Kneel é o projeto a solo
de Pedro Mau (ex-baterista de Kneeldown e baterista de Wells
Valley) que tem neste "Interstice" o seu álbum de estreia.
Não fosse este motivo de interesse por si só, acresce o facto de o registo ter
sido produzido, masterizado, composto e tocado na íntegra por Mau e contar ainda com os préstimos vocais de Filipe
Correia dos Concealment.
O trabalho revela-se como uma verdadeira muralha de som que decerto
entrará na lista de favoritos dos fãs de metal mais matemático e ritmado
notabilizado por bandas como The Dillinger Escape Plan e Messhugah
bem como uma boa dose de groove ao estilo de Machine Head. No entanto,
tentar encaixar "Interstice" neste ou naquele subgénero seria demasiado limitador
para o trabalho apresentado.
Se imaginarmos um tanque equipado com a última geração de material bélico em que as metralhadoras seriam munidas por riffs agressivos e os mísseis seriam substituídos por disparos de bateria a um ritmo alucinante, não estaremos muito longe do que encontraremos aqui. As músicas presentes no disco não fogem muito do trilho traçado para este trabalho onde ritmo impera e o groove é quem manda.
Em "Murmurs", "Amend", "Occlusion" e Lessening,
esta última com uma break que confere uma dinâmica bastante interessante,
ficamos na presença do típico groove metal que nos impulsiona a tornarmo-nos em
verdadeiros headbangers. "Absence", por seu turno, funciona como um pequeno intervalo que nos dá um breve descanso de modo a
ganharmos fôlego para o que aí vem, materializando-se em mais uma descarga de
agressividade e ritmo intitulada "Cloak",
com especial destaque para a prestação da bateria, instrumento em que Mau se
notabilizou. "Debris" é "mais do mesmo", figurando uma boa dose de riffs palm-muted mecanizados como é apanágio do
género e "Thrall" entra a matar - é,
provavelmente, a faixa mais ritmada e agressiva das nove que compõem este
trabalho, com especial destaque para a excelente prestação vocal de Filipe Correia.
Na mesma senda, "Interstice" fecha com "Sovereignty", tema que segue o mesmo caminho do álbum e que acaba de uma forma mais calma esta experiência sonora absolutamente fustigante para os tímpanos dos ouvintes.
Na sua globalidade, este LP funciona como uma peça homogénea
em que os riffs marcadamente djent, o
groove e o ritmo, bem como as vocalizações agressivas, contribuíram para a
conceção de um álbum de estreia poderosíssimo naquela que é o retorno de um
nome grande do metal português.
Hugo Gonçalves
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