Os Mr Miyagi não perdem tempo em nos
mostrar aquilo que fazem; a sua música é objectiva e imediata. Não existem
passeios por mundos alheios àquilo que compele a sua existência: os riffs das guitarras, que tanto chamam
pela vanguarda leal do rock de cariz pesado e setentista, anunciam isso mesmo,
e a verdade é que esta é a grande chama da banda de Viana do Castelo.
A intensidade inerente à experiência sónica que é escutar os Mr
Miyagi há muito era conhecida, mas em There’s No Destiny… Enjoy The
Ride foi aprumada e o som soa-nos mais maduro e coeso: passa-nos, e
muito, pela cabeça os tempos áureos do hard-rock
e criam-se hipotéticos episódios de pessoas a abanar a cabeça; num autêntico headbang. A sonoridade passa
irremediavelmente por isso mesmo, pelo convite que este disco representa; quem
o ouve só se quer abanar todo. Quer pular desde a fila de trás até à fila
dianteira em crowdsurfing. E esse
desejo que este disco nos consegue despertar é louvável, Mr Miyagi.
Porém, nem só de pontos positivos se faz este disco: existe
uma enorme homogeneidade por entre ele e isso nem os seus malhões mais
excitantes, como é a brilhante Maria
(riff de ouro para aqueles que gostam de passear a sua barba rija) ou Black Speed conseguem apagar – mas, por
outro lado, isso também é um trunfo certo para todos aqueles que gostam de
abanar a cabeça até sentirem dores de pescoço.
Em suma, There’s No Destiny… Enjoy The Ride revela-se
como um dos discos portugueses do ano que mais vontade nos dá de dedilhar
hipotéticas guitarras e acompanhar todos estes riffs deliciosos que por cá habitam – é certo que o resto também
está no sítio e no momento certo (há groove,
há uma linha de baixo sapiente e há voz a condizer de uma maneira algo
surpreendente – as vocais deste disco parecem apontar para um caminho que não é
totalmente aquele a vertente instrumental segue, mas isso acabar por funcionar
de uma maneira bastante positiva), mas este disco é sobretudo um disco onde o
dom da guitarra está carimbado. E a festa do rock está prometida.
Nota final: 7.5/10
Emanuel Graça
0 comentários:
Enviar um comentário