sábado, 6 de abril de 2013

VOODOO MARMALADE - ENTREVISTA

Katarzyna Pasternak


Os Voodoo Marmalade são um extenso conjunto de músicos que não se cansa de fazer barulho. A perspectiva de uma Primavera quente já com o Verão em vista trará novidades sobre a sua discografia, mas é ainda com a memória do mais recente single "Always Watching" que fomos conversar com a banda.



BandCom (BC): Qual a sensaçāo de abrir para bandas ou artistas como os Xutos & Pontapés ou Fafá de Belém?

Voodoo Marmalade (VM): É sempre um prazer. O mais curioso é que são todos diferentes.
Dos Xutos à Fafá, passando pelos The Gift e Buraka Som Sistema, todas as aberturas que
fizemos acabaram por ser desafios interessantes para nós, porque os próprios públicos
eram completamente diferentes. Mas adorámos!


BC: A criação da banda foi quase como quem sugere um "bora ali ao café".
Tinham noção de que iriam chegar tão longe?

VM: Os Voodoo começaram com um desafio lançado, na brincadeira, por um dos
elementos da banda. Por isso, e desde o início, sempre tivemos uma atitude "no
job too big, no challenge too small". Ou, como nós costumamos dizer, uma
atitude "attack, attack". Aliás, até foi isso que nos fez aceitar o primeiro convite
para um concerto sem sequer sabermos uma música completa. As nossas
desculpas por isso.

  
BC: O nome "Voodoo Marmalade" quase que é imposto por um elemento da
banda sem aparente conceito explicativo, no entanto, a vossa música, uma "marmelada" muito bem definida, cumpre o propósito do nome.
Isso foi trabalhado mais tarde 
ou surgiu também por acaso?

VM: Sinceramente, não te sei dizer o porquê do nome. Ainda não sei e nem sei se
quem deu o nome sabe responder. No entanto, posso dar-te a minha interpretação
pessoal: o nome "Voodoo Marmalade" pode ter surgido pelo simples facto de que
tanto o ukulele como a marmelada serem, sem conhecimento do público em geral,
produtos de origem portuguesa. Por outro lado, Voodoo também é um feitiço que
transforma qualquer um num zombie. Mas o que é certo é que estamos sempre prontos
para a marmelada.


BC: Vocês são uma banda com sete ukuleles presentes, um contra-baixo e
percussão. Se havia falta cá em Portugal de bandas com ukuleles, os Voodoo
preencheram a vaga. Foi com essa noção de preencher uma lacuna que
optaram por este instrumento ou têm uma relação especial com o mesmo,
pela sua familiaridade com o cavaquinho?

VM: Como te disse antes, quando começámos não havia quase ninguém a tocar ukulele em
Portugal. Tanto quanto sei, somente nós e amigos chegados. A intenção era, desde cedo,
dar visibilidade ao ukulele, uma vez que o cavaquinho já estava muito bem representado
por muitos e excelentes artistas. Era uma pontinha de orgulho nacional escondido: dar
valor a um instrumento que, apesar de muito popular no estrangeiro, por cá estava algo
esquecido.


BC: Quem são os Voodoo Marmalade e como se conheceram?

VM: Os Voodoo Marmalade são 9 neste momento. O trio inicial conheceu-se numa agência de publicidade onde trabalhava. Os outros foram aparecendo por "arrasto". Sem ser por ordem alfabética, de importância ou de inteligência, passo a enumerá-los:
nos 
ukuleles e voz temos o Duarte Forjaz, Gonçalo Santos, João Braz, João O'Neill, Tiago
Albuquerque, Luís Veríssimo e Rui Rodrigues; no baixo e ukulele, temos o André Galvão;
e, na percussão, o Miguel Roquette.


BC: Como se organizam com ensaios?

VM: O bom de tocar numa banda com ukuleles é que podemos ensaiar em todo lado, já que os instrumentos são portáteis. Até o próprio baixo é um ukulele baixo.
Por isso é que, 
sempre que temos a oportunidade de estarmos juntos, os ensaios acontecem. É praticamente impossível termos uma conversa, porque há sempre alguém que agarra no ukulele e começa a tocar. Depois, ficamos todos contagiados.


BC: É verdade que sítios como as Docas e espaços ao ar livre como à porta da "Zé
dos Bois" eram os vossos locais de ensaio/concertos?

VM: Eram e ainda são. Entre outros. Qualquer sítio, especialmente junto ao maravilhoso Tejo, nos inspira. São os nossos lugares de eleição para os ensaios, apesar de termos também a nossa própria sala. Em relação à Galeria Zé dos Bois, sempre foi um dos locais onde gostaríamos de tocar, mas nunca surgiu a oportunidade. Ou nos deixaram. Agora, e
graças aos fantásticos e numerosos fãs que temos, é um palco demasiado pequeno para o
nosso público.


BC: Desde cedo, formada a banda, criaram a vossa própria imagem. São todos que
mandam ideias para a mesa ou têm alguém que vos guia nessa linha?

VM: Existem muitos criativos na banda, mas todos, e conforme a disponibilidade, contribuem com ideias e opiniões.


BC: Começaram como banda de covers, fazendo uma mistura, uma "marmelada" de
várias delas numa só. Quando é que perceberam que estava na altura de compor
originais?

VM: No início, agarrávamos em músicas de outros artistas, desmanchávamos tudo e
adaptávamos ao nosso estilo. Daí a começarmos a compor os nossos temas originais,
tudo 
aconteceu de uma forma natural. Curiosamente, nos últimos concertos, torna-se difícil para o público distinguir o que é original do que é "cover", porque a maior parte
das músicas soam ao que sempre fizemos.


BC: Está para sair o vosso primeiro disco. O que se pode esperar dele e o que esperam vocês dele? E para quando?

VM: O nosso primeiro disco chega na Primavera, quando começa a ficar mais calor.
O que 
esperamos? Que vocês digam: "Fixe!"




BC: "Always Watching" é o vosso primeiro single de avanço e o vídeoclip foi
realizado 
por uma equipa de alunos da ETIC. Como foi essa experiência?
A aposta nos jovens 
foi uma "causa nobre" ou um conjunto de coincidências?

VM: Os alunos da ETIC já fizeram dois vídeos nossos: o "Always Watching" e o "Parara". Gostámos muito desta parceria e de sermos o primeiro trabalho profissional destes
alunos. Fica aqui o 
nosso agradecimento e a maior das sortes para toda a equipa da ETIC.


BC: Os Voodoo Marmalade são uma banda divertida, com um humor muito
característico. Tanto na música como nos vossos concertos e flyers, nota-se uma
grande "curtição" naquilo que fazem. Acham que é por isso que têm uma empatia
tão grande com o público?

VM: Completamente. Sempre que subimos a um palco, somos entrevistados ou
recebemos um 
aplauso somos invadidos por um sentimento de profundo agradecimento. Para nós, é de facto um privilégio poder saborear tudo o que estamos a viver. A empatia do publico é, sem dúvida, a maior recompensa que se pode ter no mundo artístico.
É para isso que ela existe: para 
inspirar, preencher e sentir.


BC: A vossa música percorre o clássico, country, rock, blues, soul, bebop, folk, ...
Enfim, uma infindade de gostos e géneros. Partilham todos os mesmos gostos?

VM: Nem por isso. Cada um tem as suas preferências, mas é da conjugação de todas
elas que 
surgem as mais variadas músicas, com diferentes géneros e estilos.


BC: Para além do instrumento que tocam, cada um de vocês também tem um
papel 
fundamental na composição e nos arranjos das músicas? Quais são?

VM: Todos nós temos voto na matéria e todos contribuem. Acho que é isso que dá o paladar à "marmelada". A regra é: quem se chegar à frente com o arranjo ou a composição, avança. A partir daí torna-se o responsável pelo projecto e a sua tarefa é "vender" a ideia aos outros, colocando-a a funcionar. Desta forma, as coisas acabam por seguir o seu caminho natural.


BC: Pergunta para "queijinho": sendo tantos, nunca discutem?

VM: Todos os dias e a toda a hora. Estou a brincar. Por acaso, e apesar de sermos muitos,
discutimos pouco. Acho que até nos esquecemos disso. Ou então temos preguiça. Discutir
não será a palavra certa. Todos se respeitam, todos têm uma profunda admiração pelo que
os outros fazem e todos sabem que sozinhos não conseguíamos fazer isto. Aliás, as "divas"
são expressamente proibidas na banda.




BC: Em relação ao disco: como o projectaram? Qual a sua intenção?

VM: Na realidade, não havia uma intenção específica no início. Começámos por uma música e, quando demos por nós, já tínhamos vinte. E o disco acabou por acontecer
de uma forma 
genuína. Na altura, quem sofria por amor escreveu sobre isso, quem
perdeu alguém próximo 
também o fez e, claro, quem queria festa não deixou de dar
a sua contribuição.


BC: É um disco 100% independente?

VM: Sim, mas com a ajuda de muitos amigos.
Sem eles, não haveria álbum nem Voodoo 
Marmalade.


BC: Ao gravarem, que tipo de registo/som procuravam?
Ou a ideia foi surgindo ao 
longo das gravações que iam ouvindo e fazendo?

VM: Muitas ideias foram surgindo ao longo do tempo, mas a ideia principal foi a de mostrarmos aquilo que somos e o que fazemos, tanto nos covers como nos originais.
O espírito Voodoo 
está lá do princípio ao fim.

  
BC: Ao vosso jeito, e porque vai ser como que uma obrigação, como
classificam o vosso disco em termos de género, para ser mais fácil aos ouvintes
encontrarem-no nas prateleiras?

VM: Não faço a mínima ideia. Aliás, já nos perguntaram isso várias vezes, mas nunca soubemos responder. Procurem na prateleira dos piratas!

  
BC: Vai estar à venda online? Onde?

VM: Sim. No iTunes. E para os amigos.

BC: 
Quais os próximos concertos e como podemos seguir os Voodoo Marmalade?

VM: O melhor é seguirem-nos pelo nosso Facebook. Ou pelo nosso novo site que estará operacional pouco antes do lançamento do CD.


Tomás Anahory




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