Edição: Outubro de 2013, Ed. Autor
Classificação final: 8.1/10
Tal como
aconteceu com Insight (ler crítica
aqui), Main Dish também aguçou o apetite para o seu próximo álbum, intitulado
Oneiric e que sairá numa data próxima
de brevemente, através de um lançamento de uma quantidade de gravações que
pairava pelo seu computador – que juntamente com a sua guitarra forma a
panóplia instrumental de que se serve. Este
Inverno, assim o chamou, reflecte uma mudança brusca ao que o jovem
portuense nos tinha aclimado.
Em primeiro
lugar, e aquilo que mais se sente, importa referir que se pensávamos em Main
Dish como um artista que explorava as visceralidades que a lo-fi podia conferir às suas canções, Este Inverno diz-nos para esquecê-lo nesse
registo; as suas músicas já não se denotam tão polidas de pureza e, por isso
mesmo, evidenciam-se aprendizagens que se adquiriram no tratamento áudio de
modo a que estas não soem tão “caseiras”. A
priori, e para quem quase ama a baixa-fidelidade, isso seria um aspecto
negativo. A posteriori, estamos
felizes com esta evolução: afinal de contas a música continua maculada e a profundidade
lo-fi, agora reduzida, continua a
conferir uma beleza incontestável a Main Dish.
Outra coisa
que incontornavelmente está diferente é a maneira como Este Inverno foi editado: sente-se a preocupação em aligeirar o
grau de dificuldade de digestão que tínhamos vindo a ter com Girls With Hats Are So Lovely ou Insight. Está um EP mais abrangente,
mais feito a pensar nas pessoas. Porém, não se pense que a sua essência tenha
mudado; continuam a existir vestígios incalculáveis de pós-roque britânico dos
anos noventa (destaque para “Cold & Rainy”, que brota Bark Psychosis por tudo
quanto é sítio) e ambiências shoegaze repescadas
das melhores fontes.
No final das
contas, contam-se três músicas belíssimas (“Cold & Rainy”, “Ela não disse” –
malhão dos grandes e a única música com vertente vocal – e “Maria Inês”) e mais
duas músicas que com nomes curiosos: “Hope”, alguma tentativa de referência a Godspeed
You! Black Emperor? Acho que não. E “Derivada”. Contudo, mais do que
isso; contam-se os dias para que chegue Oneiric.
Este Inverno pode não reflectir o mais coeso dos discos, mas se for entendido
com um conjunto de músicas soltas – que o é, na verdade -, acaba por ser o
melhor que Main Dish nos trouxe até agora. O melhor disto? É que toda a
sua música tende a ser grower. Venha
daí Oneiric.
Emanuel Graça
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