terça-feira, 30 de julho de 2013

ELECTRIC WILLOW - ENTREVISTA

Apesar de a sua aventura no meio da música durar há cerca de duas décadas, a faceta de Cláudio Mateus enquanto Electric Willow dura há menos de metade desse trajecto e já deu 4 discos e outras gravações que sublinham um olhar personalizado e dirigido à essência e crueza do indie-rock e da música de autor de diferentes épocas. Antes da sua actuação no FUSING Culture Experience, "na sua terra", fomos à procura de mais pistas sobre este projecto.




BandCom (BC): Comparando com outros projectos como os GNOSE ou os Caffeine, Electric Willow será um projecto mais directo e pessoal. Este é o caminho que imaginavas para ti enquanto músico após tantos anos?

Electric Willow (EW): EW é sem dúvida um projecto mais pessoal, porque apesar  da  valiosa participação dos músicos que têm colaborado comigo, sou eu que acabo por assumir o controlo de todo o processo criativo desde a composição e escrita das canções, passando pelos arranjos e produção dos discos. Ao longo do tempo tenho também perseguido a ideia de conseguir dizer o essencial com menos recursos, nesse sentido é também um projecto mais directo.

BC: Na ligação à Honeysound, participaste num disco em que reviste o trabalho de outro músico que também fazia parte desse disco. A Honeysound continua também a ser um ponto de orientação do trabalho de Electric Willow? Em que medida?

EW: A Honeysound tem sido desde sempre a nossa editora. É constituída por músicos e técnicos que são também verdadeiros amantes de música. Gente dedicada aos projectos de que realmente gosta. Se em seis anos de existência de EW, nos foi possível gravar quatro discos de originais e participar em colaborações com outros músicos, isso  deve-se sem dúvida ao apoio incondicional da Honeysound. A colaboração de vários músicos num projecto comum a que te referes foi mais uma das boas ideias da Honeysound  que nos permitiu a todos perceber que é também a partir da comunhão de experiências entre si que os músicos podem evoluir individualmente.

BC: As preferências musicais ficam à porta na hora de compor ou transformam-se em influências? Detectas alguma linha comum às composições na generalidade?

EW: Tive a sorte de descobrir os grandes clássicos do pop-rock anglo-saxónico muito cedo. Nomes como Neil Young, Dylan, Van Morrison, Leonard Cohen, Tom Waits ou bandas como Velvet Underground, Stooges e The Who são alguns dos nomes que me marcaram desde a adolescência. É natural que com o tempo todas as referências se vão cristalizando na forma que tens de te exprimir musicalmente e às tantas vais descobrindo uma forma cada vez mais personalizada de escrever e tocar canções.

BC: Conta-nos um pouco mais sobre as diferentes capas dos discos de Electric Willow.

EW: As capas têm sido em grande parte feitas a partir de trabalhos da minha mulher, Susana Filipe, que tem participado também nas vozes em todos os discos de EW. O artwork final tem sido da responsabilidade do Filipe Miranda (The Partisan Seed), grande músico e amigo e um dos mentores da Honeysound. Sendo eles duas pessoas muito próximas e que acompanham por dentro a minha música, acabam por chegar a um resultado final onde me revejo completamente.




BC: Ao longo da tua carreira, viste certamente muitos projectos a serem formados e a desfazerem-se.  És daqueles que sente nostalgia pelas bandas com que partilhaste palcos e trabalhos no passado ou nem por isso?

EW: Sabemos que no universo da música pop-rock tudo é volátil e fugaz. Acho que a melhor forma de estar na cena é trabalhares continuamente para tentares evoluir. É óbvio que abrir para bandas que respeito como Nick Cave and the Bad Seeds ou Sigur Rós foram momentos que me encheram de satisfação, mas não vejo vantagem nenhuma em
mistificar esses episódios. Terás de olhar para a frente e de te colocares continuamente
à prova se quiseres evoluir. Podes ser um tipo nostálgico, e eu até acho que sou, mas do ponto de vista criativo, se ficas demasiado preso ao passado estás feito.

BC: Na relação com o público, a que aspectos do vosso trabalho dão mais importância?

EW: Temos a impressão de quem nos vai conhecendo acaba por gostar da nossa música e começa a acompanhar o que vamos fazendo. Num tempo em que música é abundante em qualidade e quantidade é quase um feito conseguires captar pessoas que te ouçam. Sentimos  que devemos o máximo respeito ao nosso  público e como é  óbvio tentamos dar o nosso melhor  em cada concerto.

BC: Há cada vez mais espectáculos dedicados à música portuguesa. A música portuguesa está/tem razões para estar na moda?

EW: Falámos na qualidade e quantidade da música que se faz hoje em dia e é claro que também se aplica à música portuguesa. Ao olhar aos novos projectos que vão aparecendo,  e ao aumento do interesse na música portuguesa pelo público em geral, temos razões para acreditar que o que está acontecer é mais que uma moda.


BC: A Figueira da Foz é uma cidade inspiradora para um músico? Que noção tens da cena musical em volta?

EW: A Figueira tem uma forte presença da natureza. Tem o mar, a serra e é rodeada
pelos campos do Baixo Mondego. Tem pessoas também, muitas….. Nesse sentido  é uma cidade inspiradora. Há boas bandas aqui mas faltam espaços que criem um verdadeiro circuito de música ao vivo. Espero que o FUSING Culture Experience venha para ficar e que dê um contributo importante para a dinamização do meio musical nesta zona do país.




BC: Em que andas a trabalhar neste momento para Electric Willow?

EW: Há já um conjunto de novas canções que poderiam dar forma a um próximo disco, mas tenho pensar bem no caminho a tomar. Entretanto acho que há ainda muito a fazer para na promoção deste "Electric Willow IV" que estou  agora a apresentar com o Luís Pedro Silva que, para além de participar como músico neste último disco, foi também quem o gravou, misturou e masterizou.

BC: Por fim, quem é Electric Willow? Que ambições para este projecto?

EW: Criar a minha música é uma necessidade tão grande quanto a de consumir a dos outros. Agrada-me pensar no processo criativo como se fosse um jogo em que tentas continuamente surpreender a ti próprio…nesse sentido acaba por ser um exercício de autoconhecimento. Quero acima de tudo continuar a ter o privilégio de experimentar
este jogo e de partilhar o resultado com o maior número de pessoas possível.


André Gomes de Abreu




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