EP visionário, Turn
Them To Horses dos LEAF é uma
espécie de grito ao genuíno, ao som simples e puro desprovido de toda a cobertura
superficial. Visionário e ao mesmo tempo bem atual porque saiu em pleno "escândalo do cavalo". Escândalo que provocou uma tomada de consciência geral, e
que nos demonstrou que tudo aquilo que comíamos era, afinal, merda. Um
despertar que nos tirou do nosso estado estúpido perante aquilo que nos rodeia,
e que fez nascer nalguns a utopia do regresso às terras, semeando aqui e acolá
os frutos do amanhã, os mesmos dos nossos antepassados, do tempo em que
vagueávamos pelas searas de milho encharcados nos regos, com um sorriso no
rosto (o mesmo, de certeza, que manteram os LEAF ao escrever estas músicas.)
"Back
to basics" é, no fundo, talvez a expressão que
define melhor este EP, feito sem
pretensão, à antiga.
"Ricardo on drums, João on the guitar", os LEAF deixam-se ir pelos pensamentos momentâneos, sem nunca pensar no amanhã. Um som efusivo, esquivo, e conscientemente volátil, livre na sua abordagem, na sua violência, no seu punk-espelho dos nossos melhores momentos adolescentes. Daí os títulos fazerem sempre referência à escola ("Fit For School"), aos heróis ("We Are The Heroes"), à margem caraterística de quem se sente posto de lado ("Margin"), até chegarmos à lesão ("Early Blight Lesion On Potato Leaf"), essa marca que nos segue e persegue, expelida através do canto-grito que apazigua a dor interior.
"Ricardo on drums, João on the guitar", os LEAF deixam-se ir pelos pensamentos momentâneos, sem nunca pensar no amanhã. Um som efusivo, esquivo, e conscientemente volátil, livre na sua abordagem, na sua violência, no seu punk-espelho dos nossos melhores momentos adolescentes. Daí os títulos fazerem sempre referência à escola ("Fit For School"), aos heróis ("We Are The Heroes"), à margem caraterística de quem se sente posto de lado ("Margin"), até chegarmos à lesão ("Early Blight Lesion On Potato Leaf"), essa marca que nos segue e persegue, expelida através do canto-grito que apazigua a dor interior.
Um EP símbolo da correria do nosso tempo (as quatro músicas passam num rítmo frenético), em que o nosso estado, eternamente jovem perante os outros, apela à ingenuidade e à inconsciência do passado, aquela que julgamos ser a mais genuína. Um EP memória que nos deixa no entanto no seu título um aviso, um sinal de que não devemos permanecer neste estado de não-preocupação e termos sempre em nós o espírito de quem tenta deslindar o que se trama por detrás dos bastidores do mundo, por detrás de umas lasanhas que, afinal, continham cavalo.
Mickaël C. de Oliveira
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