quinta-feira, 12 de setembro de 2013

AINDA TENS QUE OUVIR #7: PROCESS OF GUILT - "FÆMIN" (2012, Division Records/Bleak Recordings)





Já fez um ano desde que saiu "FÆMIN", o sucessor de "Erosion", anterior trabalho dos 4 eborenses Process Of Guilt. Mais crescida e chateada do que nunca, o grupo deu-se finalmente a conhecer a um publico mais abrangente. Ainda que para um publico atento, já não seja preciso andar-se a vasculhar tão fundo ou levantar tantas pedras para se chegar ao nome de Process Of Guilt. Pode-se mesmo dizer que se tornaram um nome enorme para qualquer pessoa que esteja minimamente informada em relação ao mundo da música, goste-se ou não.

O conceito não é propriamente novo mas que ninguém se atreva a dizer que para português não é mau. Ou que para português é bastante bom. Estamos a falar de quem que tem perfeitamente noção do que faz e do que quer fazer. Não é uma banda que pretende soar a qualquer coisa que ainda não tenha chegado a Portugal e que, como tal, tem mais hipóteses de brilhar. Não, os Process Of Guilt são uma banda a sério. Fazem música a serio e não são bons dentro do seu género: são bons. E 
"FÆMIN" foi, quase sem duvida, o melhor álbum editado em Portugal no ano de 2012: desde aí não houve nenhum que conseguisse chegar perto. 





Lentamente, sempre lentamente, o álbum começa por criar uma atmosfera que embora quase suave transmite logo uma violência avassaladora que cativa ao primeiro acorde de guitarra. Um baixo vai-se suavemente introduzindo e ganhando uma força que prepara para tudo o que pode dali vir. Nem se dão por terem passado dois minutos e já entrámos num transe que nos agarra daqui em diante. A voz entra, mas não rebenta, vem acentuar a raiva, a dor. Vem crescer em nós todas as assombrações dos Process Of Guilt. Mas faz-se cara: a canção explode e as emoções transmitidas explodem também, quase que como necessitássemos daquela explosão, de um alívio. A raiva dos POG faz-nos ir buscar todas as nossas angústias vividas ao longo da vida e sem nos apercebermos já estamos de punho cerrado, dando uma nova força para encarar o futuro de frente da mesma maneira que se encara um inimigo, com o maior desdém possível.

A experiência entre o dominante (post-)doom metal, sludge monolítico e um industrialismo quase acluofóbico pode ser compreendida melhor após ver os POG ao vivo, num álbum que se acaba de ouvir com cara de mau e com vontade de andar à porrada, um registo que transmite sentimentos como poucos já fizeram. 
Muito provavelmente, um trabalho que elevou os Process Of Guilt a melhor banda nacional.



Luis Julião




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