segunda-feira, 15 de abril de 2013

CLUB OFFBEATZ #107 - REPORTAGEM

Após cento e sete edições de Offbeatz, esta organização ainda nos é capaz de apresentar bons artistas e proporcionar momentos agradáveis com boa música e conversa. Estranha-se o facto de a casa não ter enchido, pois a qualidade do evento é garantida.


A noite começou com dois videoclips: Revolver, de ALF, realizado por David Hinrichs e Bruno Broa, mostra em simultâneo o percurso de 4 rapazes (os elementos da banda), num registo sério mas criativo – talvez devido ao processo da sua criação. Segundo o que foi falado em palco após a exposição do vídeo, foi pedido a cada um dos quatro que idealizasse um guião, desconhecendo as ideias dos restantes, e filmou-se num só take. O resultado é o que se vê: um vídeo simples, sério, mas original. A música é lenta, cantada em português. Um rock a puxar para o post-rock, com uma forte componente instrumental.

 
Seguiram-se os Vulture, com o vídeo de Screaming at the deaf. Retrata uma geração idosa que vive enclausurada nas aldeias do interior do país, numa certa inércia e indiferença, apesar do que André Bispo lhes grita. A ideologia do vídeo tem o seu mérito, mas, a meu ver, não totalmente alcançada: as imagens já repetidas da banda rock dos anos 80/90 a tocar e os movimentos e desfoques às vezes erráticos da câmera desvirtuam o conceito que estão a tentar transmitir. Pormenores que poderiam fazer deste um melhor videoclip. A música tem uma sonoridade rock que parece por vezes aspirar ao metal, mas nunca o chega a fazer, apesar dos riffs bastante ritmados e fortes.


 Após um curtíssimo intervalo, os =Mocho= entraram em palco – os primeiros aplausos vão sem dúvida para Raquel Devesa, pela sua voz forte e grave, lembrando Helen Vogt, dos Flowing Tears, ou Sónia Tavares, dos The Gift. O segundo, e não menos forte, para a banda, pelo seu heavy rock de guitarras aceleradas e linhas de piano. O som leve das gravações digitais diferem muito do live performance desta banda – as músicas são mais pesadas, as guitarras mais distorcidas e o espectro sonoro muito mais preenchido. Daquelas bandas pelas quais vale a pena abdicar do CD em casa para ir vê-los num palco. O concerto terminou com o single É Raro – a música mais fraca da banda, a meu ver, por ser um rock mais clássico, algo adolescente. A letra da música deixa uma suspeita de crítica social e política, embora esta informação não tenha sido confirmada.


O último espectáculo da noite contou com Jibóia, um rapaz de bigode, sozinho em palco com uma guitarra eléctrica nos ombros e um teclado rodeado de caixas de efeitos sob as suas mãos. Na página de facebook, encontra-se um ponto de interrogação à frente do género músical. De facto, que nome se pode dar a uma junção de EBM com rock psicadélico? Percursão em 4/4, bem ao estilo da electrónica, misturada com loops de sintetizadores que se repetem à medida que novas linhas de guitarra eléctrica vão sendo adicionadas. A sonoridade oriental/árabe é talvez uma das características que destaca este projecto da música nacional. É certamente um daqueles nomes que puxa as fronteiras dos géneros musicais e incentiva à inovação e criatividade. Ana Miró entrou na terceira faixa para nos cantar num tom bastante agudo mas impressionante, com recurso a efeitos de delay e reverb que forneceram uma atmosfera obscura e mística ao som que Óscar produzia. E terminou assim, de maneira agradável, mais uma edição do Offbeatz.



Texto por Carreto,
Fotografias por Ana Pereira




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