segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Juseph - Novae EP (2013, Ed. Autor)

31 de Outubro de 2012, noite de Halloween, noite de enigmas, escuridão e de um tamanho grau sinistro. Noite em que os Juseph, banda de Vale de Cambra, davam um dos melhores concertos a que já tive oportunidade de assistir na já querida Associação Cultural do Mercado Negro, em Aveiro, com uma sonoridade sombria, bem apropriada para a celebração da noite dos mortos. Até então, o quarteto actuava sem ter nada editado. Após meio ano, eis que pude comprovar realmente aquilo que o concerto me tinha prometido: os Juseph são um nome a ter em conta no cenário underground da música portuguesa, e o seu primeiro registo de estúdio, um EP intitulado Novae, é a prova disso mesmo.

Em primeiro lugar, quando falamos de post-metal de cariz instrumental associada a composições de esqueleto mais a esquivar-se para o post-rock é quase inevitável não cair em clichés. E os Juseph, por muito bem que cumpram a sua missão, não conseguem despertar-nos uma sensação que não “Onde é que já ouvi isto?”. Sim, já ouvimos isto. Conhecemos os poderosos Russian Circles, que virão a Portugal para actuarem na edição deste ano do Amplifest. Conhecemos os Pelican ou até mesmo os Caspian, na sua vertente mais pesada. Porém, não se pense que só das cinzas dos acima mencionados serve de pólvora para a bomba que a música dos Juseph, por vezes, consegue revelar-se.


Existem devaneios pela sludge, batidas lentas, riffs lentamente pesados; uma abrasividade bastante característica que podemos encontrar no movimento e na qual os valecambrenses se apoiam em muito para compor. Por vezes, há, mesmo que numa muito curta-duração, lembranças de Isis ou The Melvins (só que sdds voz, ou não). E é com toda a certeza que vejo discos como Panopticon ou Bullhead como uma influência crucial para Novae. E sobre isso, meus caros, só podemos estar felizes.

Contudo, nem só de coisas boas se faz Novae. Por vezes, e uma coisa que me deixou algo apreensivo quanto ao disco, foi a produção do mesmo; às vezes a produção soa-nos adversa ao movimento em que a banda se desloca: em certos momentos, parece que quando a batida rebenta não rebenta da maneira que devia. Explode de uma maneira contida, quando parecia que ia explodir como uma bomba atómica. Outro dos pontos menos bons de Novae é o facto da bateria, por vezes, parecer não acompanhar o ritmo frenético do baixo e das guitarras, como se nota, sobretudo, em Stone Walls. Do lado inverso, e escolhendo as melhores peças individuais do EP de estreia dos Juseph, devo referir as faixas Theodora e Novae.

Em suma, com Novae, o quarteto valecambrense Juseph, diz-nos que há mais um nome a ter em conta na cena post-rock/post-metal portuguesa. Não que fosse nada que não estivesse à espera (quem já os tivesse visto ao vivo antes de editar qualquer coisa já devia ter ganho consciência disso mesmo), mas é sempre bom ver uma promessa cumprida. E os Juseph cumpriram-na, e com distinção. Mas que bela estreia!

Classificação final: 8.0/10 - sítio oficial dos Juseph


Emanuel Graça




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