segunda-feira, 29 de abril de 2013

QUELLE DEAD GAZELLE + BALÃO DIRIGÍVEL @ MUSICBOX, 23/4/2013, REPORTAGEM

Depois de disponibilizarem para escuta o seu EP homónimo de estreia, os Quelle Dead Gazelle regressaram ao MusicBox para o apresentar e levaram consigo uma banda que também se estreou com um EP homónimo mas em 2011: os Balão Dirigível.






Foi a estes que coube abrir a noite, logo com "Fraquice", uma das faixas constantes do EP de debute. Já há algum tempo que estava para matar o fastio de não os ver ao vivo há algum tempo e ainda não perderam nada, nem mesmo a ânsia e o propósito de arrasar ao vivo mesmo que por vezes ouçamos muito baixo, muita bateria e muito poucas linhas de guitarra que são a pedra de toque em muitas das suas composições. Com um segundo EP prestes a sair, vimos a transmutação completa de "Latir", um dos temas que irá constar desse novo EP tal como a já conhecida "Antes de 21". Aliás, algo que partilham com os Quelle Dead Gazelle, para além da excelente capacidade dos músicos, são as equipas e o estúdio de gravação escolhido, que dentro das personalidades de cada banda, acaba por ser facilmente reconhecível e agrafado ao som de ambas. Sei que não vai acontecer, mas ainda gostava de ouvir em disco os Balão Dirigível mais colados à pele de tempos idos. Lá pelo meio, não faltaram "Alberto, o Imigrante do Amor", "Nanda" ou "Vicking" tratadas com tanta acutilância como quem olha para um pista de corrida e quer colocar-lhe a seu belo comprazer várias paragens e obstáculos: nesta, há matemática, drogas q.b., devaneios sensoriais e espaciais e notas espinhosas.

Com os Quelle Dead Gazelle, há um EP em que cada título de cada faixa é por si um ambiente muito concreto. É assim que começa o EP e começou o concerto: "Lion Meets Gazelle", uma espécie de buraco no tempo sem remendo. Os vencedores do Festival Termómetro 2013, Miguel Abelaira e Pedro Ferreira, fazem ecoar bem as linhas estratosféricas de guitarra e deixam que tudo, mas tudo, inclusivamente os ritmos mais palpitantes, seja incessantemente agressivo. "Fillow Pight", a primeira música que dizem ter escrito, não deixa outra ideologia possível. "Afrobrita" e "Yatsuribi" resgatam os Quelle Dead Gazelle da Natureza dos sons encadeados segundo uma qualquer ordem predefinida, "Madrasta" e "Spacio" demonstram como o post-rock reúne mais do que alguma vez pudemos pensar. "Lacrau", tema fresquinho, levá-los-à a caminho de um longa-duração que não estranharão. 

Daquela banda que se estreou num longínquo Offbeatz, nasceu um "filha da puta" de um concerto para esta noite de Abril, aquele mês onde vontades se fundiram há quase 40 anos, mas em que em 2013 ainda a saliva  se está a somar depois de tanta boca aberta que ficou. Felizmente, havia a harmonia ali tão perto em discos para levar para casa. Choveu brita no Musicbox.



André Gomes de Abreu

Fotografias por Ana Pereira  




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