Chegam de Monção como um quinteto para conquistar auditório e esgrimem 6 canções no que chamam de "mini-álbum" homónimo. Para tornar mais difícil a tarefa, os Killer Mustang afirmam-se cansados pelas fronteiras de um único género musical: guiados por uma voz ora Charles Sangnoir-like (La Chanson Noire) ora Mike Patton-like, guia espiritual destas canções, há espaço para post-punk, ska, rock e até metal enquanto os idiomas e a variedade da world music se encarregam de os reinterpretar e de os complementar.
Assim se apresentaram em Paredes de Coura, por via do concurso "JN Bandas", e noutros palcos de relevo para quem procura sair de baixo - Termómetro Unplugged e Rockastrus.
Chegaremos ao final deste EP depois de um desencontro gigante de ritmos e sons, sem saber muito bem como o tratar, e com a sensação de que "Un Caballo Llamado Trueno", "Crossing The Great Barrier" e "Recuerdo" são mesmo os seus pontos fortes. Contudo, inspirados por alguns projectos, mais ou menos festivos e/ou soturnos, que tiveram abordagens semelhantes, os Killer Mustang esforçam-se por impactar fazendo brilhar valsinhas assustadoras e loucas em português, pagodes kusturicanos em castelhano e equilibrismo em inglês com rock a arder. Tudo isto com um conceito de segregação associado mais ao que se quer transmitir (do falhanço dos políticos em serem cidadãos à revolta interior destes) e à laia do que as canções vão pedindo do que a criação de um melting pot desinspirado e incompleto, feito de simples réplicas. De facto, prever que o tema seguinte possa vir na mesma senda não afecta a sua fruição - lembramo-nos logo das comparações recorrentemente feitas com os Rage Against The Machine que nenhuma influência têm no alerta para os Skills & The Bunny Crew.
Fica a pergunta do que um álbum longa-duração poderá trazer, acrescentar por fim ao trabalho dos Killer Mustang. Para pouco mais de 25 minutos, o arrojo com que se procura ser bem-sucedido com alguma originalidade e amor-próprio é de bom calibre.
André Gomes de Abreu
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