quarta-feira, 19 de junho de 2013

THE QUARTET OF WOAH! - "ULTRABOMB" (2012, Raging Planet)




Existem bandas que se destacam pela sua irreverência; outras revelam-se pela qualidade dos seus lançamentos, enquanto que existem algumas que se demarcam das restantes devido à capacidade do seu coletivo. Os The Quartet Of Woah! são uma das bandas que, embora com uma carreira ainda curta, reúnem todos estes atributos.
Formados em 2010, Gonçalo Kotowicz (vozes/guitarras), Rui Guerra (vozes/teclados), Miguel Costa (vozes/bateria) e André Gonçalves (vozes/baixo) constituem o grupo. Recentemente lançaram o primeiro álbum intitulado "Ultrabomb" através da Raging Planet Records, que a nível estilístico, enquadra-se entre o rock psicadélico setentista de The Jimi Hendrix Experience ou The Doors e o stoner rock de  bandas como Kyuss ou os ainda vivos Spiritual Beggars. Qualitativamente não ficam a dever em nada relativamente aos nomes mencionados, apesar de esta ser a edição de estreia do conjunto. 





É fácil apaixonarmo-nos pelo som produzido pelo colectivo neste registo. Guitarras sujas que se fazem sentir a todo o instante, os graves debitados pelo baixo distorcido, a bateria desenfreada em alguns dos temas sem nunca deixar ao acaso o ritmo que se espera do instrumento, teclados que criam solos e atmosferas dignas do melhor que já se ouviu no rock progressivo e a particularidade de todos os músicos terem a sua quota-parte vocalmente, contribuem para o resultado final de extrema qualidade presente no álbum.


O disco inicia-se com “Master Lever Had a Dream”, uma faixa bastante diversificada onde, em apenas 2:54, os The Quartet of Woah! mostram aquilo de que são capazes. Uma secção rítmica sólida, um solo de orgão e vozes que se complementam na perfeição. Segue-se a faixa que dá nome ao álbum revelando-se como o tema mais descontraído do mesmo: o som típico dos teclados Farfisa dá lugar ao piano e a voz assemelha-se à de Josh Homme dos Queens of The Stone Age. “Taste Of Hate” entra de seguida em cena com um ritmo cheio de groove impulsionado pelo baixo e bateria que surgem de mão dada e que funcionam como um alicerce sólido para os solos de Rui Guerra.
“The Announcer”, a quarta faixa, entra a matar com um ritmo forte e sincopado que já se faz notar com o teclado a auxiliar em pano de fundo. Especial destaque para a prestação de Miguel Costa que presenteia-nos com uma excelente lição de como tocar bateria. 


“How To Build a Bomb?” é mais do mesmo, ou seja, uma entrada pujante com riffs poderosos, bateria bem demarcada e uma cadência vigorosa até final. O tema seguinte, “Prodigal Son”, destaca-se das restantes por ser a mais atmosférica do álbum fazendo,  aqui  e  ali,  lembrar  a  fase  mais  soft  dos  Anathema  para  o  que  muito contribuem as vozes e coros bem conseguidos, bem como a bridge e os breaks colocados estrategicamente, dando uma dinâmica interessante à música. “Empty Stream” volta ao   vigor e energia anterior mas “The Path Of Our Commitment” revela-se como uma das mais diversificadas do LP, começando com apenas voz e teclas com um verso cantado a várias vozes de forma absolutamente deliciosa passando para uma fase mais pesada com uma excelente prestação de todos os músicos acabando a todo o vapor com um excelente solo de guitarra. O espírito rockeiro/psicadélico dos anos 70 no seu melhor.



Em “Ode To Liberty” voltamos a uma toada mais diversificada e atmosférica principalmente a nível vocal mas no geral é uma faixa bastante forte com especial relevo para a contribuição da guitarra. “Balance” e “Slingshot Sam” são as músicas que se seguem demonstrando uma vez mais a adrenalina e a exuberância do som da banda patente nas brilhantes contribuições dadas sobretudo pela guitarra e teclado. “The Machine Limps Towards The End” caminha a 100 à hora para o final do disco que culmina com “U Turn”, música que contém todos os elementos presentes no disco funcionando, assim, como uma excelente apresentação do trabalho. Não foi, certamente, por acaso que foi o tema escolhido para o primeiro videoclip: riffs acutilantes, refrões orelhudos e prestações instrumentais incólumes são o que pode esperar.


Os Quartet Of Woah! são, certamente, uma das melhores revelações no panorama rock nacional onde a música é construída tendo por base riffs possantes, linhas vocais dinâmicas e ambientes mais atmosféricos que se misturam para criar um álbum diversificado e dinâmico que vai beber ao legado setentista que muitas e boas bandas nos deixou. "Ultrabomb" é um excelente cartão de visita dos The Quartet of Woah! que nos deixa a salivar por mais deste quarteto de Lisboa.



Hugo Gonçalves




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