domingo, 19 de maio de 2013

BLACK LEATHER - "HOMOMENSURA" (2013, Sonic Beat Records)





Os Black Leather voltam às edições com este "Homomensura" após o EP "S.T.R.A.I.G.H.T." lançado em 2011. O projeto liderado por Phil Sick foi criado em 2009 e levam-nos num regresso ao passado até à década de 80 em pleno auge do new wave e post-punk onde vão beber a bandas como The Cult, The Cure, Gene Loves Jezebel ou Southern Death Cult para citar apenas alguns.

O álbum começa com “Faschism”, uma música que vai direta ao assunto com um ritmo bem demarcado pelo baixo e bateria e pelas guitarras distorcidas. “Sweet Lies” inicia-se com a secção rítmica a marcar novamente o ritmo que se prolonga durante todo o tema intercalado com refrões cativantes e uma bela prestação vocal numa música que, pela sua melodia, inspira-se mais no new wave do que no punk acabando por ser uma das mais dançáveis de todo o álbum. 
“Cubic” volta à carga num sentido mais punk nunca deixando de nos seduzir com o seu refrão roçando o pop. “Meanless” parece ser tirado de um qualquer álbum dos Sisters of Mercy principalmente devido à linha vocal enquanto “Shoot Them” parece a reencarnação dos Joy Division da época de "Unknown Pleasures". 





Estamos perante o som característico da altura onde a abordagem mais direta do punk se mistura com um maior experimentalismo post-punk. “Judah” principia de forma semelhante a “Sweet Lies” em que o baixo e a bateria nos dão a mão e encarregam-se de nos guiar durante cerca de três minutos mais melódicos onde, por vezes, vem-me à cabeça a imagem de Robert Smith. “Hollow Eyes” reveste-se de um manto mais obscuro onde as guitarras distorcidas voltam a ditar as regras havendo, igualmente, algum espaço para algum experimentalismo. 
“Hell Tourist” irrompe sem qualquer tipo de rodeios. Com parcas palavras em português, a música revela-se como a mais agressiva de todo o álbum e fustiga-nos com o seu ritmo incessante. O disco culmina com “Ben”, o tema mais longo que ficaria bem na discografia de uma banda de stoner-rock. Pesado, hipnótico e incisivo, o tema vai-se arrastando e progride para acabar de forma mais relaxada quase ao jeito de um post-rock mais suave.

Para todos os amantes dos estilos que se popularizaram durante a década de 80 e que se inspiraram nos pioneiros do punk, este é um álbum a ouvir e voltar a ouvir. Numa altura em que as sonoridades mais populares do passado voltam a surgir aqui e ali, os Black Leather têm neste "Homomensura" um excelente exemplo que deixará certamente contentes aqueles que tiveram o prazer de escutar em primeira mão as bandas da altura e, quem sabe, abrir novas portas para as gerações mais novas para todo um espólio musical que tanto deu à música durante anos a fio.

Hugo Gonçalves




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