sexta-feira, 9 de agosto de 2013

FUSING CULTURE EXPERIENCE - DIA 2




O dia 2 do FUSING Culture Experience deu para apreciar com mais cuidado todo o potencial do festival. O cenário idílico do Palco Sunset com vista para o mar, o calor abrasador que até fez suar os dançarinos mais fraquinhos que não ousam nunca dançar e a areia que foi a pouco e pouco tomando conta de quem quis usar sapatilhas e não havaianas.




Aí, JIBÓIA deslumbrou. E houve uma consensualização mais alargada com o nome escolhido por Óscar Silva para se apresentar a solo, que já vagueava pelo centro da cidade com algumas tonalidades do artista, parcialmente dissimuladas (ou disseminadas) pelo vento. "Uadjit", cantada pela mística Ana Miró, serpentaria em nós até ao final do dia, até ao final do festival (como os PAUS no final do dia anterior). 

Com um concerto dado à hora certa e horários já sem atrasos, sobrara com um intervalo de quase duas horas para nos perdermos pelo Palco Sunset de passagem com uma performance de beatboxing. Pela parte da comida, as pizzas chamavam a atenção (só descobrimos no dia seguinte que havia sandes de leitão fenomenais!). 

O palco principal podia parecer demasiado grande para eles. Mas os JUBA demonstraram, lá pelas 21h40, que a presença deles naquele sítio fazia todo o sentido. Sem disco ainda editado, não deixaram de impressionar, convencer e deixar muito boas esperanças para o futuro. Entre as várias que se vão conhecendo, tornou-se óbvio que a sua malha mais conhecida, "Bloodvessels", foi um dos sucessos.




No lado oposto, esperava-se com ansiedade a atuação de Da Chick, a artista e rosto da cada vez mais (re)conhecida D.I.S.C.O.Texas. Se pusermos de lado os problemas de micro na primeira música, podemos dizer que Da Chick contribuiu muito para que o público da Figueira, que nem sempre foi dos mais reativos e ativos, acordasse de uma vez por todas, muito ajudada também pelos seus dois dançarinos e a sua hiperatividade caraterística. Até "Monsta", uma música "que não fazia há bué", surgiu em grande.
  





No Casino, acordámos para outra grande experiência: António Zambujo e Samuel Úria em palco com o Rancho dos Cantadores da Aldeia Nova de São Bento, com a chancela, e não poderia ser de outra forma, de A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria. Havia uma surrealidade normalíssima, um junção de opostos que nunca, à partida, imaginámos poder dar um resultado tão óbvio, muito por culpa da simplicidade de António Zambujo que nunca quis sobrepor-se ao trabalho do rancho alentejano. E fez bem, porque a potência vocal desses jovens e menos jovens derreteu um Casino cheio que provavelmente não voltará mais a ter rancho dentro das suas quatro portas um dia. Para além do mesmo culto prestado, Samuel Úria salientou ainda o facto de se sentir em casa na Figueira por lá ter os seus pais a viver, num resumo de um concerto em que se viu que momentos especiais exigem raízes profundas.


Cabeças de cartaz, os Orelha Negra encantaram naquele que foi claramente um dos momentos fortes de Sexta-feira. Os abundantes medleys entrecruzaram-se com alguns dos temas do colectivo, bem ao jeito da mais recente mixtape, com as homenagens ao hip-hop, ao funk, aos Estados Unidos e a Portugal, com vários samples para todos os gostos. Já a Moullinex, não se sabe se pelas expectativas elevadas antes da sua subida a palco, parece ter faltado algo entre a garra de Da Chick e maior afinação nas vozes que se ouviam. Nem o grande "Take My Pain Away" salvou que, na perspectiva de se assistir nos dias seguintes a novos momentos de realce como alguns deste dia, tenha ficado um ligeiro desapontamento, em particular, com o encerrar da noite.






Texto de Mickaël C. de Oliveira

Fotografias por Bruno Batista





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