Os Black Leather voltam às edições com
este "Homomensura"
após o EP "S.T.R.A.I.G.H.T." lançado em 2011. O projeto liderado por Phil
Sick foi criado em 2009 e levam-nos num regresso ao passado até à década de 80
em pleno auge do new wave e post-punk onde vão beber a bandas como The
Cult, The Cure, Gene Loves Jezebel ou Southern
Death Cult para citar apenas alguns.
O álbum começa com “Faschism”, uma música que vai direta ao
assunto com um ritmo bem demarcado pelo baixo e bateria e pelas guitarras
distorcidas. “Sweet Lies” inicia-se
com a secção rítmica a marcar novamente o ritmo que se prolonga durante todo o
tema intercalado com refrões cativantes e uma bela prestação vocal numa música
que, pela sua melodia, inspira-se mais no new wave do que no punk acabando por
ser uma das mais dançáveis de todo o álbum.
“Cubic” volta à carga num sentido mais punk nunca deixando de nos
seduzir com o seu refrão roçando o pop. “Meanless”
parece ser tirado de um qualquer álbum dos Sisters of Mercy principalmente
devido à linha vocal enquanto “Shoot Them”
parece a reencarnação dos Joy Division da época de "Unknown
Pleasures".
Estamos perante o som característico da altura onde a
abordagem mais direta do punk se mistura com um maior experimentalismo post-punk.
“Judah” principia de forma semelhante
a “Sweet Lies” em que o baixo e a
bateria nos dão a mão e encarregam-se de nos guiar durante cerca de três
minutos mais melódicos onde, por vezes, vem-me à cabeça a imagem de Robert
Smith. “Hollow Eyes” reveste-se de um
manto mais obscuro onde as guitarras distorcidas voltam a ditar as regras
havendo, igualmente, algum espaço para algum experimentalismo.
“Hell Tourist” irrompe sem qualquer tipo
de rodeios. Com parcas palavras em português, a música revela-se como a mais
agressiva de todo o álbum e fustiga-nos com o seu ritmo incessante. O disco
culmina com “Ben”, o tema mais longo que
ficaria bem na discografia de uma banda de stoner-rock. Pesado, hipnótico e
incisivo, o tema vai-se arrastando e progride para acabar de forma mais
relaxada quase ao jeito de um post-rock mais suave.
Para todos os amantes dos estilos
que se popularizaram durante a década de 80 e que se inspiraram nos pioneiros
do punk, este é um álbum a ouvir e voltar a ouvir. Numa altura em que as sonoridades
mais populares do passado voltam a surgir aqui e ali, os Black Leather têm neste "Homomensura"
um excelente exemplo que deixará certamente contentes aqueles que
tiveram o prazer de escutar em primeira mão as bandas da altura e, quem sabe,
abrir novas portas para as gerações mais novas para todo um espólio musical que
tanto deu à música durante anos a fio.
Hugo Gonçalves
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