terça-feira, 16 de julho de 2013

STEREOBOY - "OPO" (2013, PAD)




Enquanto os U-Clic não se dão a novos voos, Luís Salgado tem em "Opo" a sua estreia em formato longa-duração, agora com Sofia Arriscado como parte integrante de Stereoboy
Mas nem tudo são mudanças: muito do trabalho de reformulação dos U-Clic está aqui bem aproveitado (bem menos kraut, também) e, apesar do Porto estar à vista, é ainda na língua inglesa que se arrisca, talvez mais do que em muitos registos, o apelo às raízes pessoais, da criatividade e do respirar - se António Couto Viana fosse vivo, também não menosprezaria a vida que o fervor de Adolfo Luxúria Canibal e samples da humanidade da cidade dão ao poema que suporta "Loa ao Porto", faixa de abertura. Razão pela qual muitas loas a tantas outras cidades esconder-se-ão por aqui.





Os goles saltitantes dos teclados continuam a ser treinados para o estrelato pelo ruído de guitarras com a mesma idade para uma sonoridade que se adensa com o passar das faixas e não se rege por grandes restrições, muito por culpa da voz de Sofia que está sempre sóbria na definição e completa na execução. Sim, Cláudia Efe, os Micro Audio Waves e histórias de perfeição como essa.
Avançando no tempo para o shoegaze de "My Door Is Closed", para o minimalismo de "Empty Glass", com paragem numa "Broken Glass" quase à espera que a piquem como se fosse menos adolescente do que é e numa "VCI" num perfeito arco-íris de linha de montagem. É assim, com uma quanta dose de experimentalismo, que se vai enriquecendo um sentido pop permanente ao longo do disco, com um pé no próprio autor e com outro na cidade a que vai sendo devolvido em éter e sabão aquilo que se retira dos pequenos momentos que vamos espreitando. Pedaços de tempo onde privilégio é a luz que entra pela mente desassosegada de ver, conhecer e não olhar.
 




Muito embora não seja um disco perfeito e/ou épico, "Opo" traz-nos um dos melhores conjuntos de canções que conseguem escapar a uma tendência fácil para a monotonia, descontrolo e desfoque em estilo "círculo perfeito" do esforço criativo bem acinzentado deste duo. Para abrir em ocasiões especiais: é um disco PAD, nunca ninguém vos disse que iria ser tão simples.




André Gomes de Abreu




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