Sky Ferreira, filha de um luso-brasileiro, é cantora, top-model e atriz. A artista multifacetada, que cresceu e conviveu com Michael Jackson e outras estrelas made in USA, tem hoje tudo ao seu alcance para se tornar numa das próximas estrelas da pop. Se o seu primeiro EP As If formava um conjunto mais homogéneo, a heterogeneidade do seu último EP Ghost é uma das primeiras coisas que sobressai.
As If era aquele electro-pop no qual a artista se fundia, aquele fashion-pop-Instagram. Ghost é diferente, diverso, denso. Talvez demasiado denso para cinco músicas. Se hoje em dia se ouve muito falar em diferenciação, não nos podemos esquecer que há que também seguir uma certa linha diretriz. Ghost parece ser o EP da rutura: a jovem nascida em 1992 já não quer ser a marioneta da fashion-pop-Instagram, arrisca muito e demonstra uma maturidade arrepiante para a idade que tem, nos mais diversos estilos de música, do folk à country passando pelo post-grunge.
Goste-se ou não do trabalho dela, Sky
Ferreira faz parte de um leque de artistas que poderão um dia perder-se por
serem demasiado bons em muitas coisas e não serem únicos numa só. Mas
deixemo-nos de paternalismos, convém agora passar para a análise destes 20
minutos.
Sad Dream é daqueles sons que quando os ouves
ficas a pensar : "que estranho isto não ter funcionado em
Portugal !". Uma mistura de Brandi Carlisle/Shania Twain, salpicado
com rajadas frescas da voz ferreiresca.
Como devem ter compreendido, Sad Dream não
me convenceu. Mas dentro do estilo lamechas, até não é mau.
Lost In My Bedroom aponta claramente para os limites
da Sky e do mundo da música. Se o primeiro EP não era nem mainstream
nem muito hype, este som é a prova de
que a artista ouve muito mas mesmo muito a Katy Perry. Uma pop com uns traços (leves) dos anos 80. Boa para as rádios.
Ghost
é uma balada pop
pura, sem grandes artifícios, convincente. Um pouco longa (mas isso é para não
ser demasiado convencional e para ser como aqueles artistas que criticam o mainstream sem notarem que eles próprios
já caíram nesse abismo). A repetição, a voz calma, sem auto-tunes e outras barbaridades que começam a irritar muita gente,
a pureza.
Passamos para a explosão de energia em Red Lips, escrita sob a tutela da grande
Shirley Manson. Post-grunge fashion
feminista. Se o Kurt soubesse que isto pudesse vir a existir um dia… Claro,
falta originalidade. Mas sabe bem ouvir de vez em quando algum grunge
rejuvenescido.
Everything
is Embarrassing acaba Ghost e abre as portas para outro estilo, mais hype, que poderá convencer os críticos mais ouvidos dentro desse
estilo. Uma pop-wave, um retro sempre chique, apaziguador, quase
com o mesmo efeito de um trecho de chillwave.
Cinco músicas, folk, country, post-grunge, pop, retro-wave… muita coisa para um EP.
Em breve sairá o seu primeiro álbum. E ninguém sabe qual é o caminho que a artista decidiu seguir. Uma coisa é certa, Sky Ferreira ainda tem muita coisa (boa ou má) para dar ao mundo.
Em breve sairá o seu primeiro álbum. E ninguém sabe qual é o caminho que a artista decidiu seguir. Uma coisa é certa, Sky Ferreira ainda tem muita coisa (boa ou má) para dar ao mundo.
Mickaël C. de Oliveira
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