quarta-feira, 10 de julho de 2013

THE SOAKED LAMB @ MUSICBOX, LISBOA, 4/7/2013 - REPORTAGEM




Com uma naturalidade a destoar do clima desconcertantemente quente que se fez sentir, os The Soaked Lamb subiram a palco para mostrar o seu novo single editado em vinil, do qual "Palhaços" saltou também para a tela do MusicBox, em conjunto com a restante videografia da banda, antes do início do concerto.




Os primeiros acordes soaram quase a repique para a audiência corresponder ao convite do grupo para uma fina degustação meticulosamente agendada. 
Em causa: melodia selvagem e a desafiar a moda que ali tão perto foi e poderá voltar a ser, maioritariamente bluesy jazzy, estando disposta a atravessar fronteiras e a reavivar a comodidade swinger do ragtime num país sem a grosseira quantidade de marcos historico-culturais do entretenimento que parece ser condição sine qua non para este género de material. Com três discos editados, o sexteto levou-nos, embora não na íntegra, no repositório de "Evergreens", disco mais recente após "Homemade Blues" e "Hats & Chairs", onde referências da canção e da cultura musical americanas, Hank Williams e "La Llorona", estão ao lado de "A Flor e o Espinho" e "Midnight Special" - é nestes territórios desconhecidos que a matriz musical da banda funciona de forma mais evidente.




"Palhaços", a canção em destaque da noite, destaca que dentro desta hora que passou de rajada estava uma banda que trata de forma digna a língua do país que o dito tema encerra, com muito Mundo para trás das costas e uma audiência cada vez mais satisfeita com aquilo com que se defrontava. Do desnível entre a elegância e a rudeza nas vozes, uma face sonora sóbria e não cristalizada surge à procura de construir, sem ter de recriar, o ambiente compassado para o melhor da franqueza em disco encenada ao vivo... e a mais que duas cores.

Com os The Soaked Lamb, o MusicBox foi neste Dia da Independência o posto de comando de uma música que se julgava perdida no tempo e em que tempo houve para uma reconciliação feliz enquanto, lá fora, o Mundo parecia desabar como em 1929. Parece haver espaço para se tocar de forma natural a música que se ouve: haja quem a queira guardar também para si.


André Gomes de Abreu

Fotografias por Ana Pereira
(galeria disponível em facebook.com/bandcom)





0 comentários:

Enviar um comentário

Twitter Facebook More

 
Powered by Blogger | Printable Coupons