Título: Shanti
Shanti
Edição: 08/2013, Ed. Autor
Classificação final: 8.7/10
Para quem
não leu (quase ninguém, certo?), os Al Fujayrah foram um dos nomes
mencionados como uma das grandes apostas musicais portuguesas para o futuro
mesmo sem terem nada editado àquela data. Existiam somente pequenas amostras,
porém suficientemente grandes para nos apercebermos que seriam um caso bastante
interessante; primeiro, os ritmos arábicos da sua sonoridade são, arrisco-me a
dizer, exclusivos no que à música nacional diz respeito. Segundo, o silêncio
que compassava as suas músicas era algo que, tendo em conta a sua filosofia
alicerçada entre o post-rock e uma stoner aligeirada, davam uma dimensão
irreversivelmente diferente à sua música (um pouco ao encontro da essência de
uns Slint,
só que no fundo nada a ver). E em último, só tínhamos vontade de poder ouvir
mais e mais.
Acontece que
os “putos” decidiram ir ao Estúdio Sá da Bandeira, no Porto, gravar o seu
primeiro registo. Shanti Shanti
mostra-nos uma faceta diferente daquela que o trio prometera: as guitarras
acústicas já quase não existem, a sua música está mais robusta, preenchida,
barulhenta. Os vazios sonoros estão mais ocultos (“culpa da produção”), mas
continuam a lá estar assim como a máxima que a sua sonoridade é comandada por
riffs brilhantes – é, sem dúvida, no trabalho de guitarra que os Al
Fujayrah ganham. Não vos vou mentir: confesso que gosto muito mais de
uns Al
Fujayrah em modo menos electrizante, mais acústicos e cientes que é no
silêncio das suas músicas que antecedem a habitué “explosão” que está a sua
magia. Contudo, não dá para negar a viagem simultânea pelos seus dois mundos; e
viaje-se a 8km/h ou a 80km/h, velocidade que se sente como constante em quase
todos os desenlaces das suas composições, não há como dizer que ela não é boa.
A verdade é
essa: Shanti Shanti é um disco que
patenteia uma vertente mais post-rock
do que qualquer outra coisa, porém sem as ambiências que, a priori, fariam as transições dos ritmos mais contidos até aos
habituais crescendos – isso é bom: sabe bem encontrar, de vez em quê, um disco
que se tente esquivar à previsibilidade do seu rótulo. Pelo meio dele, ritmos
arábicos ou catalães, riffs pesados,
batidas lentas (o ritmo do disco é globalmente lento) e um baixo que nos lembra
a importância que a stoner teve na
sua construção. No fim, recordamos um EP de estreia soberbo repleto de músicas
excessivamente viciantes como “Tartaruga”, “Inverno na Catalunha” ou “Jihad”.
Estes miúdos têm tudo para poderem triunfar e o triunfo não será um mero
triunfo; será uma certeza de que quem faz por si sem recorrer a vitórias já
atribuídas sente ainda mais o valor do triunfo.
Thanks to: Daniel
Lopes, Jorge Carmo, João Vilar and all their friends and family.
Emanuel Graça
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