que, apesar de servir o seu propósito de nota final, não está ao nível do resto. Apesar disso, vale a pena passar os ouvidos por Sorriso Parvo. J-K não está só pelos aperitivos e oferece o disco que, sendo interessante para começar a ouvir num solarengo domingo à tarde, com certeza vai captar a atenção de alguns ouvidos.
João Gil
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