quarta-feira, 3 de abril de 2013

LÁ FORA CÁ DENTRO #7 - SKY FERREIRA - GHOST EP (2012, Capitol Records)





Sky Ferreira, filha de um luso-brasileiro, é cantora, top-model e atriz. A artista multifacetada, que cresceu e conviveu com Michael Jackson e outras estrelas made in USA, tem hoje tudo ao seu alcance para se tornar numa das próximas estrelas da pop. Se o seu primeiro EP As If formava um conjunto mais homogéneo, a heterogeneidade do seu último EP Ghost é uma das primeiras coisas que sobressai. 

As If era aquele electro-pop no qual a artista se fundia, aquele fashion-pop-Instagram. Ghost é diferente, diverso, denso. Talvez demasiado denso para cinco músicas. Se hoje em dia se ouve muito falar em diferenciação, não nos podemos esquecer que há que também seguir uma certa linha diretriz. Ghost parece ser o EP da rutura: a jovem nascida em 1992 já não quer ser a marioneta da fashion-pop-Instagram, arrisca muito e demonstra uma maturidade arrepiante para a idade que tem, nos mais diversos estilos de música, do folk à country passando pelo post-grunge.
Goste-se ou não do trabalho dela, Sky Ferreira faz parte de um leque de artistas que poderão um dia perder-se por serem demasiado bons em muitas coisas e não serem únicos numa só. Mas deixemo-nos de paternalismos, convém agora passar para a análise destes 20 minutos.

Sad Dream é daqueles sons que quando os ouves ficas a pensar : "que estranho isto não ter funcionado em Portugal !". Uma mistura de Brandi Carlisle/Shania Twain, salpicado com rajadas frescas da voz ferreiresca. Como devem ter compreendido, Sad Dream não me convenceu. Mas dentro do estilo lamechas, até não é mau.
Lost In My Bedroom aponta claramente para os limites da Sky e do mundo da música. Se o primeiro EP não era nem mainstream nem muito hype, este som é a prova de que a artista ouve muito mas mesmo muito a Katy Perry. Uma pop com uns traços (leves) dos anos 80. Boa para as rádios.
Ghost é uma balada pop pura, sem grandes artifícios, convincente. Um pouco longa (mas isso é para não ser demasiado convencional e para ser como aqueles artistas que criticam o mainstream sem notarem que eles próprios já caíram nesse abismo). A repetição, a voz calma, sem auto-tunes e outras barbaridades que começam a irritar muita gente, a pureza.
Passamos para a explosão de energia em Red Lips, escrita sob a tutela da grande Shirley Manson. Post-grunge fashion feminista. Se o Kurt soubesse que isto pudesse vir a existir um dia… Claro, falta originalidade. Mas sabe bem ouvir de vez em quando algum grunge rejuvenescido.





Everything is Embarrassing acaba Ghost e abre as portas para outro estilo, mais hype, que poderá convencer os críticos mais ouvidos dentro desse estilo. Uma pop-wave, um retro sempre chique, apaziguador, quase com o mesmo efeito de um trecho de chillwave.
Cinco músicas, folk, country, post-grunge, pop, retro-wave… muita coisa para um EP.
Em breve sairá o seu primeiro álbum. E ninguém sabe qual é o caminho que a artista decidiu seguir. Uma coisa é certa, Sky Ferreira ainda tem muita coisa (boa ou má) para dar ao mundo.

Mickaël C. de Oliveira




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