Título: Currents
Edição: 22 de Agosto de 2013, Cakes and Tapes
Classificação final: 9.0/10
Under The Quiet Sky EP, registo de estreia dos Plane
Ticket e o meu EP favorito do ano passado, assim o prometia: o quarteto
de Torres Vedras é especial, tem identidade própria sem que para isso o seu ADN
não esteja maculado de boas influências. A estreia nos longa-durações acontece hoje com o lançamento de Currents numa nova
parceria com a Cakes and Tapes.
Para abordar o som que os Plane Ticket nos
condimentam é necessário falar de Interpol, de post-punk revival, de new wave
e de indie rock genérico. E quando
falamos de Interpol importa dizer que falamos deles nos seus melhores
tempos, tempos de Antics mas,
sobretudo, de Turn On The Bright Lights.
São estas duas obras as grandes influências para Currents, tal como tinham sido outrora para Under The Quiet Sky; há linhas de baixo estupendas, bem ao estilo
do que o movimento impulsionado pelos Joy Division pede, há guitarras bem
aguçadas que, embora nunca tenham um riff
capaz de nos deixar boquiaberto, estão sempre no sítio certo – é a tal história
de Johnny Marr e dos The Smiths, um homem que nunca precisou
de demonstrar ter uma barba rija para ser um guitarrista tremendo -, há até
sintetizadores bastante leves e há vozes que se assemelham àquela que Paul
Banks patenteou no legado da post-punk
revival. Mas nem só disso vive Currents:
há vestígios, mesmo que a espaços bastantes curtos, de um indie rock leve ainda quase na sua fase embrionária digno de uns The
Dandy Warhols ou até de uns Pavement.
Além da boa mistura de influências, a estreia do quarteto é
marcada por ser bem escrita; sempre com as temáticas do passado, do que ficou e
do que está para vir, duma mente sã, de uma esperança em ver as coisas a
tornarem-se melhor à deriva. Existe muita repetição nos versos, mas o post-punk é mesmo assim: um ciclo
interminável de repetição, quer sonora quer ideológica. «Do you want to hear the same words? / Cover your records, cover your
records, cover your records».
Em suma, Currents
cumpre aquilo que Under The Quiet Sky prometia e expõe os Plane Ticket como um nome maior da montra alternativa nacional;
a sua música é simples, sem merdas, de fácil digestão e facilmente nos faz
ganhar consciência que aqui está uma banda que se exsurge ouvir e acompanhar
futuramente (Stanligard e Into The Ground que o digam). Se Under The Quiet Sky
foi um dos melhores EP’s de 2012, Currents
tem tudo para ser um dos grandes álbuns nacionais deste ano. Bigmouth strikes again.
Emanuel Graça
2 comentários:
*Torres Vedras
Leonardo, reparámos antes na "gralha" e já a corrigimos de qualquer maneira. Obrigado pela atenção :)
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