segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PAPAYA - UM/I (2013, Adagio 830/Lovers & Lollypops)




Que nada os pare. É assim que 2013, a par dos Heats e de Sequin (como exemplos), chegamos ao ponto em que se materializa o trabalho de mais um dos projectos associados a figuras da nova música portuguesa cuja criatividade e mesmo as suas próprias referências e fontes de inspiração aguçam a sua actividade. Os Papaya são três quintos dos Adorno, uma das melhores bandas portuguesas com ou sem atenção mediática e agora com um dos projectos laterais mais excitantes do ano.

O LP de estreia, "UM/I", tem 8 canções para pouco mais de 10 minutos que, embora não tendo tarifa horária, os modelos do post-hardcoremath-rock e indie-punk com ligações trabalhadas a um tropicalismo de gosto psicadélico levam a que cada segundo se encha de pormenores ou de adrenalina máxima que tem que ser espástica e directa. Se os rumos de Steve Albini e Angus Andrew e o swing dos Gang of Four são incontornáveis no que toca a balizar o que fica na memória de momentos demolidores como "Chrome" e "BXAXDX" lado a lado com as melodias vocais de "Mountain" e "For The Sun", é muito importante integrar o trio no catálogo da Adagio 830, label repleta de seminais fúrias de quem toca as suas músicas porque há suor que perdeu há muito os votos anti-sistema mas que continua a ser um vício de auto-preservação e crescimento. Chega a ser sobretudo desarmante a forma como a versatilidade oferecida pelas fontes de alimentação em direcção ao fade out é, em qualquer ponto do percurso, colo que absorve todo o tipo de choque ou desafio sónico intencionalmente escolhido onde musicalmente não tanto se espera.






Este é um daqueles casos em que os minutos de duração deveriam ser mais e vistos como minutos de uma fama eterna. Mas hey, como também parece que andam a preparar mais músicas, se tal como os Riding Pânico os Papaya me perguntassem "Fazias melhor e maior, seu cabrão, filho de uma grande ****?", não teria, como nunca tenho, uma resposta à altura. Amigos para sempre e vemo-nos aí numa lista qualquer de melhores do ano, boa? Cumps.



André Gomes de Abreu




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