Os Balão Dirigível não são propriamente uma banda fácil de se gostar; o seu punk rock, apesar de não passar disso mesmo – punk rock -, cria em si uma série de obstáculos que nem todos irão conseguir ultrapassar. Primeiro há a vertente mais inóspita criada pelas vocais, claramente repescada da seiva de perfil mais hardcore de bandas norte-americanas dos anos noventa, como Drive Like Jehu. Depois, aliado a isso, existe toda uma precisão e rapidez no trabalho das guitarras, que de uma maneira mais ou menos nítida vinca as influências math rock que se ouvem em Meta. E fodei-vos a todos, mas malhas como Canção de um bosque, Água pelos joelhos ou Latir não se ouvem todos os dias.
Mas se do ponto vista
instrumental Meta é um registo que mescla diversas influências, da sua
vertente lírica já não podemos dizer o mesmo; as letras que recheiam as
composições dos Balões Dirigível são algo abstractas, descuidadas e, por vezes,
nem sequer parecem fazer sentido, e acaba por ser sobretudo aqui que Meta
perde qualidade. Não que precisemos de saber tudo quanto se berra, mas o punk
sempre nos acostumou a letras simples, fáceis de reter na ponta da língua e
entoar num dia mais turvo enquanto se dá o pontapé num caixote do lixo de raiva
para com a vida.
Em suma, Meta não é um mau sucessor do EP de estreia para os Balão Dirigível; é, na verdade, um registo mui promissor para a
banda que recentemente integrou o colectivo Coronado. É certo que lhes falta
alguma maturidade para que façam brotar registos mais sólidos, mas até hoje o
que é o que tempo não resolveu? Apontem nas vossas agendas: estes miúdos têm
tudo para ser gigantes.
Classificação final: 7.4/10
Emanuel Graça
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