sexta-feira, 19 de julho de 2013

A BETA MOVEMENT - "BLOSSOM AGE" (2013, Ed. Autor)



Não, não é uma ilusão óptica: os A Beta Movement entraram mesmo numa nova era. Quem ouve o primeiro EP da banda de 2010 e este “Blossom Age” pode até pensar que são duas bandas diferentes; quem pesquisa um pouco mais dá-se logo conta de que a chegada de uma menina pode ter sido fulcral para a nova viragem dos artistas.




Será impossível dizer se essa escolha foi acertada e se a banda se dá realmente melhor neste estilo. O certo é que o resultado parece bem mais limado, fruto de um uso talvez mais inteligente e menos recorrente da electrónica.
“Blossom Age” oferece-nos, para além disso, 14 minutos de indie-rock com laivos de The XX e sugere-nos um diálogo incessante com os tons de faroeste que The Legendary Tiger Man sugou dos Estados Unidos da América. “Up To The City” é talvez o exemplo mais gritante e mais viciante: uma música que encaixaria perfeitamente numa publicidade com um uso bem atual de sonoridades passadas. 
“Colour Mixing System” tem, novamente, muito de The XX (talvez demasiado). Bem mais pop que a precedente, com tonalidades já ouvidas noutras bandas sem serem reinventadas, desprende-se uma cruel sensação de música demasiado comprida (quando só tem dois minutos e 52.) Apesar do começo no mesmo caminho, “Golden Era” engana o seu ouvinte, que à espera de uma continuidade encontra a melhor música dos ABM, graças ao “efeito surpresa” do seu refrão, à voz de Marcela Freitas e à emoção que dela se desapõe, sobretudo depois do primeiro minuto ter passado - 3:36 e o uso perfeito da electrónica. 





E tudo acaba com a bela “Florence” onde mais uma vez a voz de Marcela se destaca com outro início que não anuncia o que se segue. É talvez nessa reinvenção constante, nesta surpresa que nos infligem, que o colectivo demonstra ter tudo para singrar e alcançar outros patamares. Por detrás, chega ainda algum garage mesclado aos sons ouvidos na primeira música e um refrão fundamental.
Globalmente, “Blossom Age” assinala claramente a sincronia e o bom entendimento entre todos os elementos da banda a nível de instrumentos. Por vezes, pode bastar a chegada de um elemento feminino para pôr tudo em ordem. 


Mickaël C. de Oliveira




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