segunda-feira, 6 de maio de 2013

Clutter – Emergence EP (2012, Ed. Autor)


Ao longo dos anos, o metal português tem vindo a demonstrar uma enorme competência e vigor através de lançamentos de qualidade nos seus vários subgéneros. Para este facto muito contribuíram bandas incontornáveis, como Moonspell, Ramp ou Tarantula, para citar apenas algumas, que desbravaram o caminho e derrubaram as barreiras da língua ou da localização geográfica, dando a este cantinho à beira-mar plantado a notoriedade que bem merece. Hoje em dia, com a facilidade de propagação de informação e divulgação, é bem mais fácil as bandas chegarem ao seu público-alvo e darem-se a conhecer mas o inverso também se verifica. Por um lado, a quantidade de bandas é maior, sendo mais difícil para qualquer uma delas destacar-se das demais e por outro, nem sempre o sucesso é o esperado, devido essencialmente à crescente exigência de quem ouve.



Os Clutter são uma das mais recentes adições ao panorama metaleiro português que, a avaliar pelo impacto inicial, prometem uma carreira auspiciosa. A banda é formada por Gonçalo Crespo, William Fonseca e Diogo Barbosa (guitarras), Nuno Sarnadas (bateria), Hélio Sanna (baixo) e Ricardo Duarte (voz). Juntos, debitam um som extremamente possante e cheio de groove, que a própria banda faz questão de enquadrar no metal progressivo/groove. Como influências, enumeram bandas como Periphery, Meshuggah, Tesseract entre outras, o que, por si só, deixa antever umas pitadas de metal industrial no som da banda. Esta afirmação é confirmada no EP de estreia, intitulado Emergence, lançado em 2012. 
O disco é uma clara demonstração de talento a todos os níveis, onde nada é deixado ao acaso. Desde a maravilhosa capa, à produção cristalina e à qualidade da música produzida, tudo exibe um enorme profissionalismo e qualidade, acrescido do facto de se tratar de uma edição de autor. Apresenta-se como um bloco sólido, que demonstra claramente o caminho que a banda quer trilhar e em apenas 6 músicas, temos a oportunidade de assistir a um verdadeiro “tornado musical”, que promete fustigar os tímpanos dos seus ouvintes. 
O disco arranca com “Of Faith and Illusion”, que conta uma introdução algo melódica, mas rapidamente dá lugar aos riffs incisivos e ferozes das guitarras. Uma boa prestação de Ricardo Duarte revelando a capacidade de vocalizações limpas e mais corrosivas, como é apanágio do estilo e que perdura durante todo o álbum. “Dream Wanderer” é mais do mesmo, com destaque para um refrão mais melódico e com um baixo e bateria a terem um papel mais proeminente. “Machinima” trilha o caminho das músicas anteriores, contando com um riff principal que não dá a mínima hipótese a quem sofre do pescoço. Acreditem, farão headbanging até não poderem mais ao som deste tema. 



Segue-se Scold”, a música escolhida para o primeiro videoclip da banda. Um tema mais melódico, contando com um refrão mais catchy, excelentes solos de guitarra e no geral, capaz de agradar aos ouvintes que gostam das variantes mais melodiosas do metal. “The Absent” é mais um exemplo da robustez apresentada ao longo de todo o trabalho. Realce aqui para o ambiente criado pelas teclas em certas partes do álbum, dando um toque mais sinistro a algumas passagens. O disco finaliza da melhor forma com “Indweller” que, para além de uma breve mas bem conseguida passagem vocal feminina, resume bem em 6:22 o que poderão ouvir neste disco.
Em jeito de conclusão, os Clutter têm neste seu arranque um excelente cartão-de-visita para o que a banda poderá fazer no futuro, já que estará para breve a edição do seu primeiro longa-duração, Obsidian. Sem dúvida estaremos atentos ao trabalho destes metaleiros, assim como vocês com certeza o farão, depois de ouvirem este Emergence EP.



 Hugo Gonçalves




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