sexta-feira, 25 de outubro de 2013

OS ARTISTAS PORTUGUESES NO JAMESON URBAN ROUTES



A edição de 2013 do Jameson Urban Routes continua a pautar-se pela atenção dada aos artistas nacionais, aproveitando também o bom trabalho de quem o organiza e gere o clube lisboeta Musicbox: rodeando-se das mais diferentes propostas para, mais do que divulgar, ajudar a decorar novos nomes, como os das pérolas da Príncipe Discos, ou dar o poder de sugestão a músicos que serão logo rotulados como bons conselheiros por inerência à sua própria produção.

Nesta edição, embora distribuídos por todos os dias da programação, alguns dos nomes portugueses do cartaz concentraram-se logo ao dia de abertura, dia de showcase gratuito para o público, onde estiveram alguns dos responsáveis pelas carreiras dos The Knife, Destroyer ou Chromatics com bons conselhos para as carreiras de Filho da Mãe, Throes + The Shine, The Quartet of Woah, DJ Ride, Bangkok Snobiety, ou Sleepwalker.

Com canções novas, Rui Carvalho fez mais uma vez uma demonstração da sua música não aconselhada a comuns mortais. Uma guitarra acústica, uma luz, um banco e algumas muito boas projecções vídeo são factos suficientes para que o público que enchia o Musicbox começar intrigado e não desistir dos momentos seguintes - como o Filho da Mãe salientara, estariam ali mais uns quantos que poderiam desertar se o gratuito não fosse suficiente. É com o progredir da actuação que todos os presentes entram numa deriva colectiva arrepiante em que todos os ritmos e momentos de qualquer música imaginada se concentram na exploração dedilhada daquele espectáculo. Obviamente, "Helena Aquática" foi a imagem de uma intensidade raramente vista em palco por estes dias.

Poder-se-ia dizer que sobre os Throes + The Shine a matéria está toda dada até ao próximo disco. Contudo, em dia de conquistar novos admiradores, o convite "Vamos dançar" traduzido numa das canções do disco a sair no próximo ano foi alicerçado com o flow e o charme do kuduro e a aspereza do rock mais turbulento, corpulento que não se estranhava com tanto calor. Não interessava (e daí, poderá ser engano) sequer que o público lisboeta, de tão desarmado, não soubesse como desfrutar de um espectáculo em que ele próprio era integrado pela banda à sua frente, nem que muito menos soubesse se deveria tomar aquilo como um guilty pleasure ou da mesma forma que poderia idolatrar o aproveitar da fruta da terra como ao passar por um disco de Diplo. Depois dos aplausos e de o tempo ter passado demasiado depressa, a lição estava terminada.

Super Bock Super Rock 2013: nasce um mito urbano do rock n' roll português chamado The Quartet Of Woah. Há, ainda hoje, um antes e depois daquele concerto frenético para "Ultrabomb", o disco de estreia do quarteto lisboeta. Prova disso foi a recepção galáctica já pela madrugada ao longo de todo o concerto.
É verdade que os dados estão todos lançados, que a sonoridade é mais do que clássica e recalcada no subconsciente de quem já experimentou voltar à época dos papás, mas é raro uma estreia parecer em si o final épico de um ciclo. O som endurece e avoluma-se, quatro músicos descobrem enfim o que procuraram noutros projectos, pequenos segundos despontam gigantes correndo para 4, 5, 6 minutos e recriam emoções escondidas sob a carga de uma palavra: "tradição". É verdade que, em boa época de revivalismos, andam muitos à procura das sensações que não são deste tempo. É verdade que é fácil dar-lhes rock para os sentidos. É, tão somente, admirável que os The Quartet of Woah consigam fazer construindo em crescendo as suas próprias canções e não perder o que com taunts e "vivas" ao rock se revolta de um momento para o outro contra eles próprios. Está aqui um belo desafio para um segundo disco.





A hora já ia adiantada e já não foi possível ver e ouvir com atenção o resto do alinhamento. Na segunda ronda do Jameson Urban Routes, depois dos bons exemplos White Haus (em estreia como live act), Octa Push, Niagara e Xinobi há quase tantos nomes nacionais, todos a ter debaixo de olho, como os da noite inaugural. Riding Pânico, o regresso dos If Lucy Fell, Nigga Fox e Batida prometem coordenadas diferentes para a mesma descoordenação dançável. As expectativas duram só até mais logo e/ou Sábado, no mesmo sítio, a partir da meia-noite.


André Gomes de Abreu 




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